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Foi depois de sofrer uma grande perda que a pequena Manuela Gurgacz Fernandes, de 5 aninhos, ganhou um companheiro inseparável. “No ano passado, a Manu perdeu o avô paterno. Eles eram muito grudados e ela sentiu demais. Era um luto que a gente não conseguia fazer ela superar”, contou a mãe da menina, Cristina Gurgacz de Almeida.

Manu passou, então, a ser acompanhada por uma psicóloga. E foi na escola que surgiu a ideia de que ela tivesse um animalzinho de estimação para cuidar. “A diretora e a coordenadora me falaram do quanto ela gostava de estar com os bichinhos e do quanto isso fazia bem para ela e a deixava”, revelou Cristina.

A casa, que já tinha três cachorros, ganhou Luke, um spitz alemão que é de responsabilidade da Manu. “Ela cuida, ela brinca, dá ração, leva para passear e dormem juntos. É um serzinho que depende exclusivamente dela”, disse a mãe. Desde que o cachorrinho chegou, a mudança na menina é evidente. “Foi o que realmente ajudou ela. Hoje ela fala do avô, lembra dele, fala que sente saudades, mas a relação com o mundo mudou bastante. Ela ficou muito mais comunicativa e até o convívio social melhorou”, afirma.

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A psicóloga Lara Danieli Teixeira explica o que há por traz dessa convivência aparentemente infantil. “Estudos mostram que crianças que convivem desde cedo com animais desenvolvem melhor a socialização, a rotina, a organização e a responsabilidade. Há pesquisas, inclusive, que descrevem uma melhora no sistema imunológico infantil, prevenindo assim, várias doenças”, assegurou.

Ainda, pelo que revela a especialista, com a chegada de um animal em casa, além da companhia e das brincadeiras, há também o surgimento de uma lealdade incondicional. “E esse é um ponto muito importante dessa troca. Como essa relação afetuosa gera amor, a criança passará a se relacionar melhor com os pares e com a família”, garantiu.

Lara lembra, no entanto, que cabe aos pais ensinarem os filhos a como conduzir essa convivência. “A criança não apresenta isso no seu repertório, a não ser que seja estabelecido pelos adultos. Alimentar, levar para fazer as necessidades (xixi e cocô), dar banho, passear, fazem parte da rotina quando se tem um bichinho de estimação e elas precisam aprender”.

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Outro fator importante, garante a psicóloga, é lembrar que o pet não é um brinquedo e nem uma afinidade temporária. “Os cachorros e gatos tem uma vida média de 13 a 18 anos. É preciso levar todos esses aspectos em consideração, pois podem impactar diretamente em como a criança se vê inserida na família. Essa sensação de pertencimento gera maior segurança no desenvolvimento emocional da criança”, orientou.

Lição educacional

O projeto que despertou na Manu o amor pelos animais existe há anos na escola onde ela estuda, em Curitiba. Esther Cristina Pereira, diretora da instituição,  tudo começou quando ela soube do poder que essa relação tem. “A ideia surgiu porque a gente percebe que na faixa etária até os 10 ou 11 anos, a criança tem necessidade de ter amiguinhos do coração. O projeto faz com que elas tenham mais comprometimento com horários e compromissos, além de despertar a empatia”, revelou.

Numa área verde imensa, a Escola Atuação abriga coelhos, chinchilas, cachorros e até animais maiores como avestruzes, vacas e cavalos. O manuseio e cuidado é feito por funcionários, mas conta com a ajuda dos alunos. “Eles têm horário de alimentar, de brincar, de ajudar a limpar as gaiolas. Então, além dessa paixão de poder pegar e estar com esse animalzinho no colo, eles também ajudam sendo responsáveis por eles”, explica Esther. A mudança é percebida, inclusive, no rendimento escolar que melhora.

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