O convívio intergeracional contribui para o desenvolvimento de novas habilidades e adoção de melhores hábitos.
O convívio intergeracional contribui para o desenvolvimento de novas habilidades e adoção de melhores hábitos.| Foto: Bigstock

De um lado, um ritmo de vida calmo, contatos físicos próximos, uma agenda feita de papel para anotar os compromissos e aquele dinheiro de emergência guardado na primeira gaveta da cômoda. Do outro, uma vida agitada, quiçá imediatista, repleta de videoconferências em detrimento dos encontros pessoais, aplicativos e assistentes virtuais, além de transações bancárias virtuais.  

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Contudo, o convívio intergeracional, ainda que, num primeiro momento pareça ser incompatível, pode, além de favorecer a ruptura de preconceitos, contribuir tanto para o desenvolvimento de novas habilidades aos mais experientes, como para adoção de melhores hábitos de vida aos jovens.

Segundo a psicóloga Eloisa Feltrin, é necessário que os mais velhos busquem entender a praticidade trazida pelas novas gerações por meio da tecnologia, enquanto os jovens devem estar abertos a perceber os hábitos e funções sociais importantes desempenhadas pelos idosos, valorizando-os, independentemente da idade que possuam.

Avanço da tecnologia 

Temos uma infinidade de facilitadores tecnológicos e, principalmente após a pandemia, esses recursos aproximaram pessoas e tornaram atividades do cotidiano mais práticas e rápidas.

Contudo, os novos hábitos podem assustar aqueles que seguiram boa parte da vida sem a necessidade de estarem conectados à tecnologia, por julgarem assim ser a forma adequada de se viver.

A psicóloga explica que as novas gerações, como os jovens da geração Z, nasceram em um mundo que já estava imerso na revolução tecnológica, ao contrário dos idosos, que, embora tenham acompanhado seu desenvolvimento, não tiveram acesso facilitado a tantas transformações. “Assim, as pessoas mais velhas buscam fazer aquilo que têm segurança, com menos chances de riscos, pois antigamente a cultura, as necessidades e os hábitos eram diferentes”, diz a profissional.

Praticidade x Segurança 

Ainda que as recentes gerações desejem que os mais velhos se adaptem aos novos hábitos e à tecnologia, Eloisa alerta para que se recordem que além da praticidade, deve haver cautela com a segurança do idoso. “Enfrentamos uma onda de golpes e muitos idosos não conseguem identificar quando estão caindo em um. Por isso, sempre é importante que os jovens saibam até que ponto é praticidade ao idoso ou um risco maior”, destaca a psicóloga.

De outro lado, alguns avanços da tecnologia podem ser apresentados aos idosos justamente como apoio à sua segurança. É o caso das assistentes virtuais que podem acionar o socorro apenas com um comando de voz. “Não devemos obrigar os idosos a aceitarem as novas realidades, mas podemos oferecer possibilidades que atribuam o poder de escolha a ele, sem violar sua vontade”, pontua Eloísa.

Convívio intergeracional 

O convívio intergeracional deve possibilitar, além da aproximação entre jovens e idosos, a ruptura dos preconceitos trazidos pelas experiências de vida de ambos os lados. “É preciso que deixemos o egoísmo de lado e a falsa crença de que sabemos de tudo, porque as gerações anteriores trazem conhecimentos incríveis sobre a vida e o mundo”, acredita Eloísa.

A psicóloga orienta que, ao estarem próximos dos idosos, os jovens vivam experiências integrais, de forma consciente, com um tempo de qualidade. “Desligar o celular, manter conversas sinceras, olho no olho, ouvindo suas histórias e comparando as realidades com leveza nos ensinam coisas incríveis, como superações, medos e descobertas”, exemplifica a profissional.

Além disso, manter o diálogo com pessoas mais velhas, ajuda estes a superarem seus medos característicos da idade, permitindo que também acreditem que ainda são muito capazes. E mesmo divergências apareçam, elas são necessárias para o crescimento do ser humano.

Assim, dentro do possível, é importante que as famílias ofertem qualidade de vida ao idoso, em rodas de conversa, reunião de família, viagens, passeios e celebrações, possibilitando a transmissão do conhecimento entre as gerações e fortalecimento do vínculo familiar afetivo.  “Embora existam muitas diferenças entre as gerações, a empatia, ou seja, o ato de se colocar no lugar do outro, auxilia para que todas as relações tenham um bom crescimento”, conclui Eloísa.

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