Precisamos aprender a educar filhos adolescentes "de hoje" para o futuro já escancaradamente diferente de tudo o que já vivemos.
Precisamos aprender a educar filhos adolescentes “de hoje” para o futuro já escancaradamente diferente de tudo o que já vivemos.| Foto: Bigstock

De fato, o adolescente dito "de hoje" é (bem) diferente do passado. Falo mais detalhadamente sobre isso em outro artigo no blog e convido interessados – e curiosos – a ler no site para análise do perfil e formação de opinião calcadas mais em informação e menos "percepção".

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De volta à questão: tão distinto quanto o perfil de nossos adolescentes é o cenário atual. O mundo mudou significativamente e disso já sabemos.

Gostando ou não, vivemos as mudanças diárias e concomitantemente profundas e diversificadas. Tudo junto, misturado... e ao mesmo tempo. A tecnologia, sem dúvida, puxou este processo.

Consequentemente, levou grande parte das críticas em relação à intensa e ágil dinâmica da atualidade. De repente neste novo cenário, fomos então forçados a nos ajustar... fosse como desse. “O bicho pegou”, disseram alguns antecessores de minha geração. E, claramente "enrolados" pelo novo contexto, pais de adolescente se angustiaram e meteram os pés pelas mãos.

Não à toa: afinal, a "cartilha" não bastou. Os caminhos, agora diferentes, precisavam ser desbravados. Tudo, absolutamente tudo mudou. Mas nós, pais de adolescentes, insistimos em não (querer) mudar.

O adolescente “de hoje”

Enquanto o mundo se transformava para nós, pais, o filho crescia naturalmente neste novo e inusitado meio tecnológico e globalizado. De alguma forma, ia tentando dar conta de tudo isso, mas admito: na maior parte do tempo, assistia estupefata tudo acontecer, levando aos trancos e barrancos as situações cotidianas com o filho adolescente "de hoje".

Já vivia relações profissionais, interpessoais e também familiares de uma forma bem diferente de antes, tendo a tecnologia como recurso – e muitas vezes, o centro – de nossas interações. Ainda assim e, sem perceber, continuava lutando para manter o status quo de uma dinâmica já inexistente.

Se “antigamente” a mudança acontecia por uma questão de geração, hoje a vivemos por razões mais profundas, complexas e assustadoramente inusitadas. Não só pais de adolescentes – mas principalmente nós – fomos surpreendidos: em meio ao desafiador processo natural de transformação adolescente, temos ainda que assegurar resultados neste desconhecido contexto de transformação no mundo.

Perturbados, então nos agarramos ao passado como meio de (tentar) dar conta dos novos e inexplorados caminhos apresentados. Tamanha insegurança me levou a também lutar contra a realidade e os fatos até que, sem mais disposição e vontade, desisti de entender e aprender sobre o que acontecia ao redor do mundo e dentro de mim. Viver de forma diferente do passado me pareceu estranho demais.

Gerações passadas

Em marcha lenta, tentava dar conta do que sempre foi desafiador, mas que hoje ficara ainda mais complexo: educar um filho adolescente... na era digital. Por isso, me desculpem meus antecessores, tidos como donos de uma verdade particularmente duvidosa, de um tempo pretensamente perfeito, por sua previsibilidade. Mas hoje vivemos uma era substancialmente diferente em todos os campos.

Estamos experimentando uma transformação muito além da esperada entre gerações – como nunca vivida há gerações – e, ainda assim, me criticam por tatear em terreno irreconhecível e inóspito.

Ajudariam mais se contribuíssem com apoio e busca de novos meios de conviver com o filho adolescente hoje, em vez de criticar a conduta dos pais esperando a imposição de uma prática ineficiente aos tempos “de hoje”.

Mais ainda: se se dispusessem a uma atualização cooperativa pela qual juntos tentássemos montar este quebra-cabeça imposto a toda humanidade – não só a pais de adolescentes – inserido em um cenário tremendamente ágil, dinâmico, incomum e, ao mesmo tempo, cheio de inúmeras possibilidades.

Pais de adolescente “de hoje”

Convenhamos, tudo está bem diferente de antigamente: o adolescente... o mundo! Mas, a missão continua igual: formar adultos saudáveis, quiçá melhores, para este novo mundo – de hoje! – o que ficou impossível repetindo práticas do passado. Portanto, resta-nos descobrir e aprender novos meios de crescer junto dos filhos adolescentes o que, sabemos, não acontecia “antigamente”.

Hoje o terreno é hostil à educação antiga: profusão exagerada de informação, confusão demasiada de valores, exacerbado individualismo e intensa necessidade de respostas para os novos desafios impostos pela modernidade acelerada e, à primeira vista, incompreensível e inapreensível.

Precisamos fazer diferente; precisamos ser diferentes também como pais de adolescentes. Precisamos nos capacitar para superar os novos desafios deste mundo diferente do passado que não volta – e que é nosso presente cotidiano.

Precisamos aprender a educar filhos adolescentes "de hoje" para o futuro já escancaradamente diferente de tudo o que já vivemos. Felizmente o adolescente de hoje é (bem!) diferente da geração passada: terá mais chance de trilhar seu caminho com vistas ao futuro que se configura totalmente diferente do já vivido.

Quiçá pais atentem também à mudança necessária em tempo de caminhar junto de e com o filho adolescente nesta jornada de crescimento. Precisamos; devemos; é nossa missão. Isso, não mudou, nem mudará. Nunca.

*Xila Damian é escritora, palestrante e criadora do blog Minha mãe é um saco!, espaço em que conta as situações cotidianas e comuns que vive sendo mãe de adolescentes, buscando desmistificar clichês sobre essa fase dos filhos, para transformá-la em um tempo de aprendizado.

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