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Altura, lugares fechados, escuro, insetos, avião. O medo é aquela sensação desagradável que toma conta da nossa mente e do nosso corpo quando nos sentimos – mesmo que sem um motivo evidente – em alguma situação de perigo. Mas que tipo de ameaça uma emoção como o amor poderia oferecer? Por mais inusitado que pareça, não são poucas as pessoas ao redor do mundo que desenvolvem o medo de amar, conhecido como filofobia – dos termos gregos “philia” (afeição) e “phobia” (medo).

Os indivíduos que sofrem desse medo irracional de se apaixonar por alguém e formar laços emocionais, ao se perceberem diante desse sentimento, podem ter sintomas como náuseas, suor excessivo, respiração acelerada, falta de ar, dores no estômago, taquicardia, choro e até ataques de pânico. “A angústia é tão intensa que a pessoa prefere terminar o relacionamento para parar de senti-la”, explica a psicóloga Silvana Calixto ao Sempre Família.

Todos esses sintomas não se assemelham em nada com as famosas “borboletas no estômago”, comuns aos apaixonados. Segundo Silvana, a filofobia é um medo sem justificativa, desproporcional em ansiedade e a consequência mais evidente é não conseguir levar adiante nenhum relacionamento afetivo.

Possíveis causas

Como costuma ser também com outros tipos de fobia, o medo de amar atormenta pessoas que passaram por algum trauma. “Tudo depende da personalidade da pessoa. Quanto mais sensíveis, mais vulneráveis ao trauma”, explica a psicóloga. No caso da filofobia, esses possíveis traumas podem estar relacionados à rejeição materna ou paterna, a um ambiente familiar agressivo, a decepções afetivas e até à internalização de regras culturais – pessoas que ouviram por muito tempo, seja de alguém da família ou de líderes religiosos, que o envolvimento físico e emocional é algo negativo.

“Conheci uma pessoa que, quando criança, flagrou a infidelidade da mãe, a qual exigiu sigilo para que a família não terminasse. Este acontecimento desencadeou um trauma que impede esta pessoa de confiar nos outros, no que se refere ao afeto”, conta Silvana.

Como tratar a filofobia?

Segundo a psicóloga, a terapia é sempre o melhor caminho para tratar traumas e crenças limitantes, mas lembra que também é importante diferenciar o filofóbico das pessoas que escolhem não se envolver em relacionamentos sérios para não ter responsabilidades e não cercear sua liberdade.

A filofobia tem cura e existem vários tipos de tratamento para ela, como a terapia exposta ou dessensibilização, que expõe o paciente a situações relacionadas à sua fobia, a terapia cognitiva, que ajuda a pessoa a refletir sobre os pensamentos que o fazem sentir esse medo de amar e até mesmo medicamentos próprios para diminuir a ansiedade.

O importante é não deixar de buscar ajuda porque, em casos mais graves, a filofobia pode se estender também para as relações familiares e de amizade, acarretando o isolamento social e a depressão severa.

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