Muitas mães de primeira viagem lutam com problemas de saúde mental, principalmente após o parto. Porém é possível que os pais também sofram.
Muitas mães de primeira viagem lutam com problemas de saúde mental, principalmente após o parto. Porém é possível que os pais também sofram.| Foto: Bigstock

Muitos pais de primeira viagem lutam com problemas de saúde mental. Algumas pesquisas sugerem que até um quarto das mães e um em cada 10 pais sofrem de depressão após o nascimento de seus filhos. E, embora a conscientização e diálogo sobre as lutas de saúde mental tenham aumentado nos últimos anos, não sabemos muito sobre a experiência dos pais como uma unidade, mãe e pai. Isso é algo que nossa análise procurou descobrir. 

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Descobrimos que um em cada 30 casais luta contra a depressão após o nascimento do filho, como casal. Também revelamos que a depressão em casais persiste – e pode até se tornar mais comum – durante o primeiro ano após a chegada da criança.

Foram analisados 23 estudos que relataram taxas de prevalência de depressão em ambos os pais durante a gravidez e no primeiro ano após o parto (conhecido como período perinatal), com dados de quase 30 mil casais, em 15 países diferentes. Ao combinar as taxas de prevalência de cada uma dessas pesquisa, pode-se estimar que um a dois casais, em cada 100, experimentam depressão durante a gravidez. E que quando as mães estão deprimidas durante a gravidez, cerca de uma em cada dez gestanteshá uma chance maior de os pais também ficarem deprimidos.

O estudo também analisou alguns dos fatores comuns associados à depressão em casais antes e depois do nascimento de seus filhos. Alguns desses fatores incluíam baixa satisfação no relacionamento, brigas frequentes e baixo apoio social. Além disso, dificuldades financeiras, desemprego e trabalho excessivo dos pais foram associados à depressão no período perinatal.

Assim, a pesquisa não apenas destaca quantas pessoas podem sofrer de depressão antes e depois do nascimento de seus filhos, mas também mostra que a saúde mental de um dos pais pode ser afetada pela de seu parceiro. Por isso, saber quais fatores de risco podem tornar os pais mais propensos a sofrer de depressão perinatal também é importante, especialmente para profissionais de saúde e familiares quando se trata de fornecer apoio.

Dificuldades com a saúde mental

Sabemos por outras pesquisas o impacto que a depressão de uma mãe pode ter, não apenas em sua própria saúde e bem-estar , mas também na saúde de seu filho. Embora um relacionamento saudável entre pai e filho possa amortecer alguns desses impactos negativos, atualmente não há pesquisas que analisem o impacto que pode haver na criança quando ambos os pais estão deprimidos. 

Por isso, a visita pós-parto pode ser uma oportunidade importante para sugerir aos pais de primeira viagem consultarem com um médico que pode investigar quanto a quaisquer problemas de saúde mental. Além disso, há evidências de que a terapia familiar também pode ajudar a prevenir e tratar a depressão perinatal – e isso deve ser considerado quando ambos os pais estão lutando.

Mas pesquisas realizadas no Reino Unido, por exemplo, mostram que quase quatro em cada 10 novas mães não recebem uma visita pós-parto. Além disso, os pais não são rotineiramente incluídos nos cuidados durante e após a gravidez, deixando-os se sentindo excluídos e isolados.

Portanto, por meio da pesquisa, conclui-se que a depressão perinatal é comum para mães e pais – então, se você está lutando, saiba que não está sozinho em sua experiência e há muitos pais por aí que já estiveram em sua posição antes e sentiram a mesmo. Converse com seu médico, amigos de confiança ou familiares e saiba que há ajuda disponível.

*Kara L Smythe é pós-doutora e pesquisadora em saúde sexual e reprodutiva pela UCL

©2022 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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