Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
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O empresário recifense Flávio Rocha, dono do Grupo Riachuelo, confirmou na quarta-feira (21/03) que disputará a presidência da República nas eleições de outubro. Rocha havia deixado de ser um “empresário moita”, como ele mesmo diz, há cerca de um ano, quando passou a se engajar politicamente e a aparecer com mais frequência na mídia defendendo suas pautas para o Brasil.

Mas Rocha não é um outsider: já foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte em duas legislaturas, entre 1987 e 1994, período em que passou pelo PFL (atual DEM), pelo PL (atual PR) e pelo PRN (atual PTC). Em 1994, chegou a ser pré-candidato à presidência da República – ao fim, desistiu e apoiou Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, Rocha conversa com seus partidos para definir a sua filiação, mas já tem o apoio oficial do Movimento Brasil Livre (MBL).

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Ele mesmo diz que deseja ser o representante do liberalismo na economia e do conservadorismo nos costumes. Rocha tem 60 anos e é casado desde 1990 com a gaúcha Anna Cláudia Klein Rocha, com quem tem três filhos. Ele tem ainda um filho de um casamento anterior.

Aborto

Rocha diz voltar à política para preencher a lacuna “óbvia”, segundo ele, de um candidato conservador nos costumes, mas liberal na economia. Isso inclui a oposição ao aborto. O empresário chegou até mesmo a criticar outro pré-candidato, Geraldo Alckmin (PSDB), por “não assumir” a bandeira “contra o aborto”.

“Vida é vida. Não há diferença entre matar um bebê de um mês e um feto de 9 meses”, disse à Época em março. “Só Deus pode matar”. Afirmou também que é flexível nos casos de gravidez resultante de estupro.

Casamento gay

A posição de Rocha a respeito do casamento gay e de outros itens da agenda LGBT esteve no centro de uma polêmica em fevereiro, quando começou a circular uma notícia que dizia que o empresário está planejando “uma campanha que pretende eleger nomes para o Congresso ligados à bancada da Bíblia, com pautas conservadoras, entre elas o combate à ‘ideologia de gênero’ e a proibição do casamento LGBT”.

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Depois disso, o diretor da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, enviou uma carta aberta a Rocha, pedindo esclarecimentos sobre a sua posição, “antes de tomar qualquer atitude, como manifestações na frente das lojas Riachuelo, campanhas, cartas de repúdio e afins”. Em resposta, a Riachuelo emitiu uma nota dizendo que Rocha “não apoia qualquer tipo de preconceito. Ele é a favor de toda e qualquer configuração de família e acredita na felicidade das pessoas independente da sua orientação sexual”.

Rocha também se defende da acusação de homofóbico recordando que a Riachuelo é, segundo ele, a empresa que mais emprega transexuais no Brasil: 500, diz. Ele diz que eles podem usar seus nomes sociais em todos os formulários e credenciais e não descarta retratar transexuais em futuras campanhas publicitárias da marca, segundo contou à Época em março. Ele também disse à revista que apoia a lei como está em vigor hoje – “está corretíssimo”, afirmou. “Sou defensor da família em todas as suas configurações”.

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Ideologia de gênero

O movimento Brasil 200, capitaneado por Rocha e apoiado por outros nomes do empresariado como Sebastião Bonfim (Centauro), Sônia Hess (Dudalina), Alberto Saraiva (Habib’s) e Luiza Trajano (Magazine Luiza), estabelece como um dos seus dez princípios a “proteção das crianças”, defendendo uma “escola sem partido e sem erotização precoce, respeitando o senso comum e as famílias”.

Drogas

Rocha disse à Época em março ser a favor da criminalização das drogas.

Religião

Rocha, de família católica, e Anna se casaram em uma igreja luterana – denominação da família de Anna –, mas frequentam a igreja Sara Nossa Terra desde 2003. Eles têm uma amizade próxima com o bispo Robson Rodovalho e a bispa Maria Lúcia Rodovalho, fundadores da igreja. “Antes de 2003, frequentava a igreja Luterana. A gente também ia às vezes à missa. Mas quando mudamos para São Paulo, em 1996, na volta de uma temporada em Boston, nos Estados Unidos, ficamos sem um lugar que nos sentíssemos acolhidos. E aí começamos a frequentar a Sara Nossa Terra”, disse Anna à revista Época em março de 2018.

“O Flávio é uma pessoa que tem muita fé, e a gente segue os princípios voltados para a família e para a Bíblia. Vamos toda semana [à igreja], aqui em São Paulo. Para mim é bem importante, sabe? Realmente me sinto bem próxima de Deus naquele lugar. E para mim é maravilhoso ter uma palavra nova, um direcionamento novo da Bíblia”, contou Anna. “A Palavra de Deus é o alimento, e a gente precisa também desse alimento para o nosso lado espiritual. Vamos à igreja e voltamos revigorados”.

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