Na neofobia alimentar a criança come o que ela está mais acostumada e a qualquer novidade, ela bloqueia.
Na neofobia alimentar a criança come o que ela está mais acostumada e a qualquer novidade, ela bloqueia.| Foto: Bigstock

É totalmente natural que durante a fase de introdução alimentar a criança apresente certa resistência em provar novos sabores. Ainda mais quando são aquelas opções “não tão atrativas”, como as verduras e os legumes (quem é que nunca torceu o nariz para um rabanete?). Mas, existe algo mais grave que você precisa conhecer até para saber como lidar.

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“Na Nutrição, a gente usa um termo chamado neofobia, que é o medo do novo. Ou seja, a criança come o que ela está mais acostumada e a qualquer novidade, ela bloqueia”, aponta a nutripediatra Angela Federau. Esse bloqueio, pelo que explica, pode vir de uma cara feia e expressão de nojo à ânsia de vômito e crises de aversão – a ponto de a criança não suportar nem olhar para o alimento e querer sair correndo da mesa. “Não é o padrão, mas pode acontecer. Se assemelha ao medo de altura”, compara.

Nesses casos, depois do diagnóstico, é iniciado um tratamento nutricional que pode contar, também, com a ajuda de um psicólogo. “São quadros raros. É mais comum as crianças não gostarem de uma coisa ou outra e os pais conseguirem educá-las para aprender a conviver com aquilo”, tranquiliza Angela.

Sem crise

Antes de sair por aí preocupado, achando que seu filho tem neofobia, lembre que assim como você não gosta de algum alimento, ele também tem todo o direito de não gostar. É normal. Agora, o ponto de atenção tem que ser se isso é algo isolado (não gosta de espinafre, não gosta de pimentão, não suporta banana) ou se é algo corriqueiro (só come arroz e batata palha).

“Na maioria das vezes, existe uma causa [para o nojinho de certos alimentos]. Comeu uma salada e tinha um bichinho, mordeu uma fruta que estava com gosto ruim, ou passou mal depois de comer muito da mesma coisa. Outras vezes, pode ser uma defesa do próprio organismo, algo intrínseco que a própria criança está desenvolvendo”, acrescenta Angela Federau.

Para tirar a prova, ela recomenda a velha tática de oferecer o mesmo item, mas de formas diferentes e ouvir a criança. “O ideal é não esconder que aquele alimento está presente na refeição, mas trazer a criança para o contexto. Se o problema é com o brócolis, perguntar o que tem nele que ela não gosta: se é a cor, a textura, o sabor”, afirma.

A nutricionista ainda sugere que o ingrediente pode ser apresentado em forma de torta, de panqueca, de sopa ou mesmo batido no suco. “Não quer dizer que a criança vá amar, mas pode ajudar a quebrar o bloqueio”, avisa Angela.

Causas reais

Além de ser uma questão externa e comportamental, a aversão a certos tipos de alimentos também pode ser uma resposta emocional, como garante a psicóloga Daphne Normann Melamed, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. “Há casos, inclusive, em que isso pode indicar um conflito interno que está se manifestando”, diz.

Segundo ela, é bom os pais começarem a perceber se isso aparece muito, se está piorando, e não descartarem a possibilidade de procurar ajuda profissional (pediatra, nutricionista, psicólogo ou terapeuta), caso a resistência a novos alimentos esteja comprometendo a saúde da criança. “Esperar demais também não é bom, porque a situação pode ficar mais complexa”, alerta.

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