O projeto, que começou atendendo os profissionais de Segurança Pública de São Paulo há 10 anos, já alcançou 100 mil pessoas.
O projeto, que começou atendendo os profissionais de Segurança Pública de São Paulo há 10 anos, agora se estende a todo o Brasil.| Foto: Arquivo/Pão Diário Segurança Pública

Para cuidar bem do outro, é preciso, em primeiro lugar, estar bem consigo mesmo. Mas, infelizmente, essa não é a realidade de boa parte dos profissionais de segurança pública no Brasil. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2019, mostra que o número de policiais que se suicidaram em 2018, por exemplo, é maior do que os que morreram em confrontos com criminosos.

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Os dados são preocupantes e revelam que a carga estressante do cotidiano desses profissionais precisa ser dividida. E foi para isso que surgiu o projeto voltado para a Segurança Pública do Ministérios Pão Diário, organização sem fins lucrativos, fundada em 1938 nos Estados Unidos, e que começou suas atividades no Brasil em 1999.

No Brasil e no mundo

Hoje, o Ministérios Pão Diário atua em 156 países, produzindo e disponibilizando materiais relacionados a espiritualidade, ao bem viver e a área social, em 58 idiomas. Sua missão é ajudar pessoas de todo o mundo a aprofundarem seu relacionamento com Deus utilizando recursos que trabalhem questões diárias da vida.

No Brasil, o trabalho já é desenvolvido em escolas, hospitais, presídios, comunidades vulneráveis, comunidades indígenas e, nos últimos anos, com profissionais da segurança pública e forças armadas.

Pão Diário - Segurança Pública

Edilson Freitas, administrador de empresas e diretor nacional de Pão Diário, explica que o projeto voltado para os servidores públicos teve início na cidade de São Paulo há 10 anos e já alcançou cerca de 100 mil profissionais, incluindo militares, civis, bombeiros, entre outros. Segundo ele, é um trabalho fundamental porque o número de psicólogos para atender tamanha demanda ainda é pequeno.

“Temos trabalhado com capelania voluntária, preparando pessoas para que elas possam dar esse suporte aos profissionais de segurança pública, melhorando o relacional e trabalhando algumas áreas, como estresse, vícios, planejamento financeiro, família, entre outras”, explica.

De acordo com Freitas, o próprio comando da Polícia de São Paulo, bem como a superintendência da Polícia Federal de São Paulo apoiam a iniciativa. E foi a partir disso que surgiu o convite do Ministério da Justiça para firmar um acordo de cooperação para suporte nessa área, a nível nacional.

Parceria com o Ministério da Justiça

A parceria foi firmada por dois anos e os trabalhos acontecerão em 2022 e 2023. Freitas deixa claro que não há nenhum tipo de repasse financeiro por parte do Ministério da Justiça e que todo o investimento é realizado pela própria organização. “Por que uma organização vai fazer algo sem querer nada em troca? Porque é a nossa missão”, afirma.

O primeiro produto produzido e disponibilizado para os profissionais de segurança pública é um livro que foi desenvolvido por cerca de 200 escritores, entre coronéis, majores, capitães, sargentos, tenentes e, inclusive, psicólogos. “Nós treinamos essas pessoas na área de espiritualidade porque elas conhecem bem o meio e, então, elas escreveram trazendo, na linguagem delas, ali do dia a dia, dicas e reflexões para os seus colegas”, explica Freitas.

Depois, veio a criação de um aplicativo com cursos, reflexões, planos de leitura, rádio web e depoimentos gravados pelos próprios profissionais de segurança pública de forma voluntária. Além de tudo isso, o projeto também oferece palestras direcionadas para os temas de estresse, depressão e ansiedade e, ainda, um curso de espiritualidade voltado especificamente para o profissional que está passando por alguma dificuldade.

Frutos

Segundo Freitas, já são muitos os frutos da iniciativa na vida não somente dos servidores públicos, mas também na de suas famílias. “É difícil mensurar, mas recebemos muitas ligações de policias que estavam a ponto de se suicidar e são encaminhados para os capelães, para uma conversa. Temos alguns que não cometeram suicídio porque só queriam alguém para conversar com eles”, conta.

“Nosso objetivo não é formar uma igreja, até porque a maioria desses profissionais já têm uma religião e frequentam sua igreja. Nosso objetivo é a capelania, que nada mais é do que cuidar dessas pessoas e ajudá-las em sua vida diária”.

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