Além de se preocupar com os horários do sol, especialistas recomendam que pessoas escolham partes "certas" do corpo para exporem.
Além de se preocupar com os horários do sol, especialistas recomendam que pessoas escolham partes “certas” do corpo para exporem.| Foto: Unsplash/Amy Humphries

Quem busca os raios solares para sintetizar a vitamina D ou para apenas se sentir melhor, não precisa temer o sol – mas também não pode deixar de se cuidar. O eterno debate entre dermatologistas e endocrinologistas sobre os riscos e os benefícios da exposição solar parece ter chegado a um consenso: ninguém precisa fugir do astro rei. Basta ter bom senso.

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Isso significa fazer escolhas conscientes, como orienta a médica dermatologista Jade Cury, coordenadora do departamento de Oncologia Cutânea da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Em vez de expor partes do corpo que são cronicamente expostas e onde há maior incidência de câncer de pele, como o rosto, peito e braços, por que não priorizar áreas que não tomaram tanto sol ao longo da vida?

"A barriga e a coxa, por exemplo, em geral ficam mais protegidas pela bermuda, maiô e roupa. Assim não há o acúmulo de danos em uma pele que pode estar fotodanificada ou com bastante lesão", explica a médica, que também é professora do departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da USP.

Tempo certo

Pensando na síntese de vitamina D, a dermatologista lembra que a questão do horário do sol também influencia. Como a produção do hormônio acontece pela exposição aos raios UVB, que são emitidos entre 10 e 16 horas, tomar sol fora dessa faixa não vai trazer o resultado esperado.

Mas, expor apenas partes específicas do corpo, e em um tempo curto, não causará maiores prejuízos, de acordo com Carolina Aguiar Moreira, médica endocrinologista, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo. "Pensando na vitamina D, a pessoa precisaria de 15 a 20 minutos de sol por dia, com uma exposição de 6% do corpo. Um pedaço da perna ou do braço seria suficiente", explica.

"A partir do momento que a pele começar a esquentar, esse é o sinal de que houve o estímulo para sintetizar a vitamina D", completa a endocrinologista, que também é professora da Universidade Federal do Paraná.

Verão

Para famílias que forem aproveitar as praias no verão, a endocrinologista sugere que, ao passar o protetor solar por todo o corpo, a pessoa deixe uma área pequena descoberta, para que o sol aja por 20 minutos. Na sequência, aplique o protetor, e reaplique sempre depois que sair da água, suar ou passadas duas horas.

Suplementação

A ação da vitamina D no organismo está ligada à saúde dos ossos, mas não apenas. Como é uma vitamina que ajuda na absorção do cálcio, manter os níveis adequados favorece o tratamento e a prevenção da osteoporose, bem como melhora na força muscular, na imunidade e auxilia também na saúde mental.

Seja devido a uma doença de pele (lúpus ou quem já teve câncer de pele, por exemplo), ou mesmo pela idade, nem todo mundo pode se expor ao sol da mesma forma. Para esses casos específicos, há a suplementação, sob recomendação médica.

"Se a pessoa fizer uso sozinha, pode acabar tomando uma quantidade muito acima da que precisa. Como a vitamina D tem a função de absorção do cálcio, em uma dose alta pode levar ao aumento do cálcio no sangue e gerar alterações", explica a endocrinologista Carolina Moreira.

Interferência

Como a pele perde, com o passar dos anos, a capacidade de sintetizar a vitamina D, uma pessoa idosa pode precisar, eventualmente, de suplementação ou de um tempo maior de exposição ao sol. "Geralmente aqueles com maior risco para osteoporose e para sarcopenia [perda da massa muscular] recebem também a indicação de suplementar, mas é interessante dosar para ver como está", explica a endocrinologista.

Pessoas com a pele mais clara produzem mais vitamina D, enquanto que pessoas com a pele mais escura, pela produção maior de melanina, estão em maior risco para a deficiência, segundo Carolina. A especialista chama atenção também para as pessoas com obesidade, que tendem a ter também maior deficiência na vitamina.

"A vitamina D fica estocada no tecido adiposo, então vemos com maior frequência a deficiência nesse grupo de pessoas. Há também uma questão comportamental, de não se expor, de não colocar roupas mais curtas. Por este motivo, é importante que elas também deixem a pele mais exposta", destaca.

Entre os bebês, a indicação da suplementação já é rotina, pensando na prevenção ao raquitismo [doença óssea causada pela falta da vitamina].

Riscos do sol

O principal risco associado a uma exposição sem controle aos raios solares é o câncer de pele. De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA), trata-se do câncer mais frequente, correspondendo a 30% de todos os tumores malignos registrados no país.

A prevenção passa pelo uso do protetor solar. "O ideal é usar o protetor todo dia, porque o dano acumulado ao longo da vida, da radiação solar, faz mal não só pensando no câncer de pele, mas também com o surgimento de manchas e o envelhecimento da pele", destaca a médica dermatologista.

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