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Nas pesquisas sobre leitura que conduzo, os pais sempre me perguntam a mesma coisa: “o que posso fazer para que meu filho desenvolva o hábito de leitura?” E eu sempre dou o mesmo conselho: “leia com seu filho. Desfrutem do mesmo livro”.

Essa resposta surge a partir das minhas próprias experiências como mãe, professora e especialista. Evidências indicam que uma sólida base de leitura e escrita geram a paixão pelos livros ainda na infância, e isso forma um leitor na idade adulta.

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Mas o que acontece quando as crianças não aprendem a ler, ou quando têm grandes dificuldades? Apenas 34% dos alunos norte-americanos, na oitava série, tinham a capacidade de leitura de acordo com a sua idade. A secretária de educação Betsy Devos afirma que esse nível de proficiência é “devastador”.

O sucesso no ensino

Faz tempo que estudo como professores em escolas do subúrbio de Nova York, Ohio ou Missouri ajudam alunos com dificuldades a melhorar sua leitura. Vários deles fazem com que o aluno leia a mesma passagem muitas vezes. Professores e pesquisadores descobriram que essa leitura repetitiva geralmente mostra melhoras nos alunos que estão entre o ensino fundamental e o ensino médio.

Para as crianças, essa estratégia é como aprender a cantar uma música lendo a letra. Quando uma criança pratica a leitura assim, ela escuta o eco de um leitor mais experiente enquanto seus olhos percorrem as palavras na página.

Por ativar a audição, a visão e o toque, esse método torna fácil o reconhecimento de palavras familiares. E essa prática funciona melhor quando se torna rotina – 10 ou 15 minutos por dia. Considerando o grande número de crianças que não lê adequadamente, isso é muito importante.

Aprofundando a questão

O psicólogo Robert G. Heckelman foi o primeiro a identificar a funcionalidade desse método, nos anos 1960. Ele descobriu um aluno que teve a leitura muito melhorada depois que seus professores aplicaram o exercício.

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Após 7 horas do que é conhecido como Método de Impressão Neurológica, os alunos geralmente conseguem aumentar sua capacidade de leitura em 2 pontos. Essas descobertas depois começaram a ser replicadas em um número muito maior de alunos, gerando um estudo publicado em 2016.

Nesse estudo, os pesquisadores Chase Young, Timothy Rasinski e Kathleen Mohr nomearam o método como “Read Two Impress”. Esse novo nome trouxe também uma mudança: as crianças começaram a ler cada página em voz alta logo após a leitura do professor. Além de torná-las melhores leitoras, o método Read Two Impress também as torna mais confiantes e as faz passar mais tempo lendo.

Empoderando as famílias

No entanto, essa nova forma ainda não começou a envolver as famílias. Além disso, nenhum estudo investigou a estratégia e o impacto na utilização de livros que façam parte da cultura e da linguagem do aluno.

Para ver se essa estratégia seria efetiva nas famílias, me juntei aos pesquisadores Joshua Michael e Kris’tina Acerman. Juntos, conduzimos um estudo de 10 semanas em uma escola e houveram alguns problemas nesse sentido.

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Por exemplo, a avó de uma criança bastante curiosa e inteligente demonstrou ansiedade sobre a incapacidade de leitura da neta. “Eu mesma não leio muito”, ela nos disse durante o primeiro treinamento. “Não sei se consigo ajudar minha neta a ler”. Essa avó, junto com 25 alunos do ensino médio e seus responsáveis, participou de cinco sessões de treinamento.

Na última sessão, os adultos descreveram como estavam utilizando o método. Eles afirmaram que o ensinamento deveria estar mais acessível a outras famílias, e isso nos motivou a aumentar o número de participantes e a treinar junto alguns professores.

“Descobrimos que os pais se sentem orgulhosos por ensinar os filhos a tornarem-se melhores leitores”

Dessa vez, a avó, não mais apreensiva, ajudou a facilitar o treinamento. Ela havia ganhado confiança em sua própria capacidade de ensinamento. Nós também descobrimos que as famílias que liam livros dentro da sua cultura e linguagem começaram a ler juntos com maior frequência. E, principalmente, descobrimos que os pais se sentem orgulhosos por ensinar os filhos a tornarem-se melhores leitores.

Iremos publicar os resultados que obtivemos de forma mais expressiva, chamando de “Read Two Impress Plus”, em um artigo acadêmico em breve.

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