Enquanto a autoconfiança nos infla de coragem, a autocompaixão nos mantém com os “pés no chão” e nos permite admitir que erramos.
Enquanto a autoconfiança nos infla de coragem, a autocompaixão nos mantém com os “pés no chão” e nos permite admitir que erramos.| Foto: Unsplash/Ash Edmonds

No campo do desenvolvimento pessoal, há quem garanta que a autocompaixão é o caminho mais rápido para se chegar à uma vida mais “gerenciável”. E a explicação é simples: enquanto a autoconfiança nos infla de coragem – ao evidenciar nossas próprias capacidades – a autocompaixão nos mantém com os “pés no chão” e permite admitir que erramos.

“Se, por um lado, é bom que eu busque me fortalecer como pessoa, para ter envergadura para os diversos desafios que a vida traz, por outro, eu preciso saber que tenho limites. Limites emocionais, psicológicos e inclusive físicos”, sustenta Ester Falaschi, do Conselho de Psicologia do Paraná.

Como principal consequência de não reconhecer o nosso direito à falha, a psicóloga cita a síndrome de Burnout, causada pelo esgotamento no trabalho. “Eu coloco na minha cabeça que eu preciso ter resiliência e eu posso ignorar índices graduáveis e confortantes em nome de algo que não é uma competência. Ter limites biopsicossociais faz parte de todos nós. Nós temos limitações”, afirma Ester, ao ressaltar: “Corromper os próprios limites não é resiliência, é adoecimento”.

Já o médico e treinador comportamental, Jean Rafael, destaca que a autocompaixão envolve entender a diferença entre fazer uma escolha errada e ser uma pessoa má. “Ao praticar a autocompaixão, você reconhece que seu valor e sua vida são incondicionais. Além disso, a autocompaixão proporciona um senso de valor próprio e promove uma conexão positiva com o bem-estar geral”, aponta.

Ainda segundo ele, a autocompaixão reduz a carga de depressão, ansiedade e de raiva e auxilia no enfrentamento dos sentimentos negativos. “Geralmente uma pessoa autocompassiva é mais altruísta, tem uma autoestima melhor, sabe lidar com outro, sabe perdoar, tem empatia, aprende a lidar com a sua autocrítica, além de agir melhor nas tomadas de decisão”, pontua.

Pensando na preciosidade dessa virtude, elaboramos um caminho com três passos que vão te ajudar a se tornar uma pessoa mais autocompassiva. Veja:

  1. Aceitar a imperfeição

    Reconhecer-se imperfeito e aceitar que você pode, sim, falhar a qualquer momento é o primeiro estágio desse processo. Isso ajudará você a perceber que o que está vivendo é normal e humano – e que não deve se sentir mal por isso. Além disso, admitir suas imperfeições também pode conectá-lo aos outros, uma vez que você percebe que todos passam por dificuldades e sofrimento.
  2. Ser benevolente

    Quando você é gentil consigo mesmo, reconhece uma das verdades absolutas da vida: todas as pessoas erram. Em vez de pensar “como eu pude errar desse jeito?” ou “não acredito que fiz isso”, quando algo der errado, tente um: “Bom, todo mundo falha de vez em quando. Ninguém é perfeito. Tá tudo certo”. Fazendo isso, você muda a maneira como vê os desafios e passa a lidar melhor com os problemas. Culpar-se só vai trazer um peso a mais e não resolver nada.
  3. Exercitar a atenção plena 

    A maioria das pessoas tem dificuldade em reconhecer que falha e que precisa melhorar. Quase todo mundo prefere pular a parte da autoanálise e ir direto para a resolução do problema – sem extrair o que de mais valioso essa experiência pode oferecer. Transformar uma situação difícil em uma oportunidade de aprendizado e de crescimento pessoal é, sem dúvida, uma das melhores consequências da autocompaixão e passa pela atenção plena. Esse recurso permite que você esteja ciente das suas dificuldades sem julgar a si mesmo. O resultado? Reconhecer em que pontos pode evoluir sem a pressão de carregar o mundo nas costas.
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