Escrever à mão em vez de só teclar ajuda no desenvolvimento de capacidades relacionadas à linguagem, memória, atenção e planejamento
Escrever à mão em vez de só teclar ajuda no desenvolvimento de capacidades relacionadas à linguagem, memória, atenção e planejamento| Foto: Bigstock

Com a necessidade de realizar aulas online devido às restrições sociais exigidas para o combate à Covid-19, se tornou ainda mais comum ver crianças usando dispositivos eletrônicos para se distrair e aprender. No entanto, sabemos que o uso excessivo da tecnologia torna-se um vício tanto para adultos quanto para as crianças e estudos mostram que tablets e smartphones são associados ao déficit de atenção, à ansiedade e à depressão.

Por isso, ainda que as atividades escolares sejam transmitidas atualmente pelas telinhas, é necessário que pais e professores encorajem os alunos a desenhar e escrever à mão neste período. “Assim, estarão estimulando as áreas cerebrais responsáveis pelos processos de linguagem, controle motor, atenção e memória”, afirma a psicopedagoga Michele Garcia Paes.

Especialista em psicologia aplicada à educação, ela garante que esse incentivo é necessário em qualquer faixa etária, pois prepara meninos e meninas para aprendizados futuros ao estimular as funções cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. “Além disso, sem esse estímulo ou ficando muito tempo sem escrever com papel e caneta, a criança perde a mobilidade e destreza para a escrita, e pode apresentar comprometimento em sua capacidade de entender as coisas ao redor”.

Nesses casos, é possível apresentar dificuldade para ler, ter problemas de atenção e ainda nas aptidões de interpretar e memorizar textos. “Então, praticar a escrita é fundamental”, garante a especialista, ao sugerir diversas atividades que podem ser realizadas pelos pais dentro de casa, principalmente neste período de isolamento.

Como incentivar a escrita à mão

“Basta mostrar a função da escrita no dia-a-dia”, incentiva Michele. Para isso, “peça ajuda do seu filho na hora de elaborar uma lista de compras, copiar uma receita ou anotar alguma tarefa”. E também é importante incentivar os filhos a copiarem as informações passadas na aula pelo professor e até a usarem desenhos para expressar pensamentos, assim como a curitibana Aline Haro decidiu fazer com o filho Gabriel, de 8 anos.

Ao perceber que o garoto gostava muito de pintar, a mãe começou a encorajá-lo desde cedo a criar histórias e retratá-las em imagens. “Aí, assim que aprendeu a escrever, o Gabriel começou a montar seus próprios gibis com histórias criadas por ele ou com situações que viveu”, relata a educadora, que faz questão de afastar o garoto das telas por meio de atividades como essa. “Ao escrever e desenhar, ele expressa alguns sentimentos, frustrações e ainda cria algo”, afirma.

Para completar, a psicopedagoga Michele garante que essa é uma ótima opção para que pequenos alfabetizados, ou não, aproveitem ainda melhor o tempo do isolamento social. “O desenho é importantíssimo, possibilita a representação gráfica do mundo vivido ou do imaginário, e deve ser estimulado respeitando as características do desenvolvimento de cada criança”, aconselha.

Mas a lista de atividades para estimular os filhos nesse período de pandemia é maior e, de acordo com a especialista, conta com diversas atividades lúdicas, como jogos de tabuleiro, amarelinha, bicicleta ou brincadeiras que envolvam a linguagem, com o jogo da forca e "stop", por exemplo. “Afinal, elas contribuem para o desenvolvimento infantil e também para a saúde mental”, aponta a psicopedagoga, ao apresentar uma necessidade ainda maior desses estímulos positivos agora que as crianças perderam o contato social com os amigos e passam muito tempo sem sair de casa.

Deixe sua opinião