Arquivo Pessoal: Karla Campos | Foto: Marcelo Augusto
Arquivo Pessoal: Karla Campos | Foto: Marcelo Augusto| Foto:

Nos momentos de profundo sofrimento, um gesto de amor e empatia pode não tirar a dor, mas com certeza dá a quem sofre uma dose de consolo e acolhimento. Foi com esse intuito que a equipe de enfermagem do Instituto da Mulher Dona Lindu, que fica na cidade de Manaus, Amazonas, decidiu fazer algo pelas mães e pais que perdem seus bebês.

“Tivemos a ideia de fazer o carimbo dos pezinhos do feto, a placentografia, que já é realizada nos outros partos, juntamente com uma cartinha do bebê para a família”, contou a enfermeira residente em Obstetrícia Karla Campos ao Sempre Família. “É uma lembrança simples, porém com muito amor e respeito”.

Marcelo Augusto Marcelo Augusto

A iniciativa ficou conhecida em todo o país depois de ser compartilhada pelo estudante de medicina Marcelo Augusto, que estava cumprindo seu último dia de estágio no hospital quando se deparou com as enfermeiras escrevendo uma carta para a gestante Marivete Fonseca Rodrigues e seu esposo, que perderam seu filho, Jander Gaell, na última segunda-feira (30), devido a uma grave infecção. Marivete estava com 21 semanas e três dias de gestação.

Sensibilizado com a atitude, o rapaz pediu para tirar uma foto e, em seguida, fez uma publicação no Facebook parabenizando a equipe. “Isso ganhou meu dia, ganhou minha semana, ganhou todo o tempo de estágio em que passei pelas maternidades de Manaus”, escreveu Marcelo na publicação.

O texto emocionante da carta “assinada” pelo pequeno Jander já recebeu mais de 60 mil curtidas e 46 mil compartilhamentos. “Ficamos muito felizes em saber que nosso simples gesto, que tinha apenas o intuito de consolar a família, iria sensibilizar tantas pessoas”, conta a enfermeira. “No dia seguinte, a família do Jander Gaell nos abraçou e agradeceu imensamente pelo que fizemos e estavam tão surpresos quanto nós, com a repercussão que a cartinha de seu filho teve”.

Humanizar a perda gestacional

Segundo Karla, diante de tantas discussões sobre temas como assistência ao parto humanizado, humanização, entre outros, surgiu entre a equipe a indagação: por que não humanizar a perda gestacional? “A paciente em processo de perda gestacional não deixa de ser mãe. Afinal, aquele bebê também foi desejado, esperado, amado”, explica a enfermeira.

Família do bebê Jander Gaell | Arquivo Pessoal: Karla Campos Família do bebê Jander Gaell | Arquivo Pessoal: Karla Campos

“Não se deve desqualificar uma mãe que perdeu seu filho por estar de braços vazios. Deve-se acolher, deve-se cuidar. Esperamos que essa ideia possa ser replicada sempre em todas as instituições que realizam esse tipo de atendimento”, pontua Karla. “Nem todos os dias são fáceis ou felizes, existem dias que a tristeza nos invade, porém não deixamos de atuar com amor, respeito, humanização e, acima de tudo, empatia, sempre nos colocando no lugar do outro”.

Estiveram envolvidas na iniciativa a equipe de enfermeiros do setor de Pré-parto, Parto e Puerpério do Instituto da Mulher Dona Lindu, as enfermeiras residentes em Enfermagem Obstétrica da Universidade do Estado do Amazonas e da Universidade Federal do Amazonas, os preceptores do plantão, as enfermeiras obstetras Liseane Bello e Said Cabus e as enfermeiras residentes Paula Machado, Larissa Almeida e Mainã Costa.

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