Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, o Sempre Família selecionou 11 histórias de mulheres que emocionaram os leitores nos últimos meses e que são verdadeiras inspirações.
| Foto: Foto 1: Reprodução/Youtube/Folksixty | Foto 2: Arquivo pessoal/Maria Rigo | Foto 3: Arquivo pessoal/Silaine Stüpp

Generosas, estudiosas, empreendedoras, caridosas, corajosas. Em tantas histórias diferentes e únicas e, por isso, tão belas, algo em comum: um caminho de virtudes percorrido por mulheres que fizeram e fazem a diferença em suas famílias, comunidades e na vida de tantas pessoas que se deparam com seus exemplos. Para celebrar este Dia Internacional da Mulher, o Sempre Família selecionou 11 histórias de mulheres que emocionaram os leitores nos últimos meses e que são verdadeiras inspirações.

“Pude tê-lo em meus braços em suas 9 horas de vida”, conta mãe que decidiu não abortar

Reprodução/Youtube/Folksixty
Reprodução/Youtube/Folksixty| Reprodução/Youtube/Folksixty

E a nossa lista de mulheres inspiradoras começa com a história da arquiteta e artista plástica Emma Serrano de Pablo, que mora na Espanha e engravidou de seu primeiro filho, Pepito, aos 26 anos – pouco tempo depois de ter se casado. No entanto, na décima sexta semana de gestação, seu bebê foi diagnosticado com anencefalia. O primeiro conselho dos médicos foi a interrupção da gravidez. Mas Emma e seu esposo estavam convictos de que lutariam pela vida de seu filho. “Desde o primeiro minuto dissemos que ‘não’. A vida está acima de tudo. Como eu poderia acabar com a vida do meu filho?”.

Pepito sobreviveu por nove horas após o seu nascimento, mas para Emma, os nove meses de gestação e aquelas nove horas foram “uma vida inteira”. “No momento em que colocaram ele em cima de mim, ele imediatamente agarrou meu dedo com a sua mãozinha, que era bem gordinha, e aquilo compensou tudo o que eu passei, toda a dor e todas as lágrimas”, relatou Emma. “Apesar do nosso sofrimento, sentimos uma paz incrível porque lutamos por ele e demos a vida por ele, ou seja, fizemos tudo o que estava em nossas mãos enquanto pai e mãe”.

Ela ficou cega aos 27 anos e entrou em depressão, mas hoje é patinadora profissional

Foto: Arquivo pessoal/Beatriz de Santana
Foto: Arquivo pessoal/Beatriz de Santana

A paulista Beatriz Monteiro de Santana, de 34 anos, é outra inspiração para muita gente. Ela foi diagnosticada com diabetes na adolescência e não teve acesso a medicamentos que evitassem o avanço da doença. Como consequência disso, aos 27 anos, ela perdeu completamente a visão. “Aquilo foi um choque muito grande”, recordou a jovem, que entrou em depressão profunda e só conseguiu forças para recomeçar dois anos depois. “Ouvi falar de uma moça cega que patinava e decidi fazer o mesmo”, contou a jovem.

Com o auxílio de uma atleta voluntária que passou a acompanhá-la, Beatriz começou a patinar e, em três anos, teve uma evolução enorme. A dupla começou a participar de competições nacionais e ainda conseguiu vaga em eventos internacionais como o NYC Skate Marathon, de Nova Iorque, e no Berlin Skate Marathon, Alemanha. Agora, Beatriz se esforça para tornar a patinação mais popular entre deficientes visuais no Brasil. “Quero que eles conheçam o prazer da patinação, como eu conheci”. Afinal, “tudo é possível quando você deixa de enxergar as coisas como problema e passa a ver somente desafios que podem ser conquistados”.

Brasileira cria site que conecta empresas e mulheres para combater desigualdade de gênero no mercado de trabalho

Foto: Arquivo Pessoal/Silaine Stüpp
Foto: Arquivo Pessoal/Silaine Stüpp

Agora é a vez de falar sobre uma inspiração feminina no empreendedorismo. Depois de experimentar alguns dissabores no mercado de trabalho, Silaine Stüpp, de 37 anos, decidiu criar a HerForce, uma plataforma que conecta mulheres a empresas que valorizam a equidade de gênero em seus quadros. Aos 33 anos, a paulista, que na época procurava um emprego, percebeu que “as empresas pareciam muito mais preocupadas com a possibilidade de eu engravidar em breve e até com a aprovação do meu marido sobre eu trabalhar fora”, lembra. Isso a incomodou bastante e a fez refletir sobre como o mundo corporativo recebe as mulheres.

