Ministério da Saúde desmente notícia falsa enviada por WhatsApp de que governo vai entregar "um kit de álcool em gel por endereço".
| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Com a alta demanda e a escassez do produto em supermercados e drogarias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou as farmácias de manipulação para produzirem e venderem álcool gel de forma direta ao público, a pronta entrega. A autorização veio por meio da resolução RDC nº 347, de 17 de março, que foi publicada nesta quarta-feira (18) em diário oficial.

Embora capacitadas para produzir, as farmácias de manipulação só podiam fabricar o álcool em gel sob demanda.

"Altera o entendimento. Antes não podíamos manter em estoque produtos antissépticos para o consumidor final, agora foi flexibilizado. A farmácia de manipulação pode fazer isso apenas com pouquíssimos produtos, como regra geral apenas mediante a prescrição de um profissional habilitado, um receituário de um médico ou nutricionista", explica o diretor executivo da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), que representa a categoria, Marco Fiaschetti.

A autorização de emergência para o enfrentar o novo coronavírus é temporária e vale por 180 dias (seis meses) a partir desta quarta (18). "Em meio a essa crise, não tinha sentido esperar para preparar. Agora oito mil farmácias de manipulação no país vão poder oferecer o produto", comenta Fiaschetti.

Produtos liberados

Além do álcool gel, foram liberadas as produções para pronta entrega de álcool etílico 70% (p/p), álcool etílico glicerinado 80%, álcool isopropílico glicerinado 75%, água oxigenada 10 volumes e digliconato de clorexidina 0,5% – todas preparações antissépticas ou sanitizantes que podem ser utilizadas no combate ao coronavírus.

O álcool isopropílico, por exemplo, é recomendado para a limpeza de equipamentos eletrônicos. Para a proteção das pessoas, o indicado é o álcool gel ou mesmo o álcool etílico 70%, embora esse seja mais adequado para limpar superfícies, como uma bancada.

Para o álcool etílico 70%, etílico glicerinado 80% e o isopropílico 75%, a produção só pode ser feita em frascos de até 50 mL. Já para o álcool em gel não há limitação.

"Pode ser oferecido um frasco de 250 g sem problemas", afirma Fiaschetti.

Preço maior

O diretor da Anfarmag explica que o preço de comercialização deve ser um pouco acima do que o álcool gel industrializado encontrado em drogarias (quando este está com o preço normal).

"A indústria compra o álcool de caminhão-pipa e a matéria-prima [para produção do álcool] é em dólar. Então a farmácia tem um incremento no custo, pois compra de quantidades menores, por meio de intermediários. É outra estrutura de custo, [o preço] vai depender também do porte de cada farmácia", explica.

Fiaschetti diz que, até por essa diferença de tamanho dos estabelecimentos, não é possível tabelar o preço do produto. "Porém é preciso alertar que um preço 500%, 600% acima não me parece razoável".

Ele também diz que o setor está disponível à sociedade caso eventualmente venha faltar alguns tipos de medicamentos.

"Uma das funções das farmácias de manipulação é formulações na área da saúde quando há uma ruptura. Aconteceu na época do Plano Cruzado, quando a indústria não tinha competitividade devido ao tabelamento de preços e a população ficou desabastecida".

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