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Os pais de Charlie Gard, o bebê britânico enfermo de dez meses cujo destino foi o objeto de uma batalha judicial, anunciaram que foi lhes dado mais tempo para estar com o filho antes de que os aparelhos que mantêm Charlie vivo sejam desligados. O aparelho de ventilação que o mantém respirando seria desligado nesta sexta-feira (30/06), depois que a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) referendou a decisão do Judiciário britânico a favor do hospital onde o bebê está internado, em um caso que ganhou repercussão no mundo todo.

“Conversamos com o hospital hoje e concordaram em nos dar um pouco mais tempo com Charlie”, informou a mãe do bebê, Connie Yates, ao Daily Mail. “Estamos realmente gratos por todo o apoio público recebido nesse momento extremamente difícil. Estamos gerando recordações preciosas que poderemos entesourar para sempre, com muito peso no coração. Por favor, respeitem a nossa privacidade enquanto nos preparamos para dar o último adeus ao nosso filho Charlie”, disse a mãe.

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Ontem, Yates, de 31 anos, e seu marido, Chris Gard, de 32 anos, publicaram um vídeo informando que os aparelhos seriam desligados na manhã de hoje. Eles disseram ainda que os médicos “sem coração” se recusaram a deixar o bebê ir para casa para morrer. “Prometemos todos os dias ao nosso garotinho que o levaríamos para casa”, disse Yates. “Queríamos dar-lhe um banho, pô-lo em um berço – onde ele nunca esteve – mas nos negaram isso”, disse o pai.

 

Entenda o caso

Charlie sofre de uma doença genética rara, a síndrome da depleção do DNA mitocondrial, uma condição genética sem cura conhecida que causa progressivo enfraquecimento muscular e dano cerebral. Contando com ele, conhecem-se apenas 16 casos dessa doença. Internado em outubro de 2016, o bebê sofreu em janeiro seguidas crises de encefalopatia epilética, que lhe trouxeram danos neurológicos irreversíveis.

Os pais, Chris Gard e Connie Yates, queriam levar o bebê para os Estados Unidos, onde um médico que trata uma doença similar estava oferecendo um tratamento experimental, que ainda não tinha sido testado em humanos para a doença de Charlie.

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Em fevereiro, o hospital Great Ormond Street, onde o bebê está internado, pediu à Justiça autorização para o desligamento da ventilação artificial e o fornecimento de cuidados paliativos a Charlie, contrariando a vontade dos pais de tentar o tratamento nos EUA.

O juiz que primeiro apreciou o caso, em abril deste ano, declarou que os precedentes britânicos o autorizavam a resolver a questão do ponto de vista da criança, sobrepondo-se inclusive ao poder de decisão dos pais. Foram ouvidos o médico norte-americano que ofereceu o tratamento experimental e outros nove especialistas de várias partes do mundo.

Além do caráter experimental do tratamento, o magistrado ponderou a dor que o bebê poderia sentir durante o processo e os danos neurológicos irreversíveis que Charlie já apresenta. Os pais entraram com um recurso, mas a corte de apelação o rejeitou, dizendo que a decisão final seria do Judiciário. Em junho, a Suprema Corte rejeitou o último recurso dos pais de Charlie, o que os levou a apelar para a CEDH, cuja sede é em Estrasburgo, na França, que manteve a decisão do tribunal.

 

Repercussão

O caso ganhou repercussão mundial e foi especialmente criticado por organizações pró-vida devido à ingerência do Judiciário no direito dos pais sobre o bebê. Gard e Yates chegaram a arrecadar 1,4 milhão de libras – o equivalente a mais de 6 milhões de reais – para custear o tratamento de Charlie. Em abril, mais de 110 mil pessoas assinaram uma petição dirigida à primeira-ministra Theresa May, para que ela intercedesse pela liberação do bebê.

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Na Itália, o caso ganhou uma cobertura massiva. Na noite de ontem, ocorreram vigílias em homenagem ao bebê em várias cidades do país. O ex-primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que não consegue “tirar da cabeça” o “pequeno Charlie”. “Fazemos protestos onde quer que seja por qualquer filhotinho, e está certo. Mas um pequeno filhotinho de humanos não valeria uma atenção diferente da parte das autoridades europeias?”, disse Renzi.

Na Inglaterra, iniciou-se um movimento de pessoas que prometem deixar de oferecer doações ao hospital onde está Charlie. Uma petição do site CitizenGo, exigindo que o hospital permita que os pais levem o bebê aos EUA para o tratamento experimental, alcançou mais de 73 mil assinaturas desde ontem.

Os pais do bebê cogitam, com o dinheiro arrecadado, abrir uma fundação com o nome do bebê e ajudar outras crianças que precisam de tratamentos especiais. “Se Charlie não teve a sua chance, vamos garantir que outros bebês e crianças inocentes sejam salvos”, disse a mãe de Charlie.

 

Com informações de Daily Mail e Avvenire.

 

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