Pacientes com diabete descompensado estão em maior risco para uma sequela grave da doença: amputação de membros inferiores
Pacientes com diabete descompensado estão em maior risco para uma sequela grave da doença: amputação de membros inferiores| Foto: Arquivo / Agência Brasil

Entre janeiro a agosto deste ano, 10.546 amputações de membros inferiores foram feitas no Brasil, decorrentes de complicações do diabete. Isso representa 43 amputações por dia, realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao custo de R$ 12,3 milhões, de acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados pela Agência Brasil.

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Quando há uma descompensação da doença – quando os pacientes não controlam adequadamente as taxas de açúcar no sangue, ou a glicemia – pode ocorrer a perda da sensibilidade de pés e pernas, o que levar a lesões não sentidas e não tratadas. A falta de cuidados é a causa mais comum (60%) para esse desfecho, que é a perda do membro inferior.

Dados da Sociedade Brasileira de Diabetes indicam que na grande maioria dos casos (85%) o problema aparece como uma lesão nos tecidos dos pés, chamada de ulceração. Essa condição pode ser tratada, mas caso não seja, evolui para o chamado pé diabético. Quando há a gangrena do tecido, isso pode levar a amputação.

Sinais de alerta

Frieiras, bolhas, ferimentos e calos nos pés são alguns dos sinais que os diabéticos precisam ficar atentos, e alguns cuidados extras devem ser tomados com relação aos membros inferiores, como:

  • Após o banho, secar bem os pés, com cuidado e dando atenção aos dedos;
  • Manter a pele hidratada com cremes;
  • Fique atento ao surgimento de frieiras, ou pé de atleta;
  • Preste atenção ao surgimento de bolhas, ferimentos ou calos.

Os cuidados com a doença foram prejudicados durante a pandemia. De acordo com dados de um estudo feito no início da disseminação da Covid-19 pelo Brasil, 59,4% dos participantes diabéticos relataram um aumento, diminuição ou maior variabilidade nos níveis de glicose. Ainda, 38,4% deles disseram terem adiado as consultas médicas e exames de rotina, diante da recomendação para que todos ficassem em casa. Mais da metade, 59,5% diminuíram a prática de atividade física.

A pesquisa ouviu 1.701 pacientes entre os dias 22 de abril e 4 de maio e os resultados foram publicados em agosto no periódico científico Diabetes Research and Clinical Practice.

Em setembro, outra pesquisa com o público diabético foi iniciada pela USP e Unifesp, com apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes. Podem participar pessoas com o diagnóstico da doença, maiores de 18 anos e que residam no Brasil. O formulário está disponível aqui.

Covid-19 e diabete

Pessoas diabéticas têm maior risco de complicações pela Covid-19, e inclusive estuda-se a possibilidade de desencadeamento da doença crônica a partir da infecção pelo novo coronavírus. O projeto internacional CoviDiab Registry, inclusive, reúne dados do mundo inteiro sobre a relação entre diabete e Covid-19.

"Dado ao curto histórico de contato humano com a COVID-19, esse registro nos ajudará de forma rápida a entender como a diabete relacionada à COVID-19 se desenvolve, sua história natural e o melhor tratamento. Estudar a diabete relacionado à Covid-19 pode, inclusive, revelar novos mecanismos da doença", argumentam os pesquisadores no site do projeto.

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