Quase metade dos países do mundo está em crise de natalidade. Por que isso é ruim?
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O número de filhos por família está se tornando insuficiente para manter o tamanho da população em quase metade dos países do mundo, e levantamentos recentes mostram que a tendência é de que cada vez mais haja queda na fecundidade nesses locais. É o que mostra, por exemplo, o estudo Fardo Global das Doenças 2017, publicado na revista científica Lancet.

A descoberta foi uma grande surpresa para os pesquisadores que afirmaram que essa questão trará profundas consequências para as sociedades “com mais avós do que netos”. O estudo, que acompanhou a evolução da taxa de fecundidade de 195 países e territórios entre os anos de 1950 e 2017, verificou que no início da década de 50 as mulheres tinham em média 4,7 filhos durante a vida. Já em 2017, esse número caiu pela metade chegando a 2,4 filhos por mulher.

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Mas esse número mascara uma grande variação entre os países. No Níger, país da África Ocidental, por exemplo, a taxa de fertilidade é de 7,1. Em contrapartida, na ilha de Chipre, localizada no Mediterrâneo, a média é de um filho por mulher e aqui no Brasil o índice é de 1,8. O agravamento de crises de natalidade como a do Chipre, ou mesmo a situação de países emergentes, que estão no início do problema, como o Brasil, é que fazem os analistas acenderem o sinal de alerta.

Sempre que a taxa de fecundidade média de um país cai abaixo de aproximadamente 2,1, as populações vão acabar encolhendo. No início do estudo, na década de 50, não havia nenhuma nação nessa situação. “Chegamos neste momento crítico em que metade dos países apresenta taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição”, explicou à BBC, Christopher Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “Então, se nada acontecer, as populações desses países vão entrar em declínio”, alertou.

Países mais afetados

Segundo o estudo, os países mais desenvolvidos economicamente têm taxas de fecundidade mais baixas. Isso inclui a maior parte da Europa, os Estados Unidos, a Coreia do Sul e a Austrália. Mas isso não significa que o número de pessoas nesses países já esteja caindo, já que o tamanho de uma população é a mistura da taxa de fecundidade, de mortalidade e migração. Além disso, as mudanças na taxa de fecundidade podem levar uma geração inteira até que se estabeleçam.

Murray pondera, porém, que é preciso estar atendo, porque apesar de não ser algo imediato, essas sociedades, cedo ou tarde, vão se deparar com uma população em declínio. E aqueles países que ainda estão conseguindo manter o ritmo de crescimento populacional, na opinião dele, devem estar preparadas porque, na medida em que avançam economicamente, assistirão a uma redução maior da taxa de fertilidade também.

Para combater o problema, o especialista menciona a imigração com fator de auxílio, porém insuficiente em nível global, e as políticas de incentivo ao aumento da natalidade. Alguns países europeus, como Polônia e Hungria, por exemplo, já adotaram programas sociais que consistem na remuneração das famílias que tem mais de um filho ou de prolongadas licenças-maternidade.

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