Krajewski brinca e coloca o seu solidéu em um dos pobres convidados para o evento. Foto: Vatican News
Krajewski brinca e coloca o seu solidéu em um dos pobres convidados para o evento. Foto: Vatican News| Foto:

“Expressões festivas e celebrações de tipo mundano”: o Papa Francisco foi muito claro ao pedir que os 14 novos cardeais que apontou no dia 20 de maio e aos quais impôs o barrete vermelho na quinta-feira (28/06) não estragassem a alegria do momento com a “mundanidade”, em uma carta enviada a eles após a nomeação. Parece que o polonês Konrad Krajewski entendeu bem o recado: o novo cardeal comemorou a sua nomeação com um jantar para 200 moradores de rua e outras pessoas em situação de vulnerabilidade – o público que Krajewski atende em seu dia a dia nas ruas de Roma, na função de esmoleiro pontifício, que exerce desde 2013.

Francisco fez questão de mostrar o seu apreço pelo gesto, aparecendo de surpresa na comemoração, embora tenha dito ao novo cardeal: “Eu não vim por você, vim por eles”. O papa sentou-se em uma cadeira que tinha permanecido vazia, no fundo do refeitório do Vaticano, local onde aconteceu a festa e onde ele ficou cerca de duas horas, conversando com os presentes e ouvindo as suas histórias.

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Francisco voltou a encontrar até mesmo um dos refugiados que trouxe de sua visita a Lesbos, na Grécia, em 2016. “Ele se viu falando novamente com o papa e deixou claro que agora tinha se integrado e trabalhava”, contou Carlo Santoro, membro da Comunidade Santo Egídio e um dos 60 voluntários a serviço dos pobres durante a festa.

Por que o papa está dizendo que a pastoral vocacional é a alma da evangelização?

“Na nossa mesa havia também outro refugiado que contou ao papa como chegou à Itália: uma jornada de onze meses, também através do deserto, uma viagem definitivamente cheia de perigos e armadilhas. Ele chegou aqui na Itália há alguns anos e também se integrou”, contou Santoro. “Outro amigo do Senegal, um muçulmano, disse a ele que é a terceira vez que se encontra para almoçar com um papa. Ele lhe disse que já tinha estado tanto com São João Paulo II como com Bento XVI, e esta era a terceira vez. Então o Papa Francisco lhe disse: ‘Então você faz coleção de papas!'”

“A presença de crianças tocou muito o papa. Havia, em particular, uma criança refugiada síria nascida em Roma há alguns meses e que recebeu o batismo ontem: o papa abençoou-a. A presença das crianças era muito visível e alegre em torno do Santo Padre”, disse o voluntário, que contou também que Francisco se disse preocupado com a situação das crianças separadas de seus pais migrantes nos Estados Unidos.

Aos 54 anos, Krajewski se tornou o segundo membro mais jovem do Colégio dos Cardeais, atrás apenas do arcebispo de Bangui, o centro-africano Dieudonné Nzapalainga, que tem 51 anos.  Cerimoniário pontifício entre 1999 e 2013, ele é doutor em Liturgia. Desde 2013, é o titular da esmolaria pontifícia, responsável por fazer obras de caridade com os pobres em nome do papa. Nesse período, a esmolaria foi a responsável pela instalação de um albergue, chuveiros, barbearia e lavanderia para moradores de rua nas proximidades do Vaticano e até mesmo por passeios à praia com os mendigos durante as férias.

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