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A pílula anticoncepcional representou para as últimas gerações o símbolo da libertação da mulher. No entanto, os métodos naturais de regulação da fertilidade ganham cada vez mais força, entendidos como forma de assumir a corresponsabilidade dos homens na relação sexual e de passar longe dos efeitos adversos da contracepção hormonal. Aplicativos que ajudam a monitorar o ciclo menstrual têm se popularizado como “métodos contraceptivos” e grandes veículos de comunicação, como The Guardian, El País e BBC, publicaram recentemente reportagens sobre o assunto.

Surpreende até que uma universidade norte-americana tida como progressista, como o Colorado College, tenha sediado um concorrido curso de métodos baseados no conhecimento da fertilidade. Isso era impensável há algumas décadas, quando muitos viam esses métodos com desconfiança, por medo de que não fossem tão seguros quanto a pílula ou por exigirem a abstinência em alguns dias.

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Anna Keating, a organizadora do evento, não esperava tamanho interesse pelos métodos naturais em um público que passa longe de ser conservador ou religioso. “Uma acadêmica especializada em estudos da mulher de Yale me perguntou: ‘Como é que ninguém nunca me ensinou sobre como funciona meu ciclo?’ Respondi: ‘É uma boa pergunta’”, conta Keating ao site Crux.

“Métodos de conhecimento da fertilidade são gratuitos, ecológicos e eficazes, mas os médicos não os ensinam”, explica ela. “A contracepção hormonal, por sua vez, é um negócio que movimenta 22 bilhões de dólares por anos nos Estados Unidos”.

Para ela, o crescimento dos métodos naturais é o reflexo de uma nova geração mais consciente, que quer ter uma postura responsável e não tem medo de questionar o mercado farmacêutico e seu impacto na saúde, no meio ambiente e nos relacionamentos.

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“Desreguladores endócrinos encontrados na pílula poluem a água e esterilizam populações de peixes, tornando-os intersexuais. Impactam também os rapazes: 90% dos espermatozoides de homens jovens são malformados porque não é possível filtrar o estrogênio sintético presente na água”, alerta Keating.

Ela conta que começou a tomar a pílula quando casou, aos 23 anos. A consulta durante a qual o médico lhe deu a receita durou menos de um minuto, segundo ela, que encontrou o mesmo pouco caso quando se queixou aos médicos dos efeitos colaterais do medicamento – principalmente enxaquecas constantes. Aos 26 anos, quando quis engravidar, Keating abandonou a pílula. Ao mesmo tempo, os efeitos colaterais sumiram: desapareceu a enxaqueca e a jovem recuperou a motivação e a vitalidade de antes. Desde então, seu interesse pelos métodos naturais só cresceu.

Uma pauta feminista?

“Se você é fascinada por saúde da mulher e lida com isso, você será categorizada como uma feminista progressista. Sem problemas, mas não acho que se importar com a saúde das mulheres seja uma simples questão de esquerda ou direita”, diz Keating. “Acho que a posição mais pró-mulher é ensinar às jovens como seus corpos funcionam. Elas merecem saber isso”.

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“É ser pró-mulher receitar às adolescentes uma contracepção hormonal que aumenta em 50% a chance de desenvolver câncer de mama e em 80% a depressão e a ansiedade?”, pergunta ela. “Por que deveríamos aceitar o corpo masculino sem útero como normativo? Por que deveríamos nos tornar menos biologicamente mulheres – sem ter um ciclo menstrual, sem engravidar, etc. – para que possamos sonhar? Por que deveríamos tomar um remédio que reduz nosso desejo?”

É a essas preocupações que Keating credita o interesse pelos métodos naturais mesmo entre pessoas não religiosas. “Quando digo a estudantes que são céticas em relação à religião que o seu corpo é sagrado e bom e que foi feito para o amor e a conexão, elas são receptivas”, conta. “Às vezes a Igreja ensina coisas que inicialmente penso que são loucas, mas que depois se revelam proféticas”.

 

Com informações de Crux.

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