Mudança nos rótulos vai beneficiar consumidores, que terão maior acesso às informações do produto que forem usar
Mudança nos rótulos vai beneficiar consumidores, que terão maior acesso às informações do produto que forem usar| Foto: Polina Tankilevitch / Pexels

Daqui a exato um ano, a partir de novembro de 2021, os rótulos das embalagens dos produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes comercializados no Brasil deverão ter a composição química e os ingredientes descritos em língua portuguesa. A mudança, que foi publicada nesta quinta-feira (5) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), afetará não apenas a rotina do consumidor, como também os cuidados com a própria saúde.

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A tradução dos compostos e ingredientes será especialmente benéfica para pessoas com alguma doenças de pele, ou mesmo veganos, que não utilizam produtos de origem animal, segundo exemplifica Francine Milenkovich Belinetti, médica dermatologista titulada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e professora de Dermatologia da PUC Londrina.

"Pacientes que possuem uma dermatite de contato alérgica, por exemplo, a pele deles é sensibilizada por alguma substância. Ao traduzir [as informações do rótulo], será muito mais fácil identificarem naquele produto se há ou não a presença do componente ao qual são alérgicos. Há um impacto muito positivo na saúde dessas pessoas, que não vão ter a exacerbação da própria doença", explica.

A médica reforça que, às vezes, as informações podem nem estar nos rótulos, ou estão na nomenclatura internacional, que é em inglês. De acordo com a resolução aprovada, a nomenclatura padrão continuará sendo obrigatória nos produtos, mas a tradução para a língua portuguesa deverá ser incluída, ainda que em etiqueta complementar. Se for o caso, a integridade das cores e do material da etiqueta deve ser mantida, sem que possa ser removida de forma parcial ou total.

Maior interesse

A mudança não é incomum no mercado, e a tendência é que as pessoas se acostumem e aproveitem essas informações, segundo Emerson Martim, coordenador de Engenharia Química da PUCPR.

"Há algumas décadas nem se falava em rótulos em alimentos, por exemplo, e hoje todos têm e é muito importante para pessoas com doença celíaca ou diabete. Os produtos da área de higiene e perfumaria seguem a mesma linha. Talvez, no começo, não ganhem tanta importância, mas com o passar do tempo as pessoas vão conhecer melhor aquilo que estão usando", destaca.

De acordo com a médica dermatologista Francine Belinetti, o acesso facilitado às informações também poderá favorecer uma postura mais questionadora do consumidor em relação às empresas e órgãos reguladores.

"Sabemos que determinadas substâncias e produtos que são liberados em alguns países são proibidos em outros. Um exemplo é o triclosan, substância antisséptica que foi proibida nos Estados Unidos há alguns anos, mas tem o uso liberado no Brasil. Com o acesso mais facilitado, talvez nós consigamos melhorar a qualidade desses produtos e nos adequar a padrões que outros países já conseguiram", explica.

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