Estudo brasileiro avaliou percepção de dor e hormônios associados ao estresse antes e depois da contação de histórias para crianças
Estudo brasileiro avaliou percepção de dor e hormônios associados ao estresse antes e depois da contação de histórias para crianças.| Foto: Bigstock

Em um estudo brasileiro feito com crianças de dois a sete anos, internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), os pesquisadores perceberam que leituras de até 30 minutos ajudaram a reduzir a sensação de dor, melhoraram a aceitação ao tratamento, e aumentaram a confiança nos pacientes. As informações foram divulgadas pela Agência Brasil.

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Conduzida pelo Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino e pela Universidade Federal do ABC, em parceria com a Associação Viva e Deixe Viver, a pesquisa envolveu 81 crianças internadas com condições clínicas parecidas de problemas respiratórios, como pneumonia, asma e bronquite.

Divididas em dois grupos, metade recebeu a visita de voluntários da Associação Viva e Deixe Viver que liam histórias infantis entre 25 a 30 minutos. A outra metade participou de jogos com perguntas de enigmas e adivinhações. As dinâmicas eram feitas com os mesmos voluntários e com duração igual ao primeiro grupo.

Os dados foram coletados com crianças internadas em 2018, antes da pandemia da Covid-19.

Resultados das histórias

Antes e depois de cada sessão de leitura ou jogos, os pesquisadores coletavam amostras de saliva de cada criança participante. O objetivo era analisar as oscilações de cortisol e ocitocina – substâncias associadas ao estresse e à empatia, respectivamente.

As crianças também passavam por um teste subjetivo com relação ao nível de dor que sentiam antes e após esses momentos, e faziam uma tarefa de associação livre de palavras. Para este segundo teste, elas observavam sete cartas com ilustrações de elementos que remetiam ao contexto hospitalar, e precisavam falar palavras que associassem a isso.

Nos resultados, que foram publicados no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores perceberam que os dois grupos de crianças tiveram benefícios. No entanto, o grupo que participou da contação de histórias teve resultados duas vezes melhores que o grupo das adivinhações.

De acordo com Guilherme Brockington, pesquisador associado do IDOR e primeiro autor do estudo, o contar as histórias "possibilita que, a partir do pensamento e da imaginação, a criança comece a habitar outro mundo, vá para outro mundo, o do personagem. Esse transporte que a narrativa permite, tira a criança daquele ambiente da UTI."

Em entrevista à Agência Brasil, o pesquisador ainda explica que ter duas ou mais pessoas conversando sobre a mesma história, e compartilhando aquele momento, se mostrou um elemento fundamental para aumentar o poder da narrativa.

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