Somado a esse questionamento, Silaine recebeu o diagnóstico de um câncer no útero, em 2017. Era o que faltava para que ela decidisse fundar a HerForce. “Depois daquela notícia mudei meu comportamento e prometi a mim mesma que nunca mais ficaria calada diante de qualquer situação. Ainda há muito a ser feito nessa área, mas era preciso começar de algum modo e nós começamos!”, celebra.

A plataforma possibilita que mulheres avaliem empresas e acessem vagas de trabalho. Já as empresas têm no site um espaço para divulgar suas oportunidades e mostrar de maneira clara às usuárias o que faz com que ela seja um ambiente que valorize as mulheres em seus postos de trabalho. A HerForce oferece às empresas, ainda, um pacote de serviços para ajudar as marcas a se aperfeiçoem no campo da equidade de gênero.

Aos 83 anos, gaúcha se forma com honras na faculdade: “Sempre é tempo de aprender”

Foto: Arquivo pessoal/Maria Rigo
Foto: Arquivo pessoal/Maria Rigo

A história de superação e dedicação da gaúcha Maria Santos Rigo também emocionou muita gente. Com aulas no período noturno, dezenas de trabalhos solicitados pelos professores e a necessidade de usar o computador, familiares e amigos imaginavam que a idosa desistiria do curso de Letras já nos primeiros meses. “Até eu achava que não ia conseguir”, revela a moradora de Canoas, no Rio Grande do Sul. No entanto, ela foi uma das alunas mais dedicadas da turma, se destacou em diversas atividades e se formou, com honras, aos 83 anos. “Ver todos os meus colegas me aplaudirem em pé quando peguei o diploma foi maravilhoso e emocionante”.

Maria contou ao Sempre Família que o sonho de ingressar na faculdade era antigo, mas as oportunidades, escassas. Somente depois de ter ficado viúva aos 49 anos e os filhos terem crescido, que Maria voltou a ter contato com poemas, contos e literatura brasileira. A idoso passou a frequentar eventos literários, venceu concursos de poesia, escreveu livros, fundou a Casa dos Poetas de Canoas e foi incentivada a ingressar na faculdade. “Não foi fácil, mas valeu cada segundo”, garante a gaúcha, que hoje incentiva pessoas de todas as idades a estudar. Afinal, “sempre é tempo de aprender”.

Ela criou uma ONG para ensinar voluntários a cuidar de pacientes com câncer de mama

Foto: Divulgação/Unaccam
Foto: Divulgação/Unaccam

E quando a inspiração passa de mãe para filha? Aos 6 anos, Ermantina Ramos perdeu a mãe para um câncer e foi um tempo de bastante sofrimento para ela. Na época, ela passava longos períodos no hospital com a mãe e foi cuidada por uma mulher que contribuiu para que seu amor pelo voluntariado florescesse mais tarde.

O cuidado dispensado por aquela gentil mulher a ela fez com que anos mais tarde, Ermantina se tornasse enfermeira e, depois que os filhos já estavam com a vida profissional encaminhada, fundasse uma ONG que capacita voluntários a cuidar de pacientes com câncer de mama e seus familiares. Em agosto de 2001, foi oficialmente fundada a União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama (Unaccam).

A filha de Ermantina, Clarisia Ramos, que agora é a presidente da associação, lembra que a mãe trabalhou pela Unaccam até seus últimos dias de vida. “Mesmo doente ela cuidou deste filho dela e agora eu dou continuidade. Os pais ensinam a fazer o pão e os filhos abrem as franquias, não é?!”

