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Júlia Lima era uma jovem atriz de 27 anos que morreu em 2015 no renomado Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A demora no diagnóstico de alguns sintomas, as falhas no atendimento da família e erros ao lidar com complicações estão entre as causas de sua morte. Hoje, porém, graças à dedicação de seus pais e à transparência do hospital, Júlia dá o seu nome a um programa oficial da instituição que visa a combater a negligência médica.

A jovem tinha dado entrada no hospital em 4 de fevereiro de 2015, com dores no cóccix, e foi diagnosticada com síndrome de Cockett – a compressão da veia ilíaca pela artéria. Operada dois dias depois da internação, ela passou a apresentar complicações na UTI, demonstrando dificuldade para respirar e vomitando sangue.

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“Deveriam ter parado a medicação na primeira gota de sangue. Tiramos toalhas cheias de sangue e (os médicos) deixaram tudo acontecer lentamente. O olhar dela pedindo socorro não me sai da cabeça”, contou ao Estadão o pai, o engenheiro Francisco Cruz Lima, então com 60 anos. Segundo ele, a família apresentou queixas contínuas durante as 18 horas em que Júlia esteve internada, mas os médicos disseram que os sintomas eram normais. Ela morreu no dia 10.

Lima não se resignou. Ele passou a pesquisar sobre o tema da negligência médica e, sete meses depois da morte da filha, foi atrás de peritos médicos e advogados que, a partir do prontuário do caso, não tiveram dúvidas: tratava-se de erro médico. “Fiquei transtornado, mas não podia ser negligente com a situação. Dessa catástrofe que aconteceu, quis fazer algo melhor, porque não quero que ninguém passe pelo que a Júlia e nós passamos”, disse.

 

Mudanças

Em reuniões com a diretoria do hospital, Lima sugeriu mudanças no comportamento dos profissionais, como ouvir mais os pacientes e solicitar uma segunda opinião ao se deparar com um caso mais complexo. O seu documento relatando o processo que culminou na morte da filha acabou ocasionando uma profunda revisão em um programa oficial do hospital, o Programa de Segurança do Paciente, que passou a se chamar Programa Júlia Lima. Um dos protocolos criados no processo, por exemplo, salvou comprovadamente a vida de 20 pessoas no primeiro ano de implantação.

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Além do programa de combate à negligência, Júlia também ganhou um memorial em sua homenagem, instalado na faculdade de Medicina da unidade. Em 2017, foi lançado ainda o Prêmio Júlia Lima de Segurança do Paciente, dedicado a destacar profissionais que fazem a diferença em ações para segurança do paciente. “Ela era uma pessoa intensa, gostava muito de artes e sempre adorou o balé. Tinha preocupação com o ambiente e era responsável”, lembrou a mãe da atriz, a tradutora Sandra Giuliani Cruz Lima, de 62 anos, que se tornou ativista da causa junto com o marido.

Confira o depoimento do pai de Júlia em um vídeo do Instituto Brasileiro para a Segurança do Paciente:

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