Casos de reações alérgicas deixaram dúvidas sobre a vacinação contra Covid-19. Confira quais são as recomendações dos especialistas
Casos de reações alérgicas deixaram dúvidas sobre a vacinação contra Covid-19. Confira quais são as recomendações dos especialistas.| Foto: Bigstock

O início da vacinação contra a Covid-19 com o imunizante da Pfizer/BioNTech gerou expectativa no mundo para o fim do combate ao novo coronavírus, mas também trouxe dúvidas. Questões com relação à segurança da vacina foram levantadas depois que dois profissionais da saúde tiveram sintomas de reação alérgica no Reino Unido.

Sobre essa e outras dúvidas, a médica pediatra Mona Hanna-Attisha explica quais cuidados precisam ser observados:

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Se eu tiver histórico de alergias, ainda assim devo me vacinar contra a Covid-19?

Se você tiver um histórico de alergias a alimentos, animais de estimação, insetos ou outros, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC, na sigla em inglês) recomenda que você continue com a vacinação, com um período de observação. Se você tiver um histórico de reações alérgicas severas, ou o que é chamado de anafilaxia, com outras vacinas ou terapias injetáveis, seu médico pode avaliar o risco, adiar a sua vacinação ou prosseguir, e então observá-lo depois da aplicação.

A única razão para evitar a vacina é uma reação alérgica severa a qualquer um dos componentes da vacina da Covid-19.

Como os eventos adversos serão acompanhados, quando a vacina for aplicada na população geral?

As agências regulatórias possuem canais para que a população entre em contato e registre os efeitos colaterais de medicamentos, vacinas, produtos cosméticos, alimentos, entre outras questões. No Brasil, esse canal está presente no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos Estados Unidos, por exemplo, trata-se do VAERS, ou Vaccine Adverse Event Reporting System (Sistema de Registro de Eventos Adversos de Vacinas, em tradução livre).

Registrar um efeito adverso é um passo crucial para garantir a segurança e ajudar no monitoramento das vacinas. A segurança é prioridade, e cientistas e autoridades sanitárias precisam saber sobre essas ocorrências.

Efeitos adversos são diferentes, em muitos casos, de uma reação típica das vacinas, como incômodo no local da aplicação da vacina ou mesmo vermelhidão. Os efeitos adversos são mais sérios. Se você não tiver certeza se o que você sentiu foi um efeito adverso normal ou mais grave, você pode registrá-lo.

Ao receber a vacina, os pacientes recebem uma ficha técnica com informações sobre o imunizante. Os profissionais da saúde que aplicam as vacinas são obrigados a reportarem qualquer efeito adverso após a vacinação. Além disso, pelos termos do uso emergencial do imunizante, os profissionais da saúde devem seguir qualquer relatório de segurança que surgir.

Quando que as crianças e adolescentes abaixo dos 16 anos vão poder ser vacinados?

É provável que leve, ainda, alguns meses — dependendo do país, pode ser que esse público só receba a vacina em 2022. As vacinas da Pfizer e da Moderna, que já receberam a aprovação de uso em alguns países, não são aplicáveis em crianças. Mais pesquisas e estudos clínicos precisam ser feitos para incluir crianças mais novas nos testes clínicos das vacinas contra a Covid-19.

De acordo com a Academia Norte-americana de Pediatria, a Pfizer recrutou crianças abaixo dos 12 anos e submeteu um pedido de autorização para o uso emergencial da vacina abaixo dos 16 anos. A Moderna também está se preparando para um estudo similar. No Reino Unido, a AstraZeneca também aprovou o recrutamento de crianças entre os 5 e 12 anos em estudos clínicos.

*Mona Hanna-Attisha é médica pediatra cuja pesquisa expôs a crise da água na cidade de Flint, nos Estados Unidos.

©2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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