Vidar Nordli-Mathisen/Unsplash| Foto:

Puxar pelo rabo, jogar água quente, atirar pedras, dar socos e chutes. A prática da crueldade contra animais vai muito além da nossa compreensão. Só neste ano, a Rede de Proteção Animal de Curitiba recolheu mais de 500 bichos que sofriam maus tratos ou negligência dos donos. “Assim como as crianças, eles são os seres mais vulneráveis dentro de uma casa”, revelou Vivien Midori Morikawa, que é gerente técnica do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

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Segundo ela, o descaso com os bichinhos de estimação faz parte da chamada “teoria do elo”, que vem sendo decifrada pelas equipes de resgate e fiscalização. “É um movimento. Os maus tratos geralmente indicam que algo não está em harmonia naquela família. As agressões que começam nos animais podem passar para as crianças, para as mulheres, para os idosos”, disse.

Para a psicóloga Lara Danieli Teixeira, esse desequilíbrio emocional dentro de casa também pode explicar o comportamento de crianças que maltratam os animais. “A maldade é aprendida assim como o amor. Caso a criança sofra traumas durante a primeira infância, ela poderá desde muito cedo apresentar sequelas emocionais e externalizar essa dor. Não creio que seja maldade, mas sim uma manifestação dolorosa do sentimento interno como pedido de ajuda”, explicou ao Sempre Família.

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Ter um bichinho de estimação em casa pode ensinar importantes valores ao seu filho

Pelo que afirmou a especialista, algumas crianças externalizam o conteúdo de sofrimento interno nos animais pois se veem pequenas e indefesas como eles. É como se estivessem repetindo aquilo que sofreram para mudarem, de forma instintiva, o que sentem. “O problema é que quanto mais elas agridem, mais a psique infantil fortalece esse sentimento como mecanismo de proteção. Essa agressão em animais mais tarde pode se transferir para os colegas da escola, primos, irmãos e na vida adulta para os parceiros”, explica Lara. “Uma criança geralmente repete o que vê, salvo os casos de crianças com problemas neurológicos que podem desencadear agressividade sem traumas anteriores”.

Como ajudar?

Segundo a psicóloga, os pais ou responsáveis que perceberem esse comportamento precisam acolher o sofrimento da criança e procurar ajuda profissional. “Em muitos casos, os pais acabam perdendo a paciência e tratando com mais desafeto o comportamento agressivo da criança. Isso gera um ciclo de mais dor e reforça no inconsciente infantil a agressão como repertório de defesa”.

“Tratar o seu filho com o mesmo comportamento que se espera que ele tenha com o animalzinho é um bom início. Os pais precisam entender que atitudes deles podem estar desencadeando essa série de comportamentos destrutivos no ambiente familiar”, orientou a especialista.

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