A luta de Guilherme Kovalski contra a Covid-19 começou em 23 de julho de 2020, e foram 219 dias hospitalizado, sendo 174 na UTI.
Guilherme Kovalski tem 36 anos, é diabético, e ficou quase 10 meses em tratamento até retomar suas atividades profissionais em regime de home office.| Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Kovalski

Uma postagem realizada pelo advogado Guilherme Kovalski em suas redes sociais na última semana se tornou sinônimo de esperança para familiares e amigos de pacientes com complicações graves relacionadas à Covid-19. “Fiquei 219 dias hospitalizado, sendo que 174 foram na UTI”, contou o paranaense de 36 anos, que passou mais três meses se recuperando em casa para conseguir voltar ao trabalho. Agora, “me sinto vivo e útil”, escreveu.

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De acordo com Guilherme, ainda não é possível realizar atividades externas ou atender clientes de maneira presencial, mas ele já faz audiências virtuais, petições e outras tarefas em regime de home office. “Sinto como se tivesse vários braços e várias pernas. Me sinto amado e agraciado por Deus por tudo que me proporcionou”, completou na postagem.

Em entrevista ao Sempre Família, o rapaz – que é hipertenso e diabético – conta que sua luta contra a Covid-19 começou no dia 23 de julho de 2020, depois de perceber os olhos vermelhos, começar a tossir e sentir febre. A partir de então, piorou rapidamente e chegou ao Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, com trombose pulmonar. “Fui internado e, logo no primeiro dia, tive embolia pulmonar [quando as artérias do pulmão ficam obstruídas por coágulos de sangue]. Isso comprometeu 90% dos meus pulmões e fez a equipe médica decidir pela minha entubação”.

Guilherme se viu entre a vida e a morte, e precisou se despedir da esposa e das duas filhas, uma menina de 7 anos e uma bebê de apenas 10 meses, que começaria a dar os primeiros passos nas semanas seguintes. “Ser entubado foi o pior momento para mim”, relata. “Eu pensava em tudo que ainda tinha para fazer neste mundo e, principalmente, em criar minhas filhas”.

No entanto, mesmo diante das incertezas, sua família lhe deu ânimo e a equipe de intensivistas também o encorajou. “Disseram para eu ser forte que logo estaria bem”, conta o advogado, lembrando que pediu à médica para atendê-lo como se fosse um filho dela. “Eu estava com medo, mas acreditei que Deus me ajudaria a ver minha família novamente”. E ele teve essa oportunidade.

Depois de 101 dias na UTI ouvindo médicos conversando a respeito de evoluções e regressões em seu quadro clínico e, mesmo entubado, recebendo áudios de parentes e amigos que o emocionavam quando o celular era colocado perto dos seus ouvidos, o advogado apresentou melhora significativa.

Ele foi transferido para a enfermaria da instituição e essa conquista foi muito comemorada por parentes e amigos, que até fizeram uma serenata em frente ao hospital, soltando 101 balões para representar os dias de luta do rapaz contra a Covid-19. Só que, infelizmente, a alegria durou pouco. “Depois que fui para o quarto, tive uma nova pneumonia e voltei para UTI, onde fiquei mais 73 dias”, lamenta Guilherme.

Ao todo, ele emagreceu 25 quilos, passou a sentir dores por todo o corpo, perdeu a fala e também o movimento das pernas devido às internações. Por isso, depois que recebeu alta novamente, começou a fazer fisioterapia duas vezes ao dia e a se alimentar por meio de um cateter diretamente na veia, para maior aporte calórico.

“Cada dia é melhor que o outro”

“Atualmente ainda não consigo andar, mas já posso falar, me alimento com comida normal e valorizo detalhes, como um simples gole de água”, disse à equipe do Sempre Família, garantindo que “cada dia é melhor que o outro”. Afinal, tem a companhia da esposa, poderá acompanhar o crescimento das filhas e trabalhar no que ama. “Tudo isso passou a ter muito mais valor para mim”.

Com tantos motivos para agradecer, ele afirma que, além de trabalhar como advogado criminalista, tentará ajudar outras pessoas que estão enfrentando a Covid-19 ou que ficaram com sequelas após o tratamento. Inclusive, “já estou fazendo lives contando minha história”, informa o curitibano, ao desejar força e coragem aos pacientes internados. “A união da família e o amor que recebi fizeram diferença no meu resultado, então, se você está passando pela doença, tenha fé e não desista. Lute até o fim, que tudo passará”.

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