Cientistas procuram medicações e terapias genéticas para corrigir células neurais responsáveis pela pela doença de Parkinson
Cientistas procuram medicações e terapias genéticas para corrigir células neurais responsáveis pela pela doença de Parkinson.| Foto: Bigstock

Mais de 800 estudos são conduzidos atualmente para entender os mecanismos e possíveis tratamentos do Parkinson, segunda doença neurogenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. Na linha de cuidado, são pelo menos 150 medicações em avaliação, além da busca por biomarcadores que favoreçam o diagnóstico precoce. As informações são da Agência Einstein.

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Uma das descobertas mais promissoras até agora é a respeito da presença de uma proteína chamada alfa-sinucleína, que se acumula nos neurônios e acelera a degeneração, prejudicando a produção de um neurotransmissor chamado dopamina.

Como o Parkinson é causado pela diminuição significativa desse componente do sistema nervoso – que contribui com os movimentos automatizados do corpo –, o controle motor fica prejudicado, gerando lentidão, rigidez muscular e tremores.

De acordo com o neurologista André Felício, médico e pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein, estudos preliminares sugerem que esse acúmulo da proteína poderia acelerar a degeneração das células, culminando na doença. Além disso, cientistas procuram medicações que possam “limpar” o excesso dessas proteínas nas células neurais.

Genética contra Parkinson

Outra possibilidade em avaliação são terapias genéticas, como a apresentada em um estudo publicado na revista científica Nature. Nele, pesquisadores descobriram que células específicas do sistema imunológico de indivíduos com Parkinson são “programadas” para atacar a proteína alfa-sinucleína no início da doença e que essas células também podem danificar neurônios, em um processo semelhante ao que ocorre nas doenças autoimunes.

A ideia, então, seria criar mecanismos para inibir essa ação ao identificar os genes das células programadas para atacar a proteína e impedir a ação delas. De acordo com o especialista, as pesquisas em andamento são promissoras, mas ainda estão em fase de testes.

Por enquanto, o neurologista explica que os tratamentos atuais tratam os sintomas motores e não motores por meio de medicações que aumentam a quantidade de dopamina disponível no sistema nervoso. Há ainda terapias não farmacológicas, como a fisioterapia, que ajudam no controle de problemas secundários relacionados a distúrbios de marcha, equilíbrio e dores.

O especialista reforça, no entanto, que o tratamento escolhido depende da avaliação individual. “Precisamos observar quais são os sintomas que a doença causa no indivíduo e como isso impacta a qualidade de vida”, explica.

Outra opção que pode ser utilizada é a cirurgia. Nela, são implantados eletrodos para modular os estímulos elétricos do cérebro. “Atualmente, os neuroestimuladores são capazes de reduzir a gravidade da doença e a quantidade de medicação necessária, além de serem mais robustos tecnologicamente, com diferentes eletrodos (direcionais), e durarem por décadas”, afirma o médico.

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