A placenta possui as enzimas usadas pelo coronavírus para entrar nas células humanas. Isso aumenta o risco de pré-eclâmpsia.
A placenta possui as enzimas usadas pelo coronavírus para entrar nas células humanas. Isso aumenta o risco de pré-eclâmpsia.| Foto: Bigstock

Grávidas diagnosticadas com a Covid-19 estão em maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, de acordo com um artigo publicado na revista científica Clinical Science. A condição se caracteriza pelo aumento da pressão arterial persistente durante a gestação, que pode trazer complicações para a grávida e o bebê. As informações são da Agência Brasil.

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A revisão, que teve uma parte conduzida no Brasil, sob coordenação da professora Dulce Elena Casirini, da Escola de Medicina da Unifesp, descreve o papel fisiológico das enzimas conversoras de angiotensina 2 (ECA2) — porta de entrada do coronavírus (SARS-CoV-2) nas células humanas — em diferentes aspectos do desenvolvimento da placenta, e da regulação hemodinâmica da gestante.

"Por ser também receptora do SARS-CoV-2, [a placenta] acaba promovendo um risco maior em quadros de Covid-19 pois o órgão se torna alvo do vírus assim como o pulmão, os rins e o coração. Vimos nesse trabalho que a resposta varia muito de uma paciente para outra, mas leva, sem dúvida, a formas graves da doença", explica Casirini.

Assintomáticas também estão em risco de pré-eclâmpsia

Dados do estudo mostraram também que a infecção do coronavírus durante a gravidez aumenta a probabilidade de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, mesmo entre pacientes assintomáticas.

Além disso, quadros graves da Covid-19 também contribuem para nascimento de bebês prematuros. Novos estudos, que contam com a parceria do Centro Integrado Universitário de Saúde e Serviços Sociais de Montreal, no Canadá, buscam entender a maior disposição de gestantes a contrair o novo coronavírus e o papel da doença na pré-eclâmpsia.

Mortes maternas em 2021 superaram o número de 2020, de acordo com os dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 da Fiocruz. "Em 2020, foram 544 óbitos, com média semanal de 12,1 óbitos, considerando que a pandemia se estendeu por 45 semanas epidemiológicas. Até 26 de maio deste ano, transcorridas 20 semanas epidemiológicas, foram registrados 911 óbitos, com uma média semanal de 47,9 mil óbitos", destaca a professora.

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