Diferentemente dos adultos, as crianças não possuem mecanismos de controle e defesa tão elaborados.
Diferentemente dos adultos, as crianças não possuem mecanismos de controle e defesa tão elaborados.| Foto: Archie Binamira/Pexels

No universo infantil os extremos andam lado a lado e tudo se torna mais intenso. Poucos minutos podem separar um ataque de fúria de uma brincadeira super divertida (e detalhe: com o mesmo amiguinho). É aquela coisa do “se amam e se odeiam”, sabe? Mas, calma, que não é nada pessoal.

Siga o Sempre Família no Instagram!

Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra exatamente isso. Você deve ter visto: duas irmãs brigam na hora de cantar parabéns para uma delas e a confusão toma conta da festinha. Só que horas depois da gravação estourar, descobrimos que elas – não só se acertaram – como dividiram o primeiro pedaço do bolo. Por que será que isso acontece? Como os pais devem agir nesses momentos para não tornarem o problema ainda maior? É o que vamos tentar responder neste texto.

Primeiro, o que você precisa saber é que “diferente dos adultos, as crianças não possuem mecanismos de controle e defesa tão elaborados. Sendo assim, o comportamento delas acaba sendo praticamente instintivo: se ficam com raiva, já reagem. E na maioria das vezes com agressividade física”, explica a psicóloga Angela Zechim Luziano, da clínica Les Grands Petits, em Londrina (PR).

Segundo ela, isso serve para explicar, também, o motivo pelo qual as crianças não guardam mágoa umas das outras. “Elas pautam suas ações em prazeres imediatos. Logo, brincar é mais divertido do que ficar sozinho e, assim, elas esquecem facilmente do conflito ocorrido anteriormente e voltam a brincar como se nada tivesse acontecido”, esclarece.

Já pelo que tranquiliza Andreia Moessa De Souza Coelho, do Conselho de Psicologia do Paraná (CPR), esse tipo de atitude independe da criação dos pais. “Os pais podem ser os mais amorosos do mundo e elas [as crianças] vão brigar. Porque isso faz parte da produção de si”, justifica ao revelar que o processo de construção do eu de uma criança passa pela ambivalência em relação ao outro.

“A gente projeta no outro coisas ruins que a gente sente. É um movimento muito dialético e que a gente até fala assim: agir socialmente para eles não é só uma questão de aprendizado, mas de produção de si”, completa.

Como lidar

“Conforme a criança vai recebendo os limites, as orientações e explicações dos adultos, vai encontrando outras maneiras de expressar seu descontentamento”, pondera Angela. Por essa razão, é fundamental que os pais tomem atitudes coerentes com a situação.

“Se uma criança agride a outra, o correto é conter aquela que está agressiva, esperar que se acalme e explicar que aquela postura não é aceitável, que existem outras formas de resolver o problema e que ela pode pedir ajuda se não conseguir resolver sozinha”, orienta.

Pelo que indica Angela, se a criança for muito imatura, contê-la e utilizar frases curtas, como: “Não pode bater no amiguinho” já é o suficiente para que ela entenda que aquela atitude não é aceitável. “E engana-se quem pensa que orientar apenas uma vez é o suficiente. O fato de a criança estar em desenvolvimento, faz com que tais comportamentos possam se repetir várias vezes”, alerta.

Ação controlada

Andreia chama a atenção, ainda, para outro cuidado. Para ela, os responsáveis devem, claro, evitar que as crianças se machuquem, mas acompanhar de perto o desenrolar da história e esperar que elas mesmas se entendam, sem se envolverem muito.

“No ímpeto de tentar resolver, os pais podem criar rivalidades ainda maiores, porque vão fazer identificações a partir deles mesmos: a menina precisa ser protegida, o menor também, aquele que se parece comigo, que eu mais me identifico”, diz. A especialista recomenda que os pais tragam essas questões à tona antes de agir.

Deixe sua opinião