Josh Willink/Unsplash
Josh Willink/Unsplash| Foto:

Educar os filhos sem usar palmadas, chineladas e beliscões pode parecer impossível para alguns pais. No entanto, especialistas garantem que o modelo disciplinar livre de agressões – mas focado em regras claras e consequências lógicas – é a opção mais eficaz para criar filhos emocionalmente saudáveis. “Educar é estabelecer limites, guiar, mostrar como o mundo funciona e dar o exemplo”, afirma a psicóloga e pesquisadora Lídia Weber.

Por que devo educar meu filho sem palmadas, beliscões ou puxões de orelha? 

Por isso, ela garante que não é necessário machucar a criança para ensiná-la e que o aprendizado com base no carinho protege o filho de traumas, evita que ele tenha medo dos pais e o ensina a ter respeito, empatia, generosidade e tolerância. Mas como fazer isso? “O primeiro passo, é não pensar em ‘dar broncas’, mas em traçar estratégias educativas para minimizá-las”, afirma Lídia, que é doutora em psicologia e professora sênior da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo ela, isso é possível por meio do uso de regras claras dentro de casa e da apresentação de consequências. “Se você estabelece a regra de que a criança precisa guardar a bicicleta na garagem, por exemplo, é preciso mostrar que, além dos resultados naturais como ferrugem e sujeira, seu filho não poderá andar de bicicleta por três dias se não obedecer”, orienta a especialista.

Além disso, é importante ter regulamentos coerentes com a idade da criança e sem exageros. “Nada de falar que a criança vai ficar seis meses sem ver TV se tirar nota baixa, porque sabemos que isso não vai acontecer”, pontua a psicóloga. Então, no lugar de ameaças vazias, o ideal é usar penalidades lógicas, como exigir que a criança estude aquela matéria todos os dias no horário que antes jogava videogame. “E seja consistente, seguindo a regra sem alterá-la conforme seu humor”.

“Sabemos que não é possível ter regras para tudo, então quando houver uma falha grave, pai e mãe devem respirar fundo antes de falar com o filho”, aconselha a psicóloga.

Haverá momentos, no entanto, em que os pais se depararão com situações inéditas que ainda não foram conversadas com a criança – como no caso de ela correr pela casa e quebrar um vaso especial ou perder a calma e bater no irmão pela primeira vez. “Sabemos que não é possível ter regras para tudo, então quando houver uma falha grave, pai e mãe devem respirar fundo antes de falar com o filho”. Depois, “deve se colocar no lugar da criança, abaixar-se para falar com ela e expor as consequências de maneira calma”, aconselha a psicóloga.

Foto: Arquivo pessoal/Karyla Spitale Karyla e Gustavo educam seus filhos sem agressões. Foto: Arquivo pessoal/Karyla Spitale

É isso que o casal Karyla e Gustavo Spitale fazem com os filhos de três e seis anos quando percebem que eles desobedeceram alguma regra pré-estabelecida. Decididos a educar a primogênita Lívia e o caçula Eduardo sem agressões ou gritos, os pais conversam tranquilamente com as crianças, mostram as consequências de seus atos e procuram ensiná-las com diálogo e bons exemplos. “Tentamos ser modelos para eles, não gritando, não perdendo o controle e nos mantendo firmes naquilo que falamos”, relata a mãe.

Com isso, a analista de sistemas garante que os filhos são respeitosos, calmos e sociáveis. “O resultado desse formato disciplinar vai muito além de ‘educar’, porque cria um ser humano que sabe lidar com seus sentimentos, se comunicar e entender que suas ações refletem no próximo”, pontua.

Foto: Arquivo pessoal/Karyla Spitale Karyla garante que a educação positiva faz seus filhos serem mais respeitosos, calmos e sociáveis. Foto: Arquivo pessoal/Karyla Spitale

Só que, para isso, é necessário ter firmeza e seguir algumas dicas para ter sucesso. Veja a lista preparada pela doutora em Psicologia Lidia Weber:

1. Proteja seu filho

Crianças muito pequenas precisam explorar o ambiente e, nesse momento, podem quebrar algum objeto ou se machucar. Por isso, no lugar de ficar gritando com a criança para que ela se afaste do “perigo”, evite essas situações colocando vasos e outros itens “de risco” em locais mais altos, protegendo janelas e tomadas, e escondendo remédios e produtos de limpeza.

2. Mantenha a calma

É comum sentir raiva, mas é necessário regular esse sentimento para não agir baseado nele. Por isso, tenha um “cantinho da calma”, onde você possa respirar e refletir a respeito do fato que “o tirou do sério”. Além disso, pressione os lábios nos momentos de estresse e conte até 50, pelo menos, para não descontar a raiva na criança.

3. Estabeleça regras claras

Todas as regras – como escovar os dentes após as refeições, arrumar o quarto depois de brincar, dizer ‘bom dia’ e ‘por favor’ – devem ser explicadas com clareza aos filhos. Além disso, é preciso estabelecer horários para que a criança veja TV, mexa no celular, faça as tarefas de casa e brinque.

3 técnicas de comunicação que podem fortalecer o vínculo familiar

4. Apresente consequências lógicas

Se o seu filho pintou a parede, pode ajudar a limpá-la. Se ele bateu ou xingou o irmão, deve pedir desculpas, entender que o outro sentiu dor e reparar o dano com uma massagem ou curativo. De acordo com a especialista, essa reparação do dano causado ajuda a criança a regular suas emoções, voltar à calma, e a ensina a não repetir aquela ação novamente, pois saberá que seu comportamento traz consequências.

5. Mostre respeito pelo seu filho

Não ofenda ou ameace a criança, mas dedique tempo para conversar com ela, saber quais problemas têm enfrentado e mostrar que ela é importante. “Abrace, beije, faça carinho, repita que você a ama e que ela tem valor”, orienta Lídia, que também pontua a necessidade de elogios sinceros dentro de casa. “Valorize aspectos positivos do comportamento de seu filho. Isso nunca é demais!”.

6. Seja exemplo

Os pais precisam ser modelos para a criança e ensiná-la a agir sem violência. Para isso, é necessário agir com respeito, tranquilidade e transmitir bons valores por meio de seus atos. Além disso, “se a criança for provocada por algum colega, ensine-a a chamar um adulto e não a bater em quem a provocou”.

***

Recomendamos também:

***

Acompanhe-nos nas redes sociais: Facebook Twitter | YouTube

Deixe sua opinião