Imagine a seguinte manchete: “Nos pênaltis, Brasil vence Vaticano e vai para as quartas de final”. Parece estranho, mas existe um campeonato em que isso é possível – foi, aliás, o que aconteceu nesse domingo (19/03). Trata-se da Clericus Cup, a copa do mundo que há 10 anos põe em campo times formados por padres e seminaristas que estudam nas universidades pontifícias de Roma.
O torneio reúne 404 padres de 66 nacionalidades em 18 times, que representam universidades ou casas que hospedam padres estrangeiros enquanto estudam em Roma. O Sedes Sapientiae, por exemplo, é um time formado por seminaristas do mundo todo que estudam no seminário de mesmo nome, gerido pelo Opus Dei em Roma. Já o Redemptoris Mater – o maior campeão da história da copa, com três títulos – é composto por alunos do seminário que funciona sob os cuidados do Caminho Neocatecumenal.
O time dos brasileiros – que tem até um padre chamado Neimar – é formado pelos moradores do Colégio Pio Brasileiro, entidade gerida pela CNBB que hospeda os padres do Brasil que fazem pós-graduação em Roma. Ele enfrentou em campo nesse domingo o Vaticano-Anselmiano, time que reúne estudantes do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, instituição especializada nos estudos de liturgia, e do Pré-Seminário São Pio X, onde vivem rapazes que fazem o ensino médio enquanto discernem a vocação ao sacerdócio e servem como coroinhas nas cerimônias da Basílica de São Pedro.
O padre brasileiro Fábio de Freitas Guimarães, que estuda no Santo Anselmo, teve que aguentar a rivalidade com o próprio país, já que ele é o goleiro do Vaticano-Anselmiano. Já o goleiro do Pio Brasileiro, o padre Carlos Gomes, está sendo chamado de “São Carlos” pelo time, depois de se tornar o herói da vitória sobre o Vaticano-Anselmiano. Mas ele tem uma vantagem: antes de ser padre, Carlos foi goleiro do Goiás Esporte Clube.
Criado em 2007, durante o pontificado de Bento XVI, o campeonato é organizado pelo Centro Sportivo Italiano e patrocinado pelo Departamento de Esportes da Conferência Episcopal Italiana, pela seção Igreja e Esporte do Dicastério para os Leigos, Família e Vida e pela Fundação João Paulo II para o Esporte.
O campo tem as dimensões oficiais, mas algumas regras são diferentes: cada tempo tem 30 minutos em vez de 45, por exemplo. A regra mais peculiar, porém, diz respeito à cor dos cartões. Não há cartão amarelo nem vermelho: apenas o azul, que obriga o jogador mais agressivo a “pensar e se arrepender do que fez” por pelo menos oito minutos.
Times
Além do Pio Brasileiro, outros colégios do mesmo tipo, onde vivem padres estrangeiros que estudam em Roma, têm equipes no torneio: o Colégio Mexicano, o Pontifício Colégio Ucraniano, o Colégio Pio Latino-Americano, o Colégio Espanhol, o Pontifício Seminário Francês, o Pontifício Colégio Norte-Americano, o Colégio São Pedro Apóstolo, o Colégio São Paulo Apóstolo e o Pontifício Colégio Urbano – os três últimos com padres da África e da Ásia.
Membros da Ordem de Santo Agostinho e dos Missionários da Consolata formam o time Consolata Agostiniani e os hóspedes do Altomonte, outra casa gerida pelo Opus Dei, formam o time de mesmo nome. Completam o elenco de times a equipe de estudantes da Pontifícia Universidade Gregoriana, o time do Pontifício Colégio Internacional Mater Ecclesiae, dos Legionários de Cristo, e um novo time, que homenageia a equipe brasileira que sofreu uma tragédia áerea no ano passado, a Chapecoense. Batizado de Chape Cusmano Belga, o time congrega membros dos Missionários Servos dos Pobres e do Pontifício Colégio Belga e joga com as cores do time catarinense.
Até hoje, a melhor performance dos brasileiros no campeonato foi em 2010, quando ficou em terceiro lugar. Na edição deste ano, o Pio Brasileiro venceu a Chape Cusmano Belga na primeira rodada, o Vaticano-Anselmiano e domingo que vem enfrenta o Mater Ecclesiae.
Com informações de O Dia.
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