Faz 34 mil anos que nós, humanos, aprendemos a evitar os casamentos consanguíneos, isto é, entre parentes próximos. A conclusão é de um estudo que analisou o DNA dos corpos de quatro indivíduos encontrados em um sítio arqueológico de Sunghir, no oeste da Rússia. Também conhecida como endogamia, a prática pode levar ao surgimento de diversas doenças devido à pouca variabilidade genética numa população.
Considerado um dos mais ricos sítios arqueológicos do Paleolítico Superior, Sunghir abriga diversas covas com os restos de ao menos nove indivíduos. Desses, quatro foram comprovadamente datados desse período histórico, o fim da época popularmente conhecida como “idade da pedra”, que se estendeu entre 50 mil e 10 mil anos atrás. As pesquisas mostraram que entre os quatro indivíduos não havia parentesco mais próximo do que primos de segundo grau.
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“Isso significa que mesmo as pessoas do Paleolítico Superior, que viviam em pequenos grupos, entendiam a importância de evitar a endogamia”, diz Eske Willerslev, professor do St. John’s College em Cambridge, Reino Unido, e da Universidade de Copenhague, Dinamarca, e um dos autores do estudo. “Os dados que temos sugerem que a endogamia na verdade era deliberadamente evitada. Isso significa também que eles devem ter desenvolvido um sistema para este fim, já que se pequenos grupos de caçadores-coletores estivessem se misturando ao acaso, veríamos mais evidências de endogamia do que encontramos aqui”.
Segundo os autores do estudo, publicado em outubro na revista Science, esses grupos antigos, apesar de relativamente pequenos, teriam desenvolvido complexas redes sociais e de acasalamento para se esquivarem desse problema. Eles também especulam que os neandertais, humanos arcaicos que são nossos “parentes” mais próximos no gênero Homo, parecem não ter adotado tais precauções, o que pode ter contribuído para sua extinção, há cerca de 40 mil anos.
Assim, segundo os pesquisadores, as pessoas de Sunghir podem ter feito parte de uma rede similar à que vemos nas poucas sociedades de caçadores-coletores ainda existentes, como algumas tribos aborígenes australianas, da África Subsaariana e nativas americanas. Como nossos ancestrais do Paleolítico Superior, os integrantes destas sociedades vivem separados em grupos pequenos, de cerca de 25 pessoas, mas que também estão frouxamente conectados a comunidades maiores de 200 ou mais pessoas, nas quais há regras determinando quem pode formar casais com quem.
Com informações de O Globo.
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