Após liberação da telemedicina durante a pandemia, teleodontologia permite monitoramento remoto na ortodontia.
Após liberação da telemedicina durante a pandemia, teleodontologia permite monitoramento remoto na ortodontia.| Foto: Bigstock

Durante a pandemia do novo coronavírus, o tratamento ortodôntico, que exige visitas frequentes ao dentista, também ganhou sua versão remota. “Visitar” o dentista sem sair de casa, mantendo a evolução no isolamento tem sido possível agora pela teleodontologia, prática regulamentada, desde o início de junho, pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO).

As “consultas” online são apenas para casos muito específicos da odontologia e a tecnologia não funciona para processos de limpeza, remoção de cáries, extrações, implantes ou tratamentos de canal, por exemplo. “É um contato apenas para acompanhamento”, diz o ortodontista Daniel Neves, adepto da teleodontologia. É por meio dessas informações que é possível acompanhar se a estratégia traçada está realmente surtindo o efeito desejado.

Por enquanto, o atendimento virtual se resume ao recebimento de fotos e vídeos enviados pelo paciente e à troca de mensagens por um aplicativo exclusivo para isso. “Mas já há sistemas em smartphones capazes de escanear a boca do paciente e, por meio da inteligência artificial, detectar se aquele dente movimentou conforme o previsto, ou não”, diz Neves.

Dúvidas por mensagem

Foi graças à possibilidade do telemonitoramento que a administradora Andréia Scheleider Marcon, que mora em Blumenau (SC), trocou as consultas mensais com o dentista da filha por visitas trimestrais ao consultório. Ela tem nove anos de idade e está usando alinhadores nos dentes desde janeiro. Se a menina precisa de algum suporte nesse meio tempo, o diálogo com o dentista é feito por mensagens de celular. “É muito bom e rápido. Para mim, gera mais tranquilidade e confiança, e o resultado está sendo ótimo”, diz.

Segundo Neves, antes mesmo da pandemia do novo coronavírus o desenvolvimento tecnológico já havia espaçado as visitas ao ortodontista. “Se antes você precisava visitar o seu dentista todos os meses para fazer a manutenção do aparelho fixo, hoje dá para usar alinhadores modernos que trabalham sozinhos por até seis meses”, afirmou.

O que é permitido

A resolução do dia 4 de junho deste ano, do Conselho Federal de Odontologia (CFO), que autoriza o uso da teleodontologia no país, estipula as regras para que seja exercida, proibindo que a seja usada para fins de “consulta, diagnóstico, prescrição e elaboração de plano de tratamento”, mas “autoriza o telemonitoramento de pacientes que já estejam em tratamento (no intervalo entre as consultas), devendo ser registrada em prontuário toda e qualquer atuação realizada nesses termos”.

A resolução também permite - enquanto durar o estado de calamidade pública - a teleorientação realizada por cirurgião-dentista, com o objetivo único e exclusivo de identificar, por meio da realização de questionário pré-clínico, o melhor momento para a realização do atendimento presencial.

Ainda pelo que estipula o documento, fica a cargo dos conselhos regionais de Odontologia a fiscalização e adoção de medidas administrativas ou judiciais contra profissionais que descumprirem as normas.

A vez dos dentes

Desde que o Ministério da Saúde liberou o uso da telemedicina no Brasil, mais de 2 milhões de pessoas já buscaram o serviço online só no estado do Paraná. A lei que permitiu “o uso da Medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doença e promoção à saúde” abriu caminho para que outras modalidades de atendimento à distância fossem regulamentadas, como é o caso da teleodontologia.

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