Seu Joaquim e Dona Maria se casaram após um namoro durante a pandemia.
Seu Joaquim e Dona Maria se casaram após um namoro durante a pandemia.| Foto: Acervo pessoal

A pandemia do novo coronavírus atrapalhou os planos de muita gente que planejou festas de casamento ao longo de 2020 e desse 2021. Mas um casal em Santo Antônio da Platina, no norte pioneiro do Paraná, não se abalou com as mudanças impostas pelos protocolos de segurança sanitária e decidiu não adiar a felicidade.

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A noiva fazia questão de uma cerimônia religiosa e ontem à tarde ela subiu ao altar. Claro que não teve festa, mas essa história não é a de um casal qualquer.

Não é muito simples dizer qual é o momento certo de casar com alguém. Tem gente que jura que se apaixonou à primeira vista, outros afirmam que sempre souberam que seria aquele o amor de uma vida inteira, assim como tem gente que tem dúvidas até depois que decide juntar as escovas de dentes.

Não tem fórmula, não tem segredo, pra cada casal o momento é único e diferente.

E o tempo ideal de namoro antes de decidir pelo casamento? Também varia muito. Que tal apenas três encontros? Parece loucura? Mas e se o casal já tiver passado dos 80? Exatamente. 80 anos de idade. Os mais novos recém-casados da cidade de menos de 50 mil habitantes deixaram a juventude há bastante tempo.

A Dona Maria do Carmo Ribeiro Machado, de 80 anos, se casou com o seu Joaquim Gomes Ribeiro, de 87, menos de dois meses depois da primeira troca de olhares. A cerimônia foi na Igreja Matriz da cidade e reuniu alguns poucos familiares e conhecidos. A festa, que tinha sido planejada pelas filhas da noiva, precisou ser cancelada depois que os casos de Covid-19 lotaram as vagas dos hospitais da região.

Companhia de passeio

Dona Maria do Carmo era viúva há 8 anos e estava se sentindo muito sozinha. “Ela estava muito só. Meu pai e ela passeavam muito, então desde que ele faleceu ela estava tristinha”, conta a filha Geraldina Aparecida Machado Alvarez.

Foi quando uma das meninas decidiu arranjar um namorado para a mãe. O pretendente estava viúvo há menos de um ano e, quando conheceu a noiva, dia 30 de dezembro do ano passado, não teve um primeiro encontro muito romântico. “Nem café eu ofereci pra ele porque estava muito abatida”, revela a aposentada.

Pois no fim de semana seguinte seu Joaquim voltou a visitar a futura esposa. Dona Maria do Carmo continuou sem dar muita bola pra ele. Na outra semana, já mais animada, ela preparou o almoço, eles conversaram um pouco mais e então ele fez o pedido. Só que a noiva não esperava e, em um primeiro momento, achou que não estava com a saúde muito boa pra casar. Pediu que ele esperasse, pra ver se ela melhorava. A aposentada foi ao médico, tomou a medicação indicada e ficou boa rapidinho.

“Eu gostei dele. Ele é uma pessoa direita e muito boa”, se derrete dona Maria do Carmo. Então não teve jeito e ela foi logo dizendo 'sim'. O próximo passo era marcar a data do casamento porque, segundo a aposentada, se for pra morar junto, só casando. “Hoje até os velhos estão aprontando, ninguém casa mais. Eu falei que se não for pra casar, é pra parar por aqui esse namoro”, confessa.

As filhas adoraram a ideia. “Ela não tinha mais como morar sozinha e minha irmã precisava ficar toda hora visitando a mãe pra saber se estava tudo bem com ela. Assim ela tem uma companhia”, afirma Geraldina, que completa: “Velho tem que ter pressa, se está num relacionamento, não pode esperar muito”. Mais do que isso, Valdelice Ribeiro Machado de Aquino, outra filha da dona Maria do Carmo, acredita que é amor de verdade. “Quando fomos assinar os papeis na igreja pra marcar a data eles ficaram juntinhos, abraçados. Eles estão casando por amor e estão muito felizes”, enfatiza.

Por mais que a família não tenha se reunido para celebrar a união, o importante é que mesmo durante uma pandemia e na terceira idade, é possível encontrar o companheiro de uma vida e fazer planos para um futuro incerto, mas nem tão distante assim.

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