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Como já diria um velho ditado popular “na vida dá-se um jeito para tudo, menos para a morte”. Apesar de sabermos disso, nunca estamos realmente preparados para ela. A morte de um parceiro de vida ou de um ente querido, mesmo sendo, de certa forma, esperada (em decorrência de alguma doença, por exemplo), sempre irá causar dor e sofrimento. E, para aqueles que estão na terceira idade, a vivência desse luto pode ter algumas particularidades.

O luto não é um processo com um mesmo começo, meio e fim para todos. Cada pessoa passa por ele de uma maneira muito particular. Não há um tempo específico para durar e, muito menos, uma “receita” para passar por ele de forma menos sofrida ou mais rápida.

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No caso dos idosos, a perda de alguém querido é somada a outras perdas naturais dessa fase da vida. A psicóloga Manuela Pimentel Leite, do Hospital Pilar, explica que as perdas orgânicas (da audição, da visão, do corpo saudável) bem como as simbólicas (da independência, da autonomia, da autoestima) geram um contexto de fragilidade para o idoso. Nessa circunstância, a morte de alguém próximo o faz se questionar sobre sua própria existência e finitude.

Além disso tudo, algo que pode tornar mais difícil a vivência do luto para o idoso é o sentimento de culpa. Ainda que pareça estranho, este é um sentimento comum já que perder alguém que se ama quase sempre implicará na sensação de que “poderia ter feito ou falado algo mais”. Quando a culpa ou o arrependimento prevalecem no processo de luto de um idoso, é fundamental que a família saiba acolher no diálogo e procure confortar reformulando esses sentimentos.

 

A família deve suportar e não solucionar a dor

Assim como algumas atitudes podem ajudar o idoso nesse processo, outras podem prejudicar. O psicólogo e especialista em luto Luiz Henrique Michel lembra que dizer para o enlutado esquecer a pessoa ou pedir para que não fale mais sobre ela não irá lhe ajudar a lidar com a ausência.

Esse posicionamento, inclusive, pode dificultar a tarefa de se aprender a viver sem a presença deste ente querido, fazendo o idoso se sentir incompreendido, trazendo a sensação de desamparo. “Muitas vezes, os mais jovens tentam impor aos idosos aquilo que lhes parece ser melhor, mas isso é uma falta de respeito à sua autonomia”, aponta ele.

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Por isso, é importante segundo Michel, que a família adote o papel de incentivador e ajudá-lo a compreender sua velhice como um momento para reinventar-se, por exemplo. “Quando se percebe que, nessa fase da vida, existe a possibilidade de lançar-se em novos projetos, cria-se um caminho de convivência mais harmônica com a vida”, salienta. “ E isso acontece mesmo diante da morte de um ente querido e as mudanças significativas que a ausência deste impõem”, explica Michel.

 Mas, claro, durante esse processo de descobertas o enlutado talvez ainda queira conversar sobre a morte ou sobre as lembranças da pessoa que partiu. Conversar e compartilhar esses momentos pode ajudar a elaborar esse luto, fazer com que o idoso reflita sobre sua própria vida e finitude, afinal “é comum que ele passe a pensar sobre sua própria morte”, esclarece Manuela.

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