A maternidade traz consigo muitas mudanças e disso nós sabemos. Inclusive, o impacto de algumas dessas alterações já foram temas de outras matérias aqui do Sempre Família. E, além das alterações psicológicas e familiares, a gestação pode impactar também em transições de carreira, causando uma reviravolta na vida da mãe que acabou de trazer à luz uma criança.
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Isso aconteceu, por exemplo, com a paulista Viviane Klimeika que, após se tornar mãe e mudar-se para Curitiba, deparou-se com a dificuldade de encontrar roupas divertidas e confortáveis para seu filho. Foi aí que, há quatro anos, ela idealizou a Ninadora, uma curadoria de roupas infantis novas e seminovas que valoriza o consumo consciente.
Insatisfeita com o mundo corporativo, mas desejando continuar na sua própria área de atuação – a moda, Viviane mergulhou no mercado materno-infantil para descobrir se a necessidade de roupas divertidas e de uso consciente eram exclusivamente suas ou uma oportunidade de negócio. “Nessas pesquisas, conversando com outras mães, de não ser um brechó simplesmente, mas de ser uma curadoria de peças legais, peças que tivessem um estilo bacana e que também tivessem em bom estado.”
A ideia fez tanto sucesso que outras mães procuraram Viviane para replicar o modelo. “Como eu não havia validado os resultados ainda, comecei a oferecer mentoria para ajudar mulheres de outras cidades para criarem negócios parecidos em suas cidades”, conta ela que, em 2021, passou a oferecer franquias para as interessadas.
Uma dessas mães foi Tainara Martins Beltrame Zago, mãe do Benício. Ela decidiu empreender no mundo infantil porque sentiu-se confortável em ingressar no ramo do comércio por meio da franquia que lhe trazia segurança por um negócio já validado, encurtando diversas etapas da abertura de uma loja.
De hobby para negócio de família
Assim como Viviane, Tassia Spolador também ingressou no mundo empresarial a partir de uma ideia para aumentar o tempo de qualidade com suas filhas de 8 e 15 anos.
A loja, segundo ela, iniciou sem ter o objetivo de se tornar uma empresa, já que ao buscar tempo de qualidade com suas filhas, Viviane começou a promover brincadeiras com miçangas, fazendo phone strap (cordinhas para segurar o celular), pulseiras e colares.
E com isso, de repente, se viram vendendo produtos para os amigos, vizinhos e familiares. “A primeira vez que vendemos foi na praia, passando em cada guarda sol oferecendo os produtos”, conta Tassia orgulhosa da filha que venceu a timidez para conversar com as pessoas.
“O hobby acabou se tornando uma outra fonte de renda e mais um motivo de união da família - o pai e o irmão menores acabam se envolvendo também”, acrescenta ela, fundadora do Projeto Criativamente.
Conciliar maternidade com a vida profissional
Todos nós sabemos como o mundo corporativo é exigente e extenuante. Com as mães isso não é diferente. “Eu me sentia em dívida com as crianças, porque sempre dediquei muito tempo à empresa e ao chegar no fim do dia já não tinha energia para brincar com elas”, desabafa Tassia.
Por isso, ao começar a brincar com as filhas, ela escolheu deixar de assistir televisão, ficar no sofá ou até mesmo no celular para destinar um momento exclusivo para as crianças. E além de impactar de forma muito positiva na sua maternidade, ela acredita que houve benefícios significativos para toda família. “Estamos conseguindo ter momentos de interação muito maiores do que a gente tinha antes de ter o projeto”.
Por isso, ela busca que o projeto se mantenha sem se tornar exaustivo, como uma obrigação para as crianças. “Eu não quero que isso seja pesado para os meus filhos. Eu quero que isso seja leve tanto para mim quanto pra eles, porque foi com esse objetivo que o projeto nasceu”.
Diferentemente de Tassia, foi a maternidade de Viviane que impactou na empresa Ninadora e não o contrário. Isso porque foi ao se tornar mãe que teve despertada a vontade de ingressar no mercado materno infantil. “E com certeza impacta até hoje com a criação de uma rede de mães que troca experiencias e dicas dentro desse universo”.
“Não é fácil, porque além da empresa, temos a maternidade e todo o resto da nossa vida. Mas é recompensador, por conseguir estar bem mais presente na vida do meu filho”, acrescenta Tainara.
Consumo consciente
E além da maternidade, elas relatam que as empresas também impactaram nos hábitos de vida da família, principalmente em relação a sustentabilidade e o consumo consciente. Um dos cinco pilares da Ninadora, o consumo consciente abrange conhecer a procedência do produto, a mão de obra e a qualidade do material utilizado, em uma cadeia sustentável, onde todos os envolvidos estejam recebendo por aquilo que estão produzindo, de uma forma honesta e justa.
Além disso, a entrega de mala das roupas na residência da família proporciona uma nova experiencia de compras, favorecendo a aquisição de modo muito mais consciente, já que evita o impulso, muitas vezes presente nas lojas. “As peças seminovas contribuem para gerar menos impacto para o ambiente, já que está pronta e já foi produzida, usada por pouco tempo e que pode ser ressignificada em outra família”, explica Viviane, ao contar que as peças usadas inclusive quando não preenchem os requisitos para venda, são doadas em orfanatos.
“Você consumir uma roupa de qualidade, poder passar ela adiante para viver novas histórias em outra família, não deixa essa peça morrer, sabe? Impede de virar apenas mais um lixo no meio ambiente. Eu acho tudo isso incrível”, comemora Tainara.
Mais do que o consumo consciente, escolhas que mudam o mundo
Além da sustentabilidade, as mães empreendedoras buscam educar seus filhos por meio do exemplo, ensinando-os a transformar o mundo em um local melhor para se viver. “Desde a troca do canudo descartável por um de inox ou de bambu, fazer compostagem em casa, até cuidar das peças de roupas para que durem mais e trocá-las quando não desejarem mais usar contribui para a formação dos valores da criança” acredita Viviane.
Tainara, além de ser franqueada da Ninadora, já promoveu, em Toledo, no Paraná, um dia para as crianças brincarem com suas famílias e reunir várias empreendedoras para incentivar o consumo local, chamado de “vai ter praça”. “A ideia principal é que os pais levem seus filhos para brincar na praça, incentivando as famílias resgatarem a infância”, explica.
E nesse sentido, Tassia acredita que, através da brincadeira, também é possível trazer para as crianças o senso de responsabilidade, de organização, de compromisso com o próximo. “Eu consigo mostrar para eles que a gente não pode olhar só pra nós e para dentro de casa. Temos uma missão social dentro do mundo, a vida é muito maior do que nosso próprio umbigo”, finaliza ela.