Enfermeira ensina primeiros socorros e salva vidas pelo Instagram

Foto: Arquivo pessoal/Bruna Busnardo
Foto: Arquivo pessoal/Bruna Busnardo

A iniciativa da enfermeira Bruna Busnardo não só inspirou nossos leitores como vem salvando muitas vidas. Tudo começou com vídeos enviados para os próprios familiares. Hoje são quase 8,5 mil seguidores no Instagram e dezenas de milhares de visualizações – e o mais importante: vidas salvas. Bruna tem feito a diferença na vida de muitas famílias divulgando dicas importantíssimas de primeiros socorros em sua página no Instagram@mamaesocorrista.

“Faço com meu celular mesmo. São vídeos caseiros, eu mesma que edito. Não manjo nada de edição de vídeo, mas faço com todo amor e carinho e numa linguagem em que a população pode entender”, diz ela. “Saber que 21 mil pessoas vão ter alguma noção de como lidar diante de um desengasgo me dá mais felicidade do que ganhar 21 mil ou 21 milhões de reais. É gratificante pensar no tanto de gente que já ajudei e nem imagino”.

Advogada atende mães de crianças com microcefalia gratuitamente

Foto: Arquivo pessoal/Maria Claudia Almendra
Foto: Arquivo pessoal/Maria Claudia Almendra

Acostumada a doar alimentos, roupas e fraldas para famílias de baixa renda de Teresina, no Piauí, a advogada Maria Claudia Almendra decidiu fazer mais. “Percebi que essas pessoas também precisavam de informação, então separei um dia por mês para oferecer assistência jurídica gratuitamente”, relata a profissional, que escolheu como público alvo do projeto mulheres que tiveram filhos com microcefalia após o surto de Zika vírus em 2015. “Ouvimos muito a respeito delas na época, mas o tempo passou e foram completamente esquecidas”, lamenta.

Maria conversou com essas mães para saber quais dificuldades elas enfrentavam e descobriu que muitas delas foram abandonadas pelo marido após o nascimento do bebê, não recebem pensão alimentícia e a maioria não conseguiu o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além da assessoria jurídica, a advogada também passou a realizar palestras para alertar sobre o tema.

A história da gestante que optou pela vida do bebê e acabou sendo salva por ele

Foto: Arquivo Pessoal/Simone Marquesine
Foto: Arquivo Pessoal/Simone Marquesine

Em 2011, a nutricionista Simone Marquesine, seu esposo e sua filha mais velha – que na época tinha três anos – descobriram que a família iria aumentar. Simone estava grávida do segundo filho. Só que na 12ª semana de gestação, os exames mostraram que o bebê tinha uma má formação. O diagnóstico era de encefalocele occipital. O bebê era um menino e, a partir daquele momento, recebeu o nome de Lucas, que significa luz.

Apesar de muitas pessoas aconselharem o aborto, Simone afirmava que para eles não havia dúvida alguma. “Sempre dizíamos que Deus havia nos dado o Lucas e somente ele nos tiraria”. Então, o combinado com o médico foi de que esperariam até a 38ª semana para marcar uma cesárea. No entanto, quando estava na 35ª semana de gestação, Simone começou a sentir muitas dores na perna e inchaço. O resultado dos exames trouxe outro susto: ela estava com trombose.

A mãe foi internada imediatamente para uso de anticoagulante. Segundo o médico, os coágulos estavam próximos à virilha, um deles tinha uma extensão grande e estava em uma artéria próxima ao coração, mas não era possível saber o tamanho exato por conta do bebê. Para a surpresa de Simone, o médico foi muito claro ao dizer o que salvou a sua vida até ali: a gravidez. “Ele me disse com essas palavras: ‘Seu bebê é quem te salvou, pois a gravidez fez pressão e impediu que o coágulo se deslocasse. No estágio em que você está poderia ser fatal a qualquer momento’”.

Antes da cesárea, Simone precisou passar por um tratamento de 20 dias. “Durante aqueles dias, agradeci muito ao Lucas por me salvar e também disse o quanto o amava, mesmo sem vê-lo”, contou a mãe. No dia 12 de maio de 2012, um dia antes do Dia das Mães, Lucas nasceu com 1,8kg e viveu 26 minutos.

