Novo estudo apresenta resultados positivos do uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19, mas ainda exige atenção, segundo especialistas
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Um novo estudo envolvendo a hidroxicloroquina mostrou possíveis benefícios do medicamento entre pacientes contaminados pelo novo coronavírus. Desenvolvida por pesquisadores chineses, a análise foi divulgada nessa semana, mas ainda não passou por revisões e deve ser vista com cautela, segundo especialistas.

Nesta quinta-feira (02), o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta citou o estudo durante a entrevista coletiva, ressaltando se tratar de uma pesquisa ainda incompleta, que não passou por todos os processos científicos e que, embora tenha trazido bons resultados, podem ou não ser confirmados.

"Esse paper não passou por nenhuma revisão, ele é pequeno, são só 62 pacientes. Nós acompanhamos esse grupo desde o início de fevereiro. Esse paper não passou pelo que passa normalmente para publicar de modo científico, que a gente bombardeia os trabalhos para ver falhas antes de publicar. Ele foi publicado com um asterisco, por não ter sido 'bombardeado' por outros trabalhos. Ele pode, eventualmente, ao ser questionado, testado, pode não manter aquela performance. Mas já é um caminho, já é algo que a gente tem no nosso horizonte", comentou o ministro durante a coletiva.

Dos resultados identificados pelos pesquisadores em análise de 62 pacientes, aqueles que fizeram uso da medicação tiveram os sintomas reduzidos, como febre, tosse e mesmo os sinais de pneumonia, mais rapidamente do que em relação aos que não receberam o remédio.

Dois dos participantes do estudo, no entanto, tiveram efeitos colaterais da hidroxicloroquina, como erupção cutânea e dores de cabeça.

Vale ressaltar que o estudo ainda deve ser visto com cautela, por envolver um número pequeno de participantes (62 pessoas com o diagnóstico da Covid-19), sendo que todos tinham sintomas leves a moderados, e nenhum caso era severo. Os pesquisadores também não deixam claro se havia alguma diferença na severidade dos casos entre os pacientes que receberam a hidroxicloroquina e os que não receberam.

Assim como outras pesquisas envolvendo a nova doença, essa foi divulgada através do servidor medRxiv, e não passou por nenhuma revisão por outros pesquisadores da área.

Hidroxicloroquina indicada a poucos

Por enquanto, a hidroxicloroquina não é uma medicação indicada aos pacientes com o diagnóstico da Covid-19. Ela pode ser usada apenas por pessoas com doenças reumáticas, como artrite reumatoide, lúpus e malária. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso do medicamento apenas para casos graves da Covid-19, e sob critério médico.

Isso significa que o remédio só pode ser administrado aos pacientes em estado grave, hospitalizados, para os quais não há nenhum outro tratamento disponível - e essa é uma avaliação médica.

Médicos especialistas alertam que, caso a medicação seja usada por pessoas sem indicação, há o risco de efeitos colaterais significativos, como arritmia cardíaca e problemas oftalmológicos.

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