Uso limitado de redes sociais, filtrar informações e avaliar se vêm de fontes confiáveis são medidas para evitar crises de pânico
| Foto: Mike Palmowski/Unsplash

Todos nós tendemos a ficar mais ansiosos com a situação da pandemia do novo coronavírus e do isolamento social necessário para combater a Covid-19. De acordo com uma pesquisa recente da Universidade do Sul da Califórnia, cerca de 40% dos norte-americanos estão sentindo ansiedade com o contexto atual. No Brasil o que se percebe não é algo diferente. E é necessário estar ainda mais atento quando se trata de alguém que já teve quadros de ansiedade – ou mesmo de síndrome do pânico – diagnosticados.

Antes de tudo, é importante distinguir os diferentes níveis de ansiedade. É normal sentir ansiedade quando estamos um pouco apreensivos com certas situações – sobretudo em um contexto como o atual. “É importante lembrar que estamos vivendo um momento que é mais tenso e que gera ansiedade nas pessoas. É esperado que estejamos mais ansiosos nesse momento”, explica o psiquiatra Eduardo Ribas. “É num nível um pouco mais elevado que estão as crises de ansiedade, em que ficamos muito tensos, temos algumas alterações hormonais e apresentamos sintomas que variam de paciente para paciente”.

“Já quando a ansiedade é ainda maior e essas descargas hormonais se dão em um nível muito elevado, acontece a crise de pânico. Ela se caracteriza principalmente por uma sensação de morte iminente, que dura em média de 15 a 30 minutos. Junto disso, vêm os sintomas físicos: dor no peito, falta de ar, tremores e sudorese”, esclarece o psiquiatra. A síndrome do pânico acontece quando essas crises de pânico se intensificam, acontecendo mais vezes ao longo do dia e por vários dias.

Em qual fase se deve buscar ajuda?

De acordo com Ribas, o momento deve ser discernido pelo paciente. “É importante procurar ajuda – seja o atendimento psicológico, seja uma avaliação psiquiátrica – quando notamos que não estamos dando conta de lidar com a ansiedade ou quando os seus sintomas estão causando um sofrimento excessivo”, indica o psiquiatra.

Tanto aqueles que já têm o diagnóstico de quadros como esses quanto aqueles que se percebem próximos a isso podem tomar uma precaução importante nesse momento para evitar pioras: limitar o tempo que se gasta consumindo informações sobre a pandemia. “Essa hiperconectividade acaba gerando um sentimento maior de ansiedade”, aponta Ribas. “Por isso é importante fazer uso limitado das redes sociais, filtrar bem as informações que estamos recebendo e avaliar se vêm de fontes confiáveis”.

Os familiares e aqueles que convivem com pessoas que já foram diagnósticas com síndrome do pânico ou quadros semelhantes também precisam ter um cuidado especial. “A nossa orientação é sempre que as pessoas mais próximas busquem ter um olhar mais compreensivo e acolhedor em relação ao paciente”, afirma o psiquiatra. “Se o familiar perceber que está ocorrendo uma piora do quadro, ele pode pontuar isso com o paciente e se necessário ajudar a procurar ajuda especializada”.

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