O bem que só o acolhimento familiar faz: conheça a história da fundadora do Instituto Geração do Amanhã

Foto: Júlio Saito
Foto: Júlio Saito

O que aconteceu com o cérebro do Bryan? Esse foi o questionamento que incentivou a empresária e mãe Sandra Sobral a deixar seu trabalho, estudar neurociência e fundar o Instituto Geração Amanhã (IGA). Depois de adotar o garoto em um abrigo do Paraná e perceber as sérias dificuldades cognitivas e emocionais que ele apresentava por ter crescido longe do ambiente familiar, a empresária decidiu trabalhar em prol de 50 mil crianças do Brasil que vivem nas condições em que seu filho viveu.

Essas crianças são retiradas de suas famílias por sofrerem abusos, negligência ou abandono, e quase 95% delas são mantidas em abrigos enquanto a Justiça decide se voltarão para casa ou seguirão para adoção. “Só que esses processos demoram muito e a criança vai crescendo sem uma família que a ame e a ajude a se desenvolver. Isso traz sérios danos neurológicos”, afirma Sandra. Por isso, seu objetivo é mudar esses números. Como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que a inclusão “em programas de acolhimento familiar terá preferência em relação ao acolhimento institucional” (art. 34, parágrafo 1º), o Instituto Geração Amanhã trabalha para expandir esse serviço no Brasil.

Enfermeira adota menino com paralisia cerebral abandonado pelos pais

Facebook/Solange Pires
Facebook/Solange Pires

A vista de um quarto iluminado que abriga os aparelhos hospitalares necessários para sua sobrevivência é tudo o que o garoto Ronei Gustavo Pires, de 12 anos, pode ver do mundo. Mas, aos 2 anos de idade, ele ganhou algo que nenhuma paisagem pode substituir: o amor afetuoso de sua mãe, a enfermeira Solange Maria Pires, de 56 anos. Os dois moram hoje em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, Mato Grosso.

Ronei nasceu com diversos problemas de má formação e depois também foi diagnosticado com paralisia cerebral. Enquanto ainda estava no hospital, o bebê foi visitado poucas vezes pelos pais biológicos e, antes de completar um ano de idade, foi abandonado definitivamente. O menino, que não tinha para onde ir, chegou até mesmo a ficar um tempo em um quarto adaptado na empresa de home care em que Solange trabalhava, mas ele precisava de um lar. Então, a enfermeira decidiu adotá-lo e passou a dedicar sua vida aos cuidados com o menino.

“Algumas pessoas me desaconselharam, me disseram para viver uma fase mais tranquila, pois meus filhos já estavam criados. Mas eu não tive dúvidas de que deveria cuidar do Ronei. Ele é meu filho, assim como os outros dois que eu pari”, disse Solange.

Mulher escolhe ficar cega para não abortar a filha

Fotos: Arquivo Pessoal/Márcia Bonfim Vieira
Fotos: Arquivo Pessoal/Márcia Bonfim Vieira

Ainda muito nova, Márcia Bonfim Vieira foi colocada diante de uma situação em que precisava decidir se ficaria cega para sempre ou teria seu bebê. Ela engravidou de seu marido aos 15 anos e com cinco meses de gestação começou a sentir algumas dificuldades para enxergar: os olhos ficavam vermelhos, coçavam e doíam. O diagnóstico era de Uveíte, uma inflamação muito grave no fundo dos olhos.

O caso de Márcia foi apresentado a uma equipe de oftalmologistas que chegou à conclusão de que poderia ser feita uma cirurgia a laser que recuperaria até 80% da visão de Márcia, porém o procedimento não garantia a saúde do bebê. Os médicos então sugeriram a interrupção da gestação para obter êxito na cirurgia. Com medo, mas tendo o apoio da mãe, ela decidiu seguir com a gestação: “Eu disse a eles: ‘Se for para tirar o meu bebê para poder voltar a enxergar, eu não quero enxergar nunca mais!’”, lembra.  

Então, em julho de 1994, nasceu Lariany. No início, o apoio da família foi muito importante para os cuidados com o bebê, mas depois Márcia já conseguia fazer praticamente tudo sozinha. “Quando nasce um filho, nasce uma mãe, então quando minha filha nasceu, eu não tinha dúvida nenhuma de que iria conseguir cuidar dela por toda a minha vida”.

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