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Fraldas de pano, quarentena, banho proibido enquanto o umbigo do bebê não cair (ou então, uma moeda sobre ele para evitar o surgimento de hérnias), chazinho para a cólica, cerveja preta para o leite da mãe não secar. Tudo isso soa estranho? É, os tempos mudaram. Apesar de muitas recém-mamães ouvirem os conselhos e dicas daquelas que consideram ser a “voz da sabedoria” – suas próprias mães ou sogras –, alguns desses cuidados relacionados a maternidade são verdadeiros mitos e, hoje, já não fazem mais sentido.

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É claro que não estamos falando de todos esses ensinamentos, até porque, é somente através da experiência que se adquire a sabedoria, logo, os conselhos de mulheres que já foram mães são muito úteis. Mas é preciso também considerar uma outra realidade: as vivências da maternidade não são iguais para todas as mulheres. Mães e bebês têm suas particularidades, e o cuidado que foi necessário para um bebê, pode não ser para outro, ou a dica que foi útil para uma mãe, pode não ser para outra, e assim por diante. Para a psicóloga Gleice Justo, a grande questão que cerca esse mundo da maternidade cheio de conselhos para todos os lados, é que as pessoas tomam como base suas próprias histórias e experiências, desconsiderando a realidade, o contexto, a época em que o outro está inserido e, principalmente, as escolhas do outro.

Os conselhos sempre irão existir

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Mas é preciso ter limites. Esse tipo de comportamento se não for bem dosado, pode prejudicar as relações entre os pais do bebê e os avós, por exemplo. Segundo a psicóloga, é comum que as mulheres mais velhas da família criem, assim como a gestante, uma expectativa sobre aquele momento.“Os conselhos sempre irão existir, é natural do ser humano. Mas o principal aspecto é a gestante ter em mente que eles fazem parte e que ela precisará lidar com isso”, explica Gleice.

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Sabemos, no entanto, que lidar com os conselhos de mães, principalmente, ou de pessoas consideradas um exemplo de vida pela gestante, é muito mais difícil. “Carregamos uma crença de que aquelas pessoas ‘sabem mais’”, comenta Gleice. Contudo, a mãe do bebê não pode perder de vista que esse é o momento de construir o seu papel de mãe e que ninguém fará isso melhor do que ela mesma, junto com seu marido. O maior aliado será sempre o instinto de mãe, ele existe e funciona.

O que as avós devem fazer?

A avó pode dar uma bela lição de empatia e mostrar sua verdadeira sabedoria, ao compreender seus limites dentro daquela nova relação que está surgindo. Então, qual a melhor forma de lidar com as expectativas dessa fase sem deixar de estar por perto e ajudar a nova mãe, mas, principalmente, sem  deixá-la ainda mais nervosa com conselhos desnecessários? Gleice oferece algumas dicas importantes:

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– Busque ser presença. Compreenda que seus conselhos são apenas suas experiências, que provavelmente para você funcionaram, mas podem não ter o mesmo efeito para outras pessoas.

– Tenha em mente que as pessoas são diferentes e que cada um irá conduzir suas vidas a partir daquilo que considera o melhor para si.

– Busque ouvir a nova mãe, entender o que ela tem a dizer e, assim, poderão aprender mais coisas juntas.

– Não precisa deixar de contar suas experiências, mas apresente elas sem expectativa de que o outro irá fazer exatamente o que você queria. O diálogo irá sempre favorecer as relações mais próximas!

– Compreenda que essa nova mãe precisa de espaço para construir o seu novo papel. Nem sempre ela irá acertar e está tudo bem com isso. Com certeza você também não acertou sempre. Os tropeços da vida sempre ajudam a crescer.

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Encontrar o limite através do diálogo e respeito

A aposentada Sônia Aparecida de Araújo se tornou avó há dois anos e meio e percebeu nitidamente muitas diferenças entre os cuidados com um filho em sua época e hoje. “Existe muita diferença, na alimentação, na educação e também na facilidade de acesso a informações”, diz. “Na minha época, contávamos com a experiência dos mais velhos, com a nossa própria intuição, e o dom de ser mãe, que Deus nos concede no cuidado com os filhos”, conta a avó.

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Para ela, foi difícil lidar com essas diferenças, afinal, vó sempre gosta de aconselhar e dar opinião porque quer ver o bem dos filhos e, agora, dos netos. “Minha filha também acaba me pedindo conselhos, porque nossa experiência de vida deve ser levada em conta, mas hoje, as fontes de informações sobre o assunto de maternidade são imensas, então às vezes encontramos alguns pontos de divergência”.

Segundo Gleice, o limite está sempre no diálogo e no respeito às diferenças e decisões. Se desde o casamento, os limites forem sendo colocados pelo casal em relação às interferências dos pais, quando os filhos chegarem haverá uma facilidade maior em lidar com o lugar e o papel que cada um ocupa na relação familiar. “O não estabelecimento de limites necessários dificulta na educação dos filhos, as crianças precisam crescer em condutas alinhadas, se crescem com várias regras e educação diferente podem se confundir e não compreender o que de fato esperam dela. Podendo repercutir em seu comportamento”, afirma.

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