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A notícia de que uma paróquia em Ponta Grossa, no Paraná, estaria oferecendo hóstia sem glúten aos fiéis celíacos gerou repercussão em meios católicos. Isso por que a novidade traz consigo um grave problema teológico. Segundo a doutrina católica, hóstias completamente desprovidas de trigo são inválidas para a transubstanciação, momento em que a hóstia torna-se corpo de Cristo. Fiéis que comungam dessa hóstia, portanto, não estariam realmente recebendo a eucaristia.

Ainda que sejam pouco conhecidas do público geral, hóstias sem glúten não são exatamente uma inovação. No Brasil e na Europa, há anos, algumas instituições têm produzido hóstias voltadas aos fiéis celíacos, feitas com farinha de trigo específica que tem menos de 10 partes por milhão de glúten, uma quantidade considerada saudável para os celíacos. Embora seja apelidada de “farinha sem glúten”, o trigo faz parte da receita, ainda que diminuto, o que não invalida as hóstias. Entre as instituições que oferecem essa hóstia sem glúten legítima, estão o Instituto Monsenhor Airosa, em Braga, Portugal, além de conventos em São Paulo e Londrina.

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No entanto, de acordo com a reportagem da RPC TV, as hóstias oferecidas na Igreja do Rosário, em Ponta Grossa, e produzidas pelas Irmãs Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua, são feitas com farinha de arroz, fécula de mandioca e fubá. Ou seja, o trigo é dispensado totalmente.

Vaticano

Uma instrução da Congregação para a Doutrina da Fé – o órgão do Vaticano responsável pela doutrina da Igreja – datada de 2003, deixa claro que “as hóstias completamente sem glúten são matéria inválida para a eucaristia”, enquanto que “são matéria válida as hóstias parcialmente desprovidas de glúten, de modo que nelas esteja presente uma quantidade de glúten suficiente para obter a panificação, sem acréscimo de substâncias estranhas e sem recorrer a procedimentos tais que desnaturem o pão”.

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Isso significa que, não sendo efetivamente pão de trigo – a matéria usada pelo próprio Jesus na última ceia -, as hóstias feitas com outros ingredientes não são apropriadas para a celebração da eucaristia e invalidariam o ato da consagração, isto é, a conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue de Jesus Cristo, como ensina a fé católica.

No dia 23 de fevereiro, o Sempre Família entrou em contato com a diocese de Ponta Grossa, para que se posicionasse a respeito do assunto. Até a data de publicação deste texto, contudo, a diocese não respondeu aos pedidos da reportagem.

Alternativa

Se a obtenção de hóstias sem glúten legítimas para a comunhão for difícil, o mesmo documento do Vaticano lembra que os celíacos podem comungar apenas da espécie do vinho. Costuma-se recomendar inclusive que eles tenham um cálice à parte daquele principal, para evitar a contaminação com o glúten, já que pouco antes do momento da comunhão o padre coloca no cálice um pequeno pedaço da hóstia.

Assista à reportagem da RPC TV sobre as hóstias sem glúten de Ponta Grossa.

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