Ao serem genuinamente amadas, as crianças manifestarão o que possuem de melhor, se tornando adultos emocionalmente responsáveis.
Ao serem genuinamente amadas, as crianças manifestarão o que possuem de melhor, se tornando adultos emocionalmente responsáveis.| Foto: Bigstock

O escritor norte-americano Gary Chapman acredita que cada um de nós dá e recebe amor através de um tipo de linguagem: palavras de afirmação, tempo de qualidade, presentes, atos de serviço ou pelo toque físico. E não seria diferente com as crianças, que ao serem genuinamente amadas, manifestarão o que possuem de melhor, se tornando adultos emocionalmente responsáveis.

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Antes de tudo é preciso compreender a importância das relações na infância para a constituição e entendimento de mundo de cada indivíduo. “Hoje já se sabe, por meio de estudos, que desde a barriga da mãe a criança já escuta, cria relações afetivas com a mãe e com isso começa a se sentir pertencente e amada”, explica Maria Carolina Serpe, pedagoga especializada na primeira infância e gestora educacional do Colégio Senhora de Fátima, em Curitiba.

Isso porque, as crianças não criam de forma autônoma a sensação de segurança e pertencimento, e nem se predispõem fisicamente a isso. Portanto, é extremamente necessário para seu desenvolvimento sentir-se amada.

Ser amada e amar

A forma de receber o amor é construído junto com o desenvolvimento da criança, nas relações que a criança ela estabelece, nos valores familiares que a cercam ou no ambiente que está inserida, explica Graziela Becker, psicóloga materno infantil. “O modo de sentir-se amado vai sendo construído dentro da família e nas relações que a criança vai realizando. Deste modo ela vai aprendendo como identificar suas emoções, por meio da construção de sua inteligência emocional”, afirma.

Assim, o sentir-se amado relaciona-se à autoestima, segurança e autonomia da criança, interferindo no quanto ela se sente forte ou capaz de desenvolver as habilidades que possui. “De certa maneira, isso aumenta ou fortalece a segurança da criança, quando ela se depara com situações muitas vezes inesperadas ou situações que exigem dela alguma capacidade ou algum controle diferente”, exemplifica Graziela.

Além do crescimento físico e intelectual, o modo como a criança se sente amada também se modifica durante seu desenvolvimento. Ela muda a forma de enxergar o mundo segundo suas experiências, podendo ampliar sua visão ou alterar seu modo de pensar, considerando além do processo de desenvolvimento, sua consciência e o ambiente no qual vive. “Por exemplo, em situações onde a criança vive o processo de separação dos pais, há uma modificação na sua circunstância, com a criação de novos ambientes, no qual a criança vai descobrir como sentir-se amada por cada genitor de forma individual”, explica Graziela.

Como descobrir a linguagem do amor do meu filho?

Para descobrir qual a linguagem do amor dos filhos, não há fórmula mágica. É um exercício de observar no desenvolvimento deles como eles reagem às demonstrações de amor e assim direcionar o modo mais eficaz de interpretar os sinais, inclusive no período da adolescência.

“Mesmo que o adolescente não expresse que ame escutar de seus pais o quanto ele é importante, que não demonstre gostar de um abraço, ele sente calor humano e com isso o amor, que é imprescindível nesta fase em que tem muita necessidade de se sentir amados e aceitos por um grupo”, comenta a Maria Carolina.

O reconhecimento de que a criança se sente amada pode ser comprovado por meio da segurança que ela adota em suas relações, da forma de se comunicar e da autorresponsabilidade em lidar com as questões da própria vida, ainda que sejam mínimas.

Além do mais, a teoria do vínculo, construída por Henrique Pichon-Rivière e estudada desde 1980, comprova de modo científico que se a criança tem uma vinculação afetiva nos primeiros anos de sua vida, desde a concepção, sentindo-se amada e acolhida, principalmente por seus pais, a maneira como ela lidará na infância, adolescência e na fase adulta com seus problemas, dificuldades será muito melhor.

“Segundo a teoria, a identidade da criança é construída com crenças de que ela é importante, pertencente e responsável e com isso ela conseguirá amar o próximo, como também alcançar as metas que possui, sem medo de arriscar, pois sabe que o erro faz parte do processo de crescimento”, finaliza Maria Carolina.

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