Bigstock
Bigstock| Foto:

A perda de um filho é, sem dúvida, uma das piores situações que um casal pode enfrentar. Não há dor mais profunda. E ela pode se transformar em um turbilhão de emoções negativas que, muitas vezes, destrói o casamento como rescaldo da tragédia. O Sempre Família resolveu tocar nessa ferida aberta para muitas famílias e foi atrás de uma especialista que falou das condições necessárias para que a união sobreviva a essa situação tão difícil.

Dave Willis é colunista do site norte-americano Marriage Today, que dá dicas sobre família e casamento. Em um post sobre o luto, resolveu contar a trajetória de um casal muito próximo a ele que passou por essa triste e dolorosa experiência. “Jay e Mandra são o tipo de casal que qualquer um gostaria de ter por perto. Quando voltamos a morar na nossa cidade, há alguns anos, Jay foi o primeiro a aparecer para nos ajudar com a mudança. E também foi o último a sair, depois de carregar sozinho a maioria das coisas mais pesadas”, escreveu Dave. Um dia, no entanto, uma tragédia atingiu o lar desse casal incrível e os abalou profundamente.

Passar pelo sofrimento lado a lado

Dave conta que Jay estava em casa com os três filhos, enquanto Mandra havia saído. Ele entrou em casa para trocar o bebê e sua filha Jayden, de 4 anos, ficou brincando no quintal. Alguns minutos depois, o pai voltou, mas Jayden não estava mais lá. Ele começou, então, a andar pela casa procurando a menina, sem sucesso. Nesse momento, entrou em pânico e saiu pela rua perguntando aos vizinhos se tinham visto sua filha. Durante alguns segundos angustiantes, Jay resolveu olhar a piscina.

O significado da tatuagem de mãozinhas no pescoço deste pai vai te emocionar

Ele não tinha pensado nisso antes, porque ela sempre foi cuidadosa em ficar longe da água. Quando chegou lá, Jay viu a filha deitada no fundo da piscina. Instintivamente, mergulhou e tirou a menina de dentro da água. Com a filha nos braços, correu até a casa de uma vizinha que é enfermeira e juntos tentaram reanimar a menina até que a ambulância chegasse. Os momentos seguintes foram muito confusos para todos.

“Cheguei ao hospital pouco tempo depois de receber a notícia e me sentei com eles em uma sala de espera. Nós três choramos, oramos e esperamos. Esperávamos o melhor tentando nos preparar para o pior. O médico finalmente entrou na sala com o capelão do hospital para dar a notícia que estávamos torcendo para não ouvir”, relata o amigo.

A linda garotinha Jayden estava sendo mantida viva com a ajuda de aparelhos e não havia mais nada que os médicos pudessem fazer. Algumas horas depois, com a mãe deitada ao lado dela no leito do hospital, a menina foi declarada morta. “Foi a hora mais sombria que eu vi um casal enfrentando”, afirma Dave.

Aborto espontâneo: por que é preciso deixar a mãe viver a dor da perda?

Mas em meio à tanta dor algo chamou a atenção de Dave: enquanto Jay estava revivendo a cena o tempo todo em sua mente e se culpando pela morte da menina, Mandra calmamente o acariciava nas costas dizendo: “Amor, a culpa não é sua. Você é um pai maravilhoso. Fez tudo o que podia ter feito. Eu amo muito você. Você é um pai tão bom”.

Isso se tornou um momento decisivo no casamento deles. “Jay e Mandra escolheram passar pelo sofrimento lado a lado. Através da dor deles, continuaram a crescer no amor um pelo outro e pelos filhos, Chloe e Austin. O legado de Jayden vive em seus corações e nas muitas vidas que ela tocou nos curtos anos que passou por aqui. Esta família continua a inspirar todos que a conhece”, conta Dave em seu texto.

Sem culpas

Para a psicóloga Thereza Cristina Arruda Salomé D’Espíndula, especializada em Tanatologia (campo da Psicologia que estuda a morte e o luto), muitos casais acabam permitindo – numa situação como a do casal Jay e Mandra – que o luto coloque uma pedra entre eles. “É bastante previsível que isso aconteça. Vai depender muito de como esse casal interage e, principalmente, se existe um sentimento de culpa sobre a morte”, explica. Ainda segundo a especialista, “se houver essa culpabilização de um em relação ao outro, existe uma grande possibilidade desse casamento acabar ou então de sofrer um grande abalo”.

Como ajudar as crianças a lidar com a morte de um parente?

A psicóloga afirma que, em casos assim, o desejado é que toda a família se apoie e que não haja cobranças, tanto sobre “de quem é a culpa” quanto sobre a intensidade do sofrimento de cada um. “Não adianta dizer para uma mãe para ela parar de ficar chorando pelos cantos, que já se passaram tantos meses e que ela já deveria estar melhor. A gente pode imaginar a dimensão do sofrimento e ela não vai parar de chorar tão cedo. É preciso que cada um respeite a dor e o tempo de luto do outro para que o casamento sobreviva a um impacto desse tamanho”, concluiu.

***

Recomendamos também:

***

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter.

Deixe sua opinião