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Stephen Bright*, The Conversation

Para muitos pais, a expectativa da formatura dos filhos, no fim do Ensino Médio, significa um misto de emoções. Os pais podem se sentir exaustos, mas com certeza estarão orgulhosos pela conclusão dessa fase. E, como os jovens estão animados para as festas e viagens de formatura, muitos pais podem também ficar bastante nervosos.

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É que parte do apelo dessas celebrações é justamente a possibilidade que dão ao adolescente de exercer a sua independência e experimentar a sua identidade como alguém que está à beira de iniciar a idade adulta. Essa é uma parte normal do crescimento. Mas, para alguns pais, pode gerar ansiedade. E esse sentimento pode se manifestar em comportamentos superprotetores – gerando o que chamamos de “pais helicóptero”, aqueles que estão de olho em absolutamente tudo e intervêm imediatamente diante da mínima dificuldade pela qual o filho passe.

Embarcando em um voo e evitando um acidente aéreo

Essa ansiedade dos pais afeta os filhos – eles também tendem, por sua vez, à ansiedade. Nessa idade, é muito difícil para eles tomar decisões e gerenciar o seu tempo. Eles também podem evitar contar aos pais coisas que possam alarmá-los.

Uma boa comunicação é a chave para reduzir essa ansiedade parental e a potencial superproteção. Mais ainda: a boa comunicação oportuniza conversas sobre situações de alto risco. Nesse contexto, os jovens sentem que podem contatar os seus pais se se meterem em apuros – eles não vão fazer isso se os pais surtarem assim que ouvirem sobre a situação.

Então, como os pais podem evitar o descontrole e manter abertos os canais de comunicação com os filhos? Encare essa etapa na vida de vocês como embarcar em um voo:

1. Ao embarcar, cuidado com o vão – no caso, o geracional

Os jovens costumam ser os bodes expiatórios da geração anterior. Então, não superestime o que você ouve dizer sobre os perigos das comemorações de formatura. Em alguns países, como na Austrália, chegou-se ao ponto de haver boatos sobre o uso de gás hilariante – o óxido nitroso – nessas festas, o que se mostrou completamente infundado.

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Os pais podem até revirar os olhos diante de relatos de jovens que já passaram pelo momento. No entanto, desde a perspectiva dos adolescentes, esses comportamentos são como um rito de passagem. Muitas dessas atitudes – como desenvolver normas de grupo, participar de pegadinhas e testar os próprios limites – têm a ver com a descoberta da própria identidade. A maioria desses comportamentos são relativamente inofensivos.

Quando os pais demonstram estar bem informados sobre como a geração dos seus filhos costuma agir nesses momentos, os jovens tendem a lhes dar mais ouvidos. Se, pelo contrário, ao conversar com os filhos, os pais mencionam comportamentos exagerados que na verdade sequer ocorrem, a sua credibilidade diminui.

2. O colete salva-vidas está sob o seu assento

Isso não significa que não há comportamentos de risco nessas festas. O uso de drogas ilegais pode acontecer, mas muito menos jovens se envolvem com isso do que os pais geralmente pensam. O uso de álcool pode ser mais preocupante, bem como o envolvimento em comportamento sexual de risco.

De novo, a chave é conversar abertamente sobre isso, sem demonizar esses comportamentos, mas procurando fazer com que as preocupações que os filhos realmente têm sobre isso – e eles têm –convirjam com as suas. Isso fará com que eles vejam os seus conselhos como relevantes e a conversa tenha realmente um impacto sobre as suas ações.

3. Localize as saídas de emergência

Os jovens são céticos a respeito de informações sobre comportamentos de risco que eles consideram exageradas. Quando apresentamos essas informações de maneira mais equilibrada, elas são percebidas por eles como mais dignas de credibilidade.

“Uma proibição pura e simples, sem explicação, não surte efeito se o jovem vê você tomando uma bebida de vez em quando, por exemplo”

Por exemplo, ao falar sobre o álcool, os adolescentes vão entender os conselhos que você dá como mais crível se você for sincero sobre os efeitos positivos, neutros e negativos da substância. Uma proibição pura e simples, sem explicação, não surte efeito se o jovem vê você tomando uma bebida de vez em quando, por exemplo. Embora não sejam mais crianças eles continuam aprendendo muito observando seus passos.

4. Confira o cartão com as instruções em caso de impacto

A maioria dos jovens gosta de se arriscar. Testar os limites é uma parte normal do crescimento. Você se lembra da sua juventude? Se você se abrir com seu filho, de maneira apropriada, a respeito de como lidou com comportamentos arriscados na juventude, isso criará um ambiente de confiança. Quando alguém se abre sobre algo pessoal, sentimo-nos à vontade para igualmente compartilhar algo pessoal.

Isso inclui não aparentar que você sabe algo que não sabe. Isso seria inautêntico. Você ganha credibilidade ao reconhecer que não sabe algo e se mostrar aberto a trabalhar com seu filho para encontrarem soluções juntos.

5. Afivele os cintos

Se você é autêntico e está aberto a dialogar de forma equilibrada, seus filhos serão mais propensos a se abrir sobre comportamentos que tiveram ou que pretendem ter que possam preocupar você. Lembre-se de ficar calmo. Converse sobre as potenciais consequências, boas e ruins, de maneira concreta e prática. Reagir negativamente equivale a pôr um ponto final na comunicação entre vocês.

6. Máscaras de oxigênio cairão automaticamente

Alguns pais podem ficar preocupados com a pressão dos colegas dos filhos. Você pode confiar no seu filho, mas pode confiar nos amigos dele? A tendência de um jovem se render à pressão dos pares é muito menor se ele tem um bom relacionamento com seus pais. Nesse contexto, existe a oportunidade de discutir “saídas de emergência” criativas de situações de risco.

A crença popular de que os jovens valorizam mais os pontos de vista dos amigos do que o dos pais não corresponde à verdade. Os jovens são, sim, mais propensos a ser influenciados pelos pares em questões como estilo e aparência, mas os pais ainda são mais influentes em questões que envolvem moralidade.

Prontos para a decolagem

Experimentar e exercer a autonomia dá aos jovens oportunidades excelentes de aprendizado e desenvolvimento pessoal. Algumas dessas experiências podem ser custosas, mas, apesar disso, o risco de danos pode ser minimizado através de uma boa comunicação. No fim, os pais precisam confiar na educação que deram aos filhos, nos valores que lhes ensinaram e no bom senso que lhes transmitiram.

* Doutor em Psicologia, professor da Edith Cowan University e pesquisador do National Drug Research Institute, na Austrália.

©2019 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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