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Amanda Milleo

Ao chegar ao oitavo mês de gestação de gêmeos, a norte-americana Krystle Evans passou por um evento cardíaco raro, porém assustador. A mulher de 30 anos sofreu dois infartos seguidos, ocorridos no início de outubro, duas semanas antes de os bebês nascerem.

Como se encaminhava para o final da gestação, Krystle achou que a pressão no peito e a dificuldade para respirar tinham sido reflexos do movimento dos bebês no útero. Na primeira vez, os sintomas duraram 20 minutos, conforme a mulher relatou à imprensa local, e depois sumiram.

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No dia seguinte, porém, a dificuldade para respirar e a dor voltaram enquanto ela e o marido voltavam com a família para casa depois de irem à igreja. Além da respiração ofegante, Krystle relata ter sentido muita náusea e o amortecimento do braço esquerdo.

Quando foram ao hospital, a família descobriu que a mãe tinha tido dois infartos separados durante o fim de semana. “Eu sou muito saudável, minha família não tem histórico de doenças cardiovasculares ou ataques cardíacos. Então, isso foi uma surpresa”, disse Krystle à imprensa local.

Infarto na gestação

Apesar de preocupante, ter um evento cardíaco como um infarto durante a gestação é algo muito raro. Conforme explica Gustavo Lenci Marques, médico cardiologista da Sociedade Paranaense de Cardiologia, a alteração que a gestação impõe ao corpo materno (especialmente ao coração) é significativa. Porém, os riscos são mais comuns quando a mulher tem histórico de doença cardíaca ou outras associadas, como diabete e obesidade.

“Paciente com uma doença cardíaca conhecida pode vir a descompensar durante a gestação. Essas pacientes precisam de um acompanhamento médico mais próximo. Seria interessante que elas buscassem orientação médica antes mesmo de engravidarem”, reforça Marques, que também é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

A visita ao cardiologista antes da concepção ajuda até mesmo a prevenir más formações no bebê. “Se a mulher tem pressão alta, ou hipertensão, é preciso ficar atenta porque alguns medicamentos não podem ser usados durante a gestação”, reforça o médico.

Fatores de risco

Ao mesmo tempo em que um infarto não é um evento tão comum, há fatores de risco próprios das gestantes que predispõem ao problema cardíaco. De acordo com a médica cardiologista Ana Cristina Camarozano, o aumento da taxa hormonal durante a gestação (de estrogênio e progesterona) se soma a outras condições que a mulher possa a ter, como a idade avançada, hipertensão, diabete, tabagismo e obesidade.

“Ainda que a gestante tenha esses fatores de risco, a chance é pequena, mas é maior do que em uma gestante que não tem esses agravantes”, conta. “Durante a gestação há toda uma alteração no sistema de coagulação e de volume. A gestante fica com o estado de maior coagulabilidade, ou uma sobrecarga de volume que pode aumentar o débito cardíaco”, explica a médica, que faz parte do Centro Integrado Cardiovascular do hospital Nossa Senhora das Graças, e é professora de Cardiologia da UFPR.

“Entre as gestantes é de fundamental importância que a mulher não subestime sintomas, acreditando se tratar de algo normal da gravidez”

Nesse cenário, a mulher pode desenvolver uma doença coronariana trombótica ou ter algum vaso sanguíneo dissecado. Como tratamento, angioplastia com colocação de stent seria a escolha mais adequada, pois medicamentos podem prejudicar a gestação.

“O pré-natal deve ser feito sempre e com atenção para os fatores de risco. Se existir alguma dúvida de cardiopatia associada, um ecocardiograma deve ser feito nessa avaliação. Ou, ainda, história familiar de cardiopatia e em gestantes mais velhas, a partir dos 30 anos, e com outros fatores de risco, é importante visitar o cardiologista”, reforça a cardiologista.

Sintomas de infarto na gestação

Os sintomas de um infarto durante a gravidez tendem a ser parecidos aos sinais tradicionais, como a dor torácica que irradia a outras partes do corpo. Entre as gestantes, porém, é de fundamental importância que a mulher não subestime os sintomas, acreditando se tratar de algo normal da gravidez.

“Paciente com dor no peito precisa ser avaliado por um médico e passar por um eletrocardiograma na sequência. Esse é um exame que pode ser feito na gestação, sem malefícios”, reforça Marques.

Fique atenta aos sinais:

– Dor torácica que irradia para o braço, mandíbula ou estômago;

– Dores inespecíficas, que não conseguem ser bem localizadas;

– Sensação de peso no peito, ou aperto;

– Sensação de queimação no peito.

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