Superproteção é traço de insegurança dos pais no exercício da parentalidade
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Toda criança precisa de amor, afeto e proteção. Isso é básico. Os pais devem cuidar dos filhos com toda a atenção, porém, não podem esquecer da importância da autonomia para que a criança cresça de forma saudável. E é preciso cuidar, porque a linha entre proteção e superproteção é bem tênue. Com isso, os adultos acabam tomando decisões para poupar os filhos do sofrimento, e esquecem que eles precisam aprender a passar pelas situações positivas e negativas.

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Para a psicóloga Érica Amanda de Oliveira, na maioria das vezes, a superproteção é um estilo de parental que comunica a dificuldade dos adultos em lidar com seus próprios limites emocionais e com as necessidades dos filhos. “Ao poupá-los das adversidades da vida, os adultos entram em contato com a impotência, com a vulnerabilidade e com a fragilidade do exercício da maternidade e da paternidade. Apesar de mães e pais acreditarem estar ajudando os filhos, a realidade é que estão evitando lidar com as crenças limitantes que acabam desenvolvendo como mãe e pai, como por exemplo, a crença de que a criança não consegue sozinha ou que é muito pequena para sofrer”, afirma a profissional.

Ela ainda conta que, por conta disso, a característica principal da superproteção é fazer pelos filhos sem conferir espaço para que tentem várias vezes até conseguir. Tornando-os, assim, dependentes do auxílio dos outros. “Essa é uma condição que fragiliza o exercício da autonomia e reduz o nível de tolerância a frustração por parte dos filhos. Nesse estilo educativo, na tentativa de evitar o sofrimento dos filhos por conta das dificuldades emocionais pessoais, a mãe, o pai, e até os avós e os tios, podem estar, sem perceberem, cultivando outros sofrimentos na vida dessas crianças e adolescentes”, revela.

Erica ainda reforça que o sofrimento é uma condição universal. Todas as pessoas em algum momento da vida vão se deparar com acontecimentos que geram essa emoção. “Nesse sentido, podemos dizer que a função do sofrer é amadurecer. Em cada fase da nossa vida passamos por situações que nos movimentam a desenvolver habilidades e competências para seguir adiante. É importante pensar também que tem sofrimentos que podemos prevenir e outros que são inevitáveis. Em síntese, o sofrimento é inerente a nossa condição humana e pode nos auxiliar no amadurecimento emociona, na relação com as pessoas, com a gente mesmo e com a vida”, conta.

Limites e sofrimento

É preciso deixar a criança crescer e amadurecer. Por isso a importância de os pais respeitarem essa individualidade, para que elas conheçam todos os lados da vida. “Os limites precisam ser estabelecidos desde quando os filhos ainda são pequenos. A felicidade só existe porque tem a tristeza. Então, é fundamental que o ser humano sinta as emoções e, principalmente, aprenda a lidar com o sofrimento, que é natural da vida”, sinaliza Ronaldo Rangel Cruz, psicólogo e coordenador do curso de Psicologia da Estácio Curitiba.

Assim, a família pode encontrar harmonia aprendendo a conciliar o cuidado e a proteção com a orientação e suporte emocional para que os filhos cresçam, amadureçam e se desenvolvam. É oferecer espaço e oportunidade para que, com apoio e suporte contínuo, essas crianças e adolescentes se sintam amparadas e seguras frente às adversidades que vierem a enfrentar.

Sinais de superproteção

Muitas vezes, os pais não conseguem enxergar que estão sendo superprotetores. Ronaldo explica que existem vários sinais no comportamento das crianças que é preciso olhar com mais atenção quando isso está acontecendo. São eles:

  • Incapacidade de tomada de decisão;
  • Insegurança;
  • Não sabe lidar com os “nãos”;
  • Dependência do outro para realizar as atividades;
  • Não aceita fazer de outro jeito;
  • Dificuldade de lidar com as frustrações,
  • Medos frequentes.

Fortalecimento de virtudes

Depois de passar por todos esses momentos complicados, a criança desenvolve traços de virtudes. Para a psicóloga Érica, é por meio desses momentos que surge o crescimento pessoal, trazendo inúmeros benefícios para a construção de um ser humano mais forte emocionalmente. São eles:

  • Crenças de superação;
  • Fortalecer a convicção pessoal sobre sua capacidade;
  • Adquirir tolerância à frustração;
  • Aprender a conhecer suas fragilidades para se proteger e prevenir-se de riscos variados;
  • Estabelecer limites claros e consistentes para si mesmo e para as pessoas em seus relacionamentos;
  • Ampliar a flexibilidade frente as demandas da vida;
  • Ter abertura para pedir ajuda quando precisar;
  • Conseguir realizar atividades simples do dia a dia;
  • Exercitar sua autonomia confiando nas escolhas que faz;
  • Aprender a se posicionar de forma segura e assertiva conforme a fase do seu desenvolvimento,
  • Dentre outros traços importantes e saudáveis.
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