Dor ao urinar, pouco volume, cheiro forte ou mesmo sangue na urina podem ser sinais de uma infecção urinária
Dor ao urinar, pouco volume, cheiro forte ou mesmo sangue na urina podem ser sinais de uma infecção urinária.| Foto: Bigstock

Como a uretra – canal por onde o corpo elimina a urina – fica muito próxima do ânus – abertura por onde saem as fezes –, é comum que a primeira acabe colonizada por bactérias do trato gastrointestinal. A consequência pode ser o desenvolvimento de uma infecção urinária, que atinge principalmente as mulheres, mas também pode ocorrer em crianças, especialmente as recém-nascidas, e em idosos.

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"Quando essas bactérias conseguem penetrar através da uretra e chegar na bexiga, vão causar a infecção urinária, também conhecida como cistite. Se, através da bexiga, conseguem atingir os rins, vão causar a pielonefrite, infecção dos rins, que tende a evoluir para casos mais graves e necessita de internação", explica a médica infectologista Thaís Guimarães, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em entrevista para o Jornal da USP.

Os sinais de alerta são:

  • Ardor;
  • Dor ao urinar;
  • Vontade de ir ao banheiro com frequência;
  • Pouco volume de urina;
  • Cheiro forte na urina;
  • Sangue na urina.

Para confirmar o diagnóstico, exames físicos e laboratoriais podem ser feitos, como a urocultura, ou o exame de urina. Estima-se que a infecção urinária ocorra em até 30% das mulheres em algum momento da vida. Há, no entanto, um pico de incidência no início da vida sexual, na gestação e após a menopausa.

"Em casos de ITU [infecção do trato urinário] de repetição, é preciso procurar um especialista para avaliar se há algum fator predisponente e indicar qual o melhor método de prevenção a ser usado. [...] Embora na maior parte das vezes seja um quadro reversível, se não tratada, pode evoluir para uma doença renal crônica, ou até sepse e morte", explica Fernanda Torras, médica ginecologista e obstetra, em entrevista para a Agência Brasil.

Antibióticos no tratamento

Por se tratar de bactérias, o único tratamento para a infecção urinária são os medicamentos antibióticos. O paciente pode ainda receber outros tipos de remédios, mais voltados ao combate da dor ou à prevenção de novos casos.

O uso de sabonetes íntimos pode ajudar a diminuir o problema, de acordo com a médica infectologista. "Por terem um PH ácido, podem propiciar uma mudança na microbiota ao redor da uretra, principalmente às mulheres que têm infecção urinária de repetição,  já que diminuem a quantidade de bactérias presentes na região", reforça Guimarães.

A ginecologista e obstetra Torras lembra, porém, que a indicação tem que ser individualizada. "A flora vaginal tem um pH naturalmente ácido, com bactérias que ajudam na prevenção de infecções. Alguns sabonetes, incluindo os íntimos, têm componentes químicos que alteram o pH vaginal, eliminando as bactérias que ajudam na defesa da região e interferindo no funcionamento do sistema imunológico vaginal."

Caso a pessoa tenha mais de três infecções urinárias em seis meses (ou mais de seis em um ano), caracteriza-se uma infecção urinária de repetição. O tratamento, neste caso, vai depender de uma investigação médica, para avaliar se não há nada obstruindo o sistema do trato urinário do paciente.

Como prevenir a infecção urinária?

A principal forma de prevenir a infecção urinária é por meio de uma boa higiene da região genital – especialmente depois da evacuação ou de relações sexuais. Outras medidas são:

  • Evitar o uso de roupas apertadas;
  • Evitar o uso de calcinhas úmidas;
  • Manter o controle de doenças crônicas, como diabete;
  • Manter relações sexuais com a bexiga relativamente cheia, e fazer xixi logo após;
  • Tomar bastante líquidos;
  • Evitar ficar longos períodos sem urinar;
  • Fazer uso de cranberry.

"Os extratos de cranberry reduzem a capacidade das E. coli uropatogênicas de aderir ao epitélio do trato urinário. A Escherichia coli é a bactéria responsável por cerca de 80% das ITUs e é um micro-organismo normal da nossa flora intestinal. Algumas cepas são virulentas e, muitas vezes, responsáveis pelas infecções urinárias", explica a ginecologista Fernanda Torras.

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