Reprodução Facebook/Nicole Carr
Reprodução Facebook/Nicole Carr| Foto:

Depois de duas perdas gestacionais, um sangramento é um mensageiro de desesperança. Imagine então se a equipe médica confirmar que se trata de mais um aborto espontâneo. Foi o que aconteceu com Nicole Carr, moradora de Wyandotte, Michigan, nos Estados Unidos. Mas essa é uma daquelas histórias que contrariam todas as previsões. Não fosse a insistência de Nicole em receber um novo diagnóstico e, porque não, um milagre, hoje ela não estaria com o pequeno Emerson em seus braços.

Nicole e o marido tiveram uma perda gestacional em 2015 e outra em 2018. No mesmo ano, ela, então com 25 anos, se viu grávida novamente. “Lembro de segurar o teste nas minhas mãos, tremendo, e chorando lágrimas de alegria”, contou ela ao site Love What Matters. “Imediatamente agendei uma consulta para confirmar. O resultado deu positivo: eu estava grávida”.

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Ainda assim o médico pediu para que ela fizesse um exame para ver o nível de HCG. “Tirei sangue e voltei para casa. Dias depois, perguntei pelos resultados e me disseram que o HCG não estava no nível esperado. Minha gestação não era viável. Fui ao chão, chorando”, relatou. Mais tarde, no mesmo dia, Nicole começou a sangrar. Depois o sangramento se intensificou bastante e ela precisou voltar ao consultório.

Reprodução/ Facebook Nicole Carr Reprodução/ Facebook Nicole Carr

Lá, Nicole pediu um novo exame, mas o médico negou dizendo que não era possível fazer mais nada. “Fui para casa para viver o luto e deixar as coisas passarem. Estava ferida emocional e fisicamente. A dor começava a ser insuportável”, disse. “Liguei no dia seguinte e exigi o exame. Depois de uma discussão, concordaram. Quando recebi os resultados, soube que meu nível de progesterona estava de fato muito baixo e que não havia nada a fazer”.

Nicole foi orientada a ir direto para a sala de emergência se o sangramento piorasse. E foi o que aconteceu alguns dias depois. “Eu mal podia andar e o sangramento não diminuía”, relatou. Assim que chegou e fez um teste o resultado deu positivo. Mas, horas depois, no entanto, no ultrassom nada se via e lhe disseram que ela havia sofrido mais um aborto espontâneo. Um novo teste de gravidez então deu negativo.

Dias depois, diante de tanta confusão e incerteza, Nicole resolveu consultar outro obstetra. “Eu me recusei a voltar ao mesmo lugar, depois de tudo o que aconteceu”, contou. “Meu novo médico pediu um novo ultrassom para ter certeza de que o aborto havia sido completo. Ele fez com que eu me sentisse confiante e segura. Disse-me que descobriríamos por que as perdas do passado aconteceram e que iria me ajudar agora”.

A surpresa

“Quando entrei na sala de ultrassom com meu marido, me sentia muito vazia. Não queria nem olhar para a tela vazia confirmando que meu bebê se tinha ido. Meu marido segurou minha mão”, narrou Nicole. A técnica então moveu o aparelho, e nenhum som era ouvido. “Eu tentava focar em qualquer coisa que não fosse a tela vazia à minha frente”.

“De repente, ela se virou para nós e perguntou: ‘O que disseram a vocês no hospital?’ Contamos que disseram que o bebê se tinha ido”, disse. “Ela me olhou, olhou para meu marido e sorriu. Virou a tela para nós e apontou para uma luzinha, que parecia um pequeno vaga-lume, dizendo: ‘Bem aqui, essa luz piscando é o coração do seu bebê batendo’”.

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“Parecia um sonho. Eu não queria alimentar expectativas. Olhei para meu marido e ele estava boquiaberto, de olhos fixos na tela”, contou Nicole. “Saí da sala, ainda descrente. Sentia alegria, mas também muito medo. Eu me perguntava se não seria um erro, se o aparelho não estava funcionando mal”.

O médico confirmou: o bebê estava lá e parecia saudável. Seus batimentos estavam bons. Mas o profissional admitiu que não conseguia explicar o que estava acontecendo, já que o sangramento ainda não havia parado. Nicole foi orientada a voltar ao pronto-socorro se o fluxo aumentasse.

Mais sustos e um pequeno guerreiro

No dia seguinte, Nicole começou a eliminar coágulos de sangue. Isso durou alguns dias. Ao fim, ela eliminou um grande coágulo e o sangramento diminuiu. “Eu me senti vazia. Seca. Chorei, chorei e implorei a Deus por um milagre. Achei que aquilo era tudo, que o bebê tinha ido embora”, contou. Ela marcou uma nova consulta.

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E mais uma vez Nicole foi surpreendida pela força de seu bebê: ele ainda estava lá. “Esse bebê é um guerreiro”, disse a técnica de ultrassom. “Aquela luzinha, aquela doce luzinha, ainda estava ali”, lembrou a mãe. “Sangrei por mais oito a nove semanas. Não havia razão para pensar que tudo ia bem. Mas a cada consulta, um novo ultrassom se certificava de que o bebê estava saudável”.

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Em dado momento, o sangramento parou. O bebê se manteve estável. Perto de completar 37 semanas de gestação, Nicole começou a sentir um pouco de dor e foi diagnosticada com colestase intra-hepática da gravidez. Essa condição faz com que o funcionamento normal da bile seja afetado pelos hormônios relacionados à gravidez. Como pode ser perigoso para o bebê, as mulheres diagnosticadas com essa condição costumam ter o parto induzido antes das 40 semanas.

Emerson Joshua nasceu em 23 de março de 2019, saudável e feliz. “Ele é a nossa constante lembrança de que milagres inexplicáveis podem acontecer. Ele é o nosso mundo e ilumina a nossa vida. Ele é nosso erro de diagnóstico e o nosso bebê arco-íris”, disse Nicole. “Todas as coisas malucas que aconteceram parecem muito distantes. Por ele, eu teria passado por elas um milhão de vezes”.

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