O manuscrito mais antigo com a canção, um autógrafo do seu compositor, padre Joseph Mohr. Foto: Stille Nacht Museum
O manuscrito mais antigo com a canção, um autógrafo do seu compositor, padre Joseph Mohr. Foto: Stille Nacht Museum | Foto:

Se tem uma canção que não pode faltar na época do Natal, é a clássica Noite Feliz. Em 2018 completaram-se 200 anos desde que Stille Nacht – como é chamada no original em alemão – foi ouvida pela primeira vez, na Igreja de São Nicolau, em Oberndorf, na Áustria, na missa da noite do Natal de 1818. Traduzida para centenas de línguas, Noite Feliz foi declarada em 2011 pela UNESCO um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Quem esteve lá naquela noite ouviu a canção sendo executada a voz e violão pelos seus dois compositores: o da letra, o padre Joseph Mohr (1792-1848) – era um poema que ele havia escrito dois anos antes –, e o da música, o professor e organista Franz Xaver Gruber (1797-1863). Gruber havia escrito a partitura no mesmo dia, em poucas horas, após receber uma visita do padre pela manhã.

Mohr tinha apenas 23 anos de idade e um como padre quando escreveu o poema que deu origem à canção. A Europa acabava de passar por um momento atribulado – as Guerras Napoleônicas assolaram o continente entre 1803 e 1815. Não é de se estranhar, portanto, que o tema da paz atravesse o texto. A letra original fala de Jesus que “como um irmão abraça carinhosamente os povos do mundo”.

A Stille-Nacht-Kapelle marca o local onde a canção foi executada pela primeira vez. Foto: Wikimedia Commons A Stille-Nacht-Kapelle marca o local onde a canção foi executada pela primeira vez. Foto: Wikimedia Commons

A casa em que Gruber viveu por 28 anos, em Hallein, é hoje o Stille Nacht Museum – o “Museu Noite Feliz”. A Igreja de São Nicolau não existe mais: a região sofria com constantes alagamentos e o templo acabou por ser demolido em 1913. Porém, em seu lugar foi construída entre 1924 e 1936 a Stille-Nacht-Gedächtniskapelle, ou “Capela Memorial Noite Feliz”.

Traduções

A versão em inglês da canção surgiu em 1859, traduzida pelo padre episcopaliano John Freeman Young em Nova York. Já a versão em língua portuguesa é de 1912 e se deve ao frade franciscano Pedro Sinzig. Nascido na Alemanha, ele veio ao Brasil em 1898, aos 22 anos, e aqui foi ordenado padre e trabalhou por toda a vida – passou por Salvador, Lages (SC), Petrópolis (RJ) e Rio de Janeiro.

O frei Pedro Sinzig foi o autor da versão brasileira da canção. Foto: Academia Brasileira de Música O frei Pedro Sinzig foi o autor da versão brasileira da canção. Foto: Academia Brasileira de Música

Sinzig foi um dos grandes nomes da música sacra brasileira de sua época, além de jornalista e escritor, tendo sido membro da Academia Brasileira de Música, da Associação Brasileira de Imprensa e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Foi também consultor de muitos compositores nos assuntos referentes à música sacra, inclusive de Heitor Villa-Lobos, que lhe dedicou a sua Missa de São Sebastião.

O frade era ainda ativista antinazista. Publicou em 1938 no Rio sob um pseudônimo o livro O Nazismo sem máscara: fatos e documentos e em 1942 foi cofundador do movimento Alemanha Livre, que reunia cidadãos brasileiros de origem alemã e austríaca contrários ao nazismo. Sinzig morreu em 1952, durante uma viagem à Alemanha.

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