O que uma freira de verdade, que também é jornalista, tem a dizer sobre o filme A Freira
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O quinto filme da franquia Invocação do mal, A Freira, já é um sucesso de bilheteria: no Brasil, superou It – A Coisa e bateu recorde entre os filmes de terror. Mas o que uma freira diria se visse o filme, que gira em torno de um demônio que aparece sob a forma de religiosa e de um padre e uma noviça que investigam o caso?

freira Irmã Rose, junta do diretor do filme e sua família.

A irmã Rose Pacatte é religiosa paulina, jornalista, mestra na área de Comunicação pela Universidade de Londres e diretora do Centro Paulino para Estudos de Mídia em Los Angeles. Ela participou da pré-estreia internacional de A Freira – um grande evento voltado à imprensa que exibiu o filme em um mosteiro carmelita desativado do século XVII a uma hora da Cidade do México. “Foi uma ideia muito inteligente e de longe a experiência mais imersiva que eu já tive em uma pré-estreia!”, conta a religiosa.

O filme, porém, não a impressionou muito. “A Freira tem um enredo muito plano, com personagens unidimensionais e uma premissa que mostra pouca familiaridade com o catolicismo real. Na verdade, fiquei mais desapontada com isso do que com imagens de freiras possessas com rostos sangrentos infestando a noite com sustos”, avalia a irmã Rose, em uma crítica publicada pelo National Catholic Reporter. “A solução do enredo é algo que nenhum exorcista católico jamais usaria – mas daí não teria franquia”.

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Ela chegou a perguntar aos dois protagonistas como eles se prepararam para o filme. Demián Bichir, que interpreta o padre Burke, afirmou ser familiar com o ethos da produção, por ter aprendido muito sobre catolicismo com a sua avó. Ele também ficou bastante impressionado com a visita do Papa João Paulo II ao México, quando ele era criança – a primeira do pontificado do papa polonês, em 1979.

Já Taissa Farmiga, que faz o papel da noviça irmã Irene, admitiu que teve apenas um dia entre o término das filmagens de outra produção e a partida para a Romênia, onde A Freira foi rodado. Ela diz ter consultado vídeos do YouTube para entender como se comportar como uma freira. Ainda assim, para a irmã Rose, “ela deu vida ao seu papel muito bem, embora o enredo plano e escalonado deva ter sido um desafio”.

A religiosa perguntou também ao diretor, Corin Hardy, se ele tinha feito algum tipo de pesquisa. “Ele admitiu que só tinha assistido a outros filmes de exorcismo”, conta. Hardy relatou que um padre romeno visitou e abençoou o set – mas esse foi o mais próximo de um consultor que eles tiveram. No dia seguinte à conversa com a irmã Rose, durante o café da manhã no hotel, Hardy se aproximou da mesa da religiosa para apresentar a ela sua esposa e as duas filhas.

“É muito difícil criticar um filme de forma dura depois que você conhece o diretor e vê que ele é um homem muito gentil com uma família amável. Na verdade, eu gostaria que os profissionais de Hollywood tivessem noção do que é que eles não entendem, porque eles mal sabem o que é que falta saber”, ironiza a religiosa. “Estou convencida de que consultores teriam contribuído para um filme melhor”.

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