Culturalmente somos ensinados a não expressar a agressividade, mas esse sentimento deve existir e ser canalizado para algo bom
Culturalmente somos ensinados a não expressar a agressividade, mas esse sentimento deve existir e ser canalizado para algo bom.| Foto: Bigstock

Normalmente vista como algo negativo, a agressividade pode ser uma forma positiva de se expressar. Demonstrar esse sentimento de forma adequada, em vários casos, traz possibilidade de crescimento pessoal e, desde que não seja a única resposta para uma situação, é, sim, uma boa forma de se impor e reformular as próprias regras.

Siga o Sempre Família no Instagram!

Wallisten Passos Garcia, mestre em psicologia e especialista em terapia familiar, defende que é preciso desconstruir a negatividade. Para ele, culturalmente as pessoas são ensinadas a não expressar a agressividade e a raiva, mas esses são sentimentos necessários. “Temos que direcionar isso para uma força que nos motiva, uma determinação e um desejo de ação”, afirma. O que não pode acontecer é se deixar guiar pela agressividade.

Em relações mais intensas, como o casamento ou com colegas de trabalho, por exemplo, é mais comum que a agressividade se manifeste. Por isso uma resposta ríspida a determinada situação deve sempre estar acompanhada de uma reflexão. “A gente tem que pensar no que aconteceu e ter uma conversa bem assertiva com a pessoa envolvida na situação pra dizer o que sentiu”, ensina Wallisten.

Em relações mais próximas é comum fazer suposições e acreditar que o outro sabe o sentimento que causou. Mas normalmente não é isso que acontece por isso Wallisten destaca outro aspecto positivo da agressividade: “Às vezes você só tem coragem de conversar com o outro por causa dessa raiva. Aí você quer resolver porque quer ficar em paz”. Nesse caso, serve como motivação para uma conversa sincera.

Posicionamento

O psicólogo clínico Ramon Andrade Ferreira acredita que a agressividade é uma boa estratégia para quem está se sujeitando a certas submissões ou regras que foram impostas e nas quais não se acredita mais. “A agressividade é uma defesa e a pessoa, muitas vezes, aprende a usar para colocar limites”, aponta ele. Ele ainda destaca que ser agressivo não é a mesma coisa que ser violento ou ofensivo, é apenas uma postura mais firme. “Às vezes a pessoa precisa dar uma resposta mais agressiva porque ela não é ouvida”, também ressalta Ramon.

Externalizar esse sentimento, em alguns casos, é importante para a saúde mental e até física. Wallisten lembra que guardar uma emoção negativa só torna o problema maior e que, em algum momento, vai estourar. “Ou você direciona para alguém que não tem a ver com a história ou somatiza e pode até ter um transtorno mental”, alerta.

Expressar emoções de forma saudável é sinal de maturidade emocional. Ramon ainda reforça que tudo na vida deve ser um movimento. A agressividade não pode ser a única resposta para tudo. “O importante é a ideia de que não podemos ficar parados. Se parar só na agressividade ou só na alegria, é um problema. Temos que ter espaço para sentir todas as sensações”, conclui.

Deixe sua